Quantas pessoas compreendem toda a informação que leem num site ou num anúncio de produtos financeiros? A questão retórica ilustra um cenário muito comum no dia a dia de muitos clientes de serviços bancários quando, na generalidade dos casos, são confrontados com uma linguagem encriptada. É preciso mudar a forma como a informação é disponibilizada, tornando-a facilmente compreensível, com recurso a exemplos práticos que permitam melhorar a perceção de risco e de ganho por parte dos clientes.

O desenvolvimento de uma cultura de risco, em termos de investimento, exige uma aposta forte na promoção da literacia financeira, na sociedade em geral, através de um conjunto de boas práticas que devem começar logo nos primeiros anos de escola. Os hábitos de poupança observam-se na redução dos consumos básicos de eletricidade e água, trabalhando a responsabilidade individual de todos e das crianças, em particular.

O conhecimento de algumas ferramentas e conceitos básicos, como a dinâmica dos mercados ou a emissão de moedas, pode ajudar na compreensão dos mecanismos de poupança e investimento que são disponibilizados pelos bancos. Depois há a lógica do mercado bolsista, essencial para perceber em que consistem as ações e de que modo o seu valor é afetado.

Não se trata de dominar todos os conceitos ao nível de um especialista, mas de adquirir uma visão integrada sobre um conjunto alargado de temas que devem ser abordados de forma pedagógica. Todos os conteúdos sobre os produtos de investimento devem ser claros para permitir o acompanhamento dos clientes com transparência, de modo a que consigam implementar o seu plano financeiro em linha com os seus objetivos.

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Embora pareçam temas muito complexos, há muitas dicas e truques para criar um plano financeiro que lhe permita encarar o futuro com tranquilidade. É importante começar a poupar ainda na juventude porque quanto mais cedo começar, mais fácil se torna a incorporação do hábito na sua rotina. E, para além disso, mais dinheiro poderá ganhar com a acumulação do valor dos juros, num efeito bola de neve que será notado ao fim de alguns anos, dependendo do tipo de instrumento financeiro que escolher.

4 questões sobre literacia financeira, poupança e investimento

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Conversámos com Pedro Brinca, especialista em Macroeconomia e, atualmente, Professor Auxiliar com Agregação na Nova School of Business and Economics da Universidade Nova de Lisboa (NovaSBE). Participa ativamente em vários projetos de consultoria e investigação em diversas universidades em Portugal, na Noruega e na Escócia, e também leciona conteúdos de Economia para Gestores no âmbito da Formação de Executivos da Nova SBE.

1.     Como melhorar a literacia financeira dos portugueses?

Uma medida essencial seria pô-la como parte do ensino obrigatório. Já estamos muito longe do tempo em que bastava a quarta classe e saber ler e escrever para ter um conjunto de ferramentas básicas que nos permitiam navegar na experiência do dia a dia. Hoje é preciso um cartão de crédito para tudo – desde alugar um carro, a uma compra pela internet. Hoje, os instrumentos financeiros, sejam de crédito ou de poupança, são muito mais complexos e diversificados. Mas ainda vivemos num país em que é possível acabar o ensino secundário sem saber o que é uma taxa de juro ou uma hipoteca. Por isso esta tem de ser uma via.

A outra é tornar tudo mais simples. Para a boa maioria dos portugueses, três categorias de aplicação e poupança serão suficientes: instrumentos protegidos pelo fundo de garantia; instrumentos cujo capital é garantido pela entidade que o vende; e instrumentos sem garantia de capital.

2.     Que medidas podem ser tomadas para incentivar a poupança?

O principal instrumento de incentivo à poupança – a taxa de juro – não é propriamente uma variável de política passível de ser influenciada pelo estado português. Ao mesmo tempo, o aumento da precariedade laboral dos jovens tem-nos impedido de poupar da forma que poupam a maior parte dos portugueses: em habitação. Uma vez que maior rigidez laboral também não é sustentável com o caminho de crescimento que o país tem de fazer até à tão desejada convergência económica com os países mais ricos da Europa. Resta-nos assegurar que os mercados de trabalho sejam muito dinâmicos e eficientes, de forma a manter o desemprego friccional muito baixo, ao mesmo tempo que se criam mecanismos de segurança social que não façam da precariedade laboral um obstáculo à aquisição de casa pelos jovens.

3.     Quais as áreas da atividade económica com maior potencial de crescimento e rendibilidade, no médio/longo prazo, nas quais aconselharia investir?

Parece-me que em primeiro lugar todas as áreas relacionadas com saúde terão condições para prosperar no curto e médio prazo. O aumento da procura destes cuidados levado pela pandemia dificilmente é acompanhado por uma resposta equivalente em termos de oferta, pelo que se prevê uma rendibilidade acima da média.

Isto apenas acentua uma tendência anterior sustentada pelo envelhecimento populacional. Em segundo, a aceleração da digitalização também trazida pela pandemia leva necessariamente a que negócios e empregos assentes em tecnologia e em particular na monetização de big data tenham também perspetivas muito fortes, quer em termos de crescimento, quer em termos de rendibilidade.

4.     Qual é o melhor conselho de poupança que podemos dar aos filhos, a um familiar ou amigo?

Hoje vejo muitas pessoas entusiasmadas com bitcoins e outras moedas digitais. Vejo muitas pessoas entusiasmadas com fundos cuja composição é muito opaca. Índices em que é difícil perceber quais os ativos que sustentam o valor dos mesmos, mas cuja boa performance passada captura a atenção de mais investidores e sustentam performance futura. Até ao dia em que não. Há mais de três milhões de índices bolsistas em todo o mundo, mas apenas 52 000 empresas cotadas. O conselho que dou em termos de aplicação de poupança é o mesmo que me foi ensinado na faculdade.

