Há 24 freguesias em Portugal Continental que podem ficar sem acesso fácil a dinheiro físico caso os bancos continuem a reduzir a rede de sucursais, como têm feito nos últimos anos com o objetivo de reduzir custos. O alerta é do Banco de Portugal, num estudo publicado esta sexta-feira, que, embora saliente que não existem “extensas áreas com acesso limitado a caixas automáticos e balcões de instituições de crédito”, avisa que “uma contração adicional da rede poderá revelar-se especialmente crítica para os residentes em 24 freguesias de cinco distritos de Portugal Continental”.

Este é um estudo que analisa a cobertura bancária no País para perceber onde pode estar em risco a distribuição normal de notas e moedas, por falta de rede de caixas automáticos e sucursais. A conclusão é que “a cobertura da rede de distribuição de numerário permanecia muito ampla em 2020“, com poucas alterações nas percentagens da população com um ponto de acesso a menos de 5, 10 e 15 quilómetros de distância da freguesia de residência, em comparação com a anterior edição deste estudo anual.

O Banco de Portugal concluiu que 98% da população dispunha de um ponto de acesso a menos de cinco quilómetros de distância da freguesia de residência, 99,8% a menos de 10 quilómetros e 99,98% a menos de 15 quilómetros. São percentagens elevadas mas cujo remanescente inclui um caso em que a distância, em linha reta, entre uma freguesia e o ponto de acesso mais próximo era de 17 quilómetros.

Existem em Portugal sete municípios onde cada caixa automático servia, em média, mais de 100 quilómetros quadrados de território. No norte do País, detetou-se isso em Mogadouro e Vinhais (Bragança), no centro em Idanha-a-Nova (Castelo Branco) e no sul em MértolaOurique (ambos em Beja), Alandroal (Évora) e Alcoutim (Faro). E repete-se, face ao estudo anterior, o número de 24 freguesias “particularmente vulneráveis a uma contração adicional da rede”, entre um total de 3092 freguesias que existem em Portugal Continental.

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Estas freguesias distavam mais de 15 quilómetros de um ponto de acesso a numerário ou, distando mais de 10 quilómetros, pertenciam aos municípios acima indicados. Trata-se de freguesias dos distritos de Beja (5 freguesias), Bragança (16), Castelo Branco (1), Faro (1) e Vila Real (1)”, especifica o supervisor financeiro.

O Banco de Portugal conclui que “apesar de a cobertura de caixas automáticos e balcões continuar a ser ampla, e porque o numerário continua a ter um papel muito relevante em Portugal, o Banco de Portugal considera que é importante iniciar uma reflexão a médio prazo sobre os mecanismos destinados a mitigar adversidades decorrentes de uma eventual contração da rede e sobre o posicionamento dos stakeholders perante futuras falhas de mercado”.

O supervisor garante que “continuará a monitorizar a evolução da rede e, juntamente com outras partes envolvidas, tomará medidas para fazer face aos desafios já identificados, de modo a preservar a liberdade de escolha entre instrumentos de pagamento e a inclusão financeira”.