Esta temporada, quando a campanha europeia do Benfica arrancou, uma coisa estava totalmente assente: era necessário esquecer a eliminação contra o PAOK, era necessário esquecer a época em que o Estádio da Luz não ouviu o hino da Liga dos Campeões e era necessário começar de novo. Tudo isso, de forma clara, foi a justificação para o abraço que Jorge Jesus deu aos jogadores assim que o apito final soou em Eindhoven. Naquele abraço, estava a eliminação, a época sem Champions e o novo começo.
“Voltámos a reviver um passado bonito que já tive no Benfica. Este jogo serve para alimentar cada vez mais a confiança, a crença da equipa e dos nossos adeptos. As grandes equipas têm de estar nos maiores patamares e o Benfica tem jogadores de grande qualidade, está a construir uma belíssima equipa. Mais importante, e como treinador olho sempre para a componente desportiva, é estarmos no melhor patamar, onde estão as melhores equipas. A parte financeira é um tema da administração do Benfica, para também ela poder associar uma vitória desportiva à financeira. Os adeptos do Benfica vão estar no nosso estádio, eles merecem, querem ver o Benfica a jogar com os melhores, foi sempre assim e assim será”, disse, nesse dia, o treinador português. Esta terça-feira, pela primeira vez, tudo isso estava já no passado.
Ficha de jogo
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Dínamo Kiev-Benfica, 0-0
Fase de grupos da Liga dos Campeões
NSC Olimpiyskiy, em Kiev (Ucrânia)
Árbitro: Anthony Taylor (Inglaterra)
Dínamo Kiev: Boyko, Kedziora, Zabarnyi, Syrota, Mykolenko, Tsygankov (Karavaev, 76′), Sydorchuk, Shaparenko, De Pena (Verbic, 76′), Buyalskiy, Shkurin (Harmash, 59′)
Suplentes não utilizados: Bushchan, Neshcheret, Shepeliev, Shabanov, Lednev, Andriyevskiy, Vitinho, Tymchyk, Supryaha
Treinador: Mircea Lucescu
Benfica: Vlachodimos, Otamendi, Vertonghen, Morato, Gilberto (Valentino Lázaro, 59′), Weigl, João Mário (Taarabt, 85′), Grimaldo, Everton (Radonjic, 59′), Rafa (Pizzi, 90′), Yaremchuk (Darwin, 59′)
Suplentes não utilizados: Helton Leite, Meïté, Seferovic, Diogo Gonçalves, Gedson Fernandes, Gonçalo Ramos, Ferro
Treinador: Jorge Jesus
Golos: nada a registar
Ação disciplinar: cartão amarelo a Rafa (21′), a Yaremchuk (44′), a Sydorchuk (52′), a Weigl (71′), a Zabarnyi (73′), a Harmash (82′)
Na Ucrânia, o Benfica voltava à fase de grupos da Liga dos Campeões e defrontava o Dínamo Kiev a olhar para Camp Nou — onde, à mesma hora e a contar para o mesmo Grupo E, o Barcelona recebia o Bayern Munique. Com cinco vitórias em cinco jornadas na Primeira Liga, na liderança isolada do Campeonato, com mais quatro pontos do que os principais rivais, os encarnados começavam a caminhada europeia no melhor momento possível e com a convicção quase inabalável de que a passagem aos oitavos de final, embora difícil, é sempre possível. Afinal, se Barcelona e Bayern eram os grandes favoritos aos dois primeiros lugares, o Benfica teria de discutir com os ucranianos não só uma eventual queda para a Liga Europa como também o eventual espaço que espanhóis ou alemães podem permitir. E essa corrida começava esta terça-feira.
“Se estivermos a olhar para o Dínamo Kiev como a equipa mais fraca do grupo… Não é verdade, em nada! Tem o treinador no ativo mais titulado do mundo, tenho respeito e uma admiração muito grande por ele! Esta equipa teve cinco titulares na seleção da Ucrânia no último Europeu. O Dínamo Kiev é tão forte como o Barcelona e como o Bayern. Se me perguntarem se penso ganhar ao Barcelona e ao Bayern, penso! E s me perguntarem se penso ganhar ao Dínamo Kiev, penso!”, atirou Jesus na antevisão, deixando notória essa ambição encarnada para uma primeira jornada em que as pontuações ainda estavam em branco.