Para quem não se dedica a fazer análise técnica – perceber a tecnologia de um determinado setor para conseguir antecipar a valorização de uma empresa ou produto – deve ter a poupança aplicada em duas categorias de produtos. O primeiro, ativos sem risco ou de risco quase nulo. Tipicamente, obrigações de dívida soberana ou fundos associados. O segundo, um fundo cuja constituição reflita o peso dos diferentes setores da economia. A percentagem do total afeta a cada categoria é definida pelo perfil de risco do aforrador – idade, necessidades de liquidez, aversão ao risco, etc.

A lógica é simples. Ao longo do tempo as economias crescem. Uns setores mais do que outros, mas é das regularidades empíricas mais robustas em economia: as economias crescem. Um fundo ou índice de ações que reflita o peso dos diferentes setores da economia terá essa propriedade – uma tendência de retorno inexorável, que, historicamente, nos EUA, por exemplo, é de cerca de 8% de retorno real anual médio sobre os ativos sem risco, nos últimos cerca de 100 anos. Ter uma parte em ativos de baixo risco ou nulo é uma forma de proteção contra as flutuações de curto/médio prazo do investimento em ações.

O Banco Santander oferece uma vasta gama de produtos financeiros que endereçam o tema da poupança dos clientes, de acordo com as necessidades. A oferta comercial do banco inclui vários produtos que se destinam a promover a poupança com flexibilidade ao longo da vida. Neste campo, o Santander disponibiliza a gama de PPR (Plano Poupança Reforma) e de FPR (Fundo Poupança Reforma), além de uma oferta estruturada de fundos de pensões, especialmente orientada para clientes empresariais.

Os planos e fundos de poupança reforma permitem uma gestão flexível ao longo das diferentes fases e podem ser utilizados no financiamento de outras despesas, como as de educação ou a amortização de crédito à habitação. Para calcular estimativas de reforma, o Santander tem um simulador aqui.

Em termos de fundos de investimento, o Santander permite a aplicação das suas poupanças em fundos mistos, de obrigações e de ações e também sob a forma de seguros financeiros, orientados para o perfil de risco do cliente. Seja para poupar ou para investir, o Banco Santander disponibiliza um conjunto de soluções e instrumentos para o ajudar na gestão do património, sempre apoiado por um serviço de acompanhamento especializado.

A Regra dos 15%

Um plano financeiro não se destina apenas a quem tem uma fortuna ou muito dinheiro para investir. Qualquer pessoa pode aprender a gerir o rendimento, dependendo da sua disponibilidade, mesmo que seja reduzida. O plano deve incluir todos os detalhes sobre ganhos e despesas, créditos, poupança, investimentos, seguros e eventuais dívidas, de modo a obter uma panorâmica da situação financeira.

Uma das fórmulas de poupança mais comum é a regra dos 15%, que ajuda a calcular um valor para aplicar em poupança ou investimento. Caso a percentagem de 15% do rendimento mensal seja incomportável, então talvez possa aceitar o desafio de 1%. Neste caso, vai adicionar apenas 1% ao valor que conseguir economizar mensalmente. Traduzindo em valores, podemos considerar valores baixos na ordem dos 10 a 25 euros em entregas programadas, por exemplo, num produto de poupança. Pode parecer pouco, mas se for feito ao longo de vários anos o resultado final pode ser surpreendente.

Depois de decidir quanto deseja investir no seu plano de poupança mensal, automatize as transferências para garantir que aquele valor é sempre enviado para a conta poupança. O valor deve ser ajustado em função das oscilações que ocorram no seu rendimento mensal, portanto, a fórmula das percentagens, sejam 15% do total ou 1% ao mês, do que sobrar, é sempre a mais equilibrada.

Planear para gerir

Conceber um plano para gerir melhor as finanças pessoais requer algum tempo, mas vale a pena. Quais são as etapas a seguir?

1. Estabeleça objetivos pessoais

A primeira etapa é a mais difícil porque implica responder a questões do tipo “Como quero estar daqui a cinco anos? E no prazo de 10 e 25 anos? Fundamentalmente, exige que tenhamos em consideração aquilo que mais valorizamos na vida. Uma das formas de responder a este tipo de questões existenciais é conduzir o pensamento em direção ao futuro e pensar sobre o estilo de vida que queremos viver no futuro, as nossas ambições e objetivos. A compra de uma casa, a ideia de um negócio próprio ou as despesas com os filhos na universidade, são parcelas a incluir no plano, sem prejuízo de garantir uma almofada financeira confortável para usufruir quando se reformar.

2. Priorize os objetivos

Depois de nivelar as expectativas quanto ao percurso de vida que gostaria de construir nos próximos 25 ou 30 anos, é essencial priorizar as suas metas de poupança por etapas, de acordo com o plano. Algumas prioridades podem sobrepôr-se, como no caso da poupança para a reforma e para uma viagem de sonho. Se não tem certezas sobre a melhor forma de economizar para a reforma, faça uma projeção com os valores de rendimento que tem atualmente. Pode usar o valor bruto anual e retirar uma percentagem que considere razoável. À medida que os ganhos aumentam ao longo da sua carreira, também pode aumentar a contribuição para o plano de poupança. Com o aumento da esperança média de vida, muitas pessoas podem viver dependentes da reforma durante 35 anos ou mais, por isso é importante assegurar que vai ter o dinheiro suficiente para viver confortavelmente no futuro.

3. Defina um orçamento