4 jogadores do ????Benfica jogam pela 1.ª vez na Champions: Morato, Gilberto, Everton e Yaremenchuk
⚠Yaremenchuk reencontra o Dynamo Kyiv: foi formado no clube e fez 11 jogos pela equipa principal pic.twitter.com/A7nfE695XL
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Sem Lucas Veríssimo, que foi expulso na segunda mão do playoff contra o PSV e estava castigado, e sem André Almeida, ainda lesionado, o Benfica atuava naturalmente com três centrais e colocava o jovem Morato no lugar do brasileiro. Na ala direita, Gilberto era titular, com Diogo Gonçalves a começar no banco, enquanto que o ucraniano Yaremchuk era a referência ofensiva no regresso a casa, já que completou a formação e fez a estreia enquanto profissional no Dínamo Kiev. Everton e Rafa jogavam de início no ataque, com Pizzi a ser suplente, Weigl e João Mário mantinham-se enquanto dupla de eleição no meio-campo e Rodrigo Pinho, titular contra o Santa Clara, nem sequer estava no banco.
Os primeiros instantes chegaram para perceber como seria toda a primeira parte: nos três minutos iniciais, o Benfica não só teve a totalidade da posse de bola como ainda conseguiu fazer um remate, com Rafa a atirar ao lado de fora de área e depois de uma transição rápida (3′). O Dínamo Kiev mostrava-se claramente confortável com a opção de oferecer toda a iniciativa à equipa portuguesa e deixava-se ficar atrás da linha da bola, sem atrair a pressão encarnada e apostando principalmente nos passes longos e na exploração da profundidade nas costas da defesa adversária. Com bola, o Benfica progredia essencialmente através da explosão de Rafa, que rompia pelo corredor central com a posse controlada e era claramente superior a Sydorchuk, um médio lento e com pouca capacidade para parar o internacional português.
???????? 40' | ???????? Dynamo Kyiv 0-0 Benfica ????????
Rafa já progrediu mais de 100 metros com bola na primeira parte#UCL #ChampionsEleven #DynamoSLB pic.twitter.com/VfU4VI5r0E
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Ainda assim, acabou por ser o Dínamo Kiev a criar a primeira grande oportunidade de golo. Na sequência de um erro de Otamendi, que permitiu uma recuperação de bola de Buyalskyi em zona adiantada e obrigou Vertonghen a uma falta à entrada da grande área, Shaparenko converteu o livre direto de forma quase perfeita e viu Vlachodimos evitar o golo (8′). A ocasião ucraniana abriu ligeiramente a partida, com o Dínamo Kiev a respirar e a conseguir passar alguns minutos no meio-campo adversário, mas depressa o Benfica voltou a recuperar o controlo através das exibições positivas de Weigl e Rafa. O internacional português teve outras duas oportunidades, com um remate contra um adversário depois de um passe de Yaremchuk (25′) e uma tentativa de chapéu que passou por cima da trave numa jogada estudada dos encarnados (40′), e ia confirmando o enorme momento de forma que está a atravessar.
Até ao intervalo, Shkurin ainda apareceu na grande área encarnada depois de um passe longo vindo de trás mas estava demasiado sozinho para fazer estragos (29′), Everton quase abriu o marcador depois de um erro clamoroso da defesa ucraniana (34′) e tanto Yaremchuk (41′) como Mykolenko (44′), de um lado e de outro, fizeram os primeiros remates enquadrados da partida de bola corrida. No final da primeira parte, embora tivesse um domínio avassalador na posse de bola, o Benfica ainda estava empatado sem golos e demonstrava algumas dificuldades na hora de chegar a zonas de finalização. Rafa, o grande informado, era o único que conseguia romper a muralha ucraniana mas surgia, na grande maioria das vezes, demasiado desamparado para ameaçar a baliza de Boyko. Do outro lado, Shaparenko era claramente o jogador acima da média na equipa de Mircea Lucescu.
???????? INTERVALO | ???????? Dínamo Kiev 0-0 Benfica ????????
???? "Águia" dona da bola e das melhores ocasiões, mas último passe nem sempre sai
???? Ucranianos sem saber lidar com pressão benfiquista sobre o portador da bola#UCL #DynamoSLB #ChampionsEleven#ChampionsLeague pic.twitter.com/bZPNt4ZyyE— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) September 14, 2021
Na segunda parte, sem que nenhum dos treinadores tivesse feito qualquer alteração, Everton teve a primeira grande oportunidade depois do intervalo com um remate para defesa de Boyko depois de uma investida de Grimaldo na esquerda (47′). A lógica do jogo manteve-se e o Benfica tinha mais bola e maior presença no meio-campo adversário, já que o Dínamo Kiev preferia recuar e compactar as linhas para depois soltar o contra-ataque e as transições rápidas. Yaremchuk ficou muito perto de abrir o marcador num lance de enorme insistência de Rafa, que acabou por ganhar um ressalto na grande área, mas o remate do ucraniano permitiu uma defesa do guarda-redes com os pés (55′).
Nesta fase, o Benfica perdeu ímpeto e o Dínamo mostrou maior atrevimento, procurando essencialmente as saídas em velocidade e os momentos em que a defesa encarnada poderia aparecer descompensada. Confrontado com isso, Jorge Jesus fez uma tripla alteração e tirou Gilberto, Everton e Yaremchuk para lançar Valentino Lázaro, Radonjic e Darwin, com o sérvio emprestado pelo Marselha no mercado de verão a realizar a estreia pelos encarnados. Mircea Lucescu, ciente da frescura que os três jogadores iriam trazer ao jogo e a comandar um Dínamo Kiev que ainda não havia feito qualquer remate à baliza no segundo tempo, tirou a referência ofensiva Skhurin e colocou Harmash, passando a atuar com uma linha adiantada mais móvel e mais próxima do meio-campo.
???????? 59' | ???????? Dynamo Kyiv 0-0 Benfica ????????
Yaremchuk tocou apenas 15 vezes na bola até sair#UCL #ChampionsEleven #DynamoSLB pic.twitter.com/xeSUvV5xh1
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As mexidas de Jesus, contudo, não tiveram impacto imediato. Logo depois das substituições, o Benfica entrou no período de pior discernimento, sem ligação entre os setores e com muita dificuldade para chegar a zonas de finalização. Darwin, confrontado com uma defesa a jogar muito recuada, não tinha espaço para explodir e via-se obrigado a aproximar-se dos corredores para procurar a bola — deixando a zona central, inevitavelmente, muito descompensada. Lucescu voltou a mexer e tirou Tsygankov para colocar Karavaev, numa clara tentativa de fechar ainda mais a porta sem deixar de tentar a sorte com transições rápidas.
Até ao fim, o jogo não voltou a recuperar as características e o Benfica atacou principalmente com investidas individuais e arrancadas sem grandes consequências. Darwin, Lázaro e Radonjic tiveram um rendimento praticamente nulo depois de terem sido lançados e mesmo Taarabt e Pizzi, que entraram já nos últimos cinco minutos, pouco ou nada conseguiram fazer. A fase mais emocionante da partida ficou resguardada para os descontos: Shaparenko acertou na trave com um grande remate (90+1′), Vlachodimos fez duas enormes defesas no minuto seguinte e o mesmo Shaparenko acabou por colocar a bola dentro da baliza (90+3′), num golo que foi anulado pelo VAR por fora de jogo de Harmash numa fase anterior do lance.
Em poucos instantes, o Benfica poderia ter ficado sem pontos na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões por ter desligado o chip demasiado cedo e nunca ter conseguido capitalizar a superioridade que teve. Rafa, que saiu lesionado nos últimos minutos, foi um dos poucos elementos encarnados que procurou fazer diferente e fazer a diferença — e no fim, quando parecia que o golo de Shaparenko ia dar a vitória ao Dínamo Kiev, ficou sem expressão no banco de suplentes, com uma clara sensação de impotência.
???????? FINAL | ???????? Dynamo Kyiv ???? Benfica ????????
???? Domínio completo do Benfica ????
???? 2ª parte confusa e com ocasiões só no fim… ⏱️
???? Dynamo marcou nos descontos, mas foi anulado ????
???? Ratings, stats e xG em https://t.co/FxNPtrYW4U #UCL #DynamoSLB #ChampionsEleven#ChampionsLeague pic.twitter.com/W1AYgQEVUv— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) September 14, 2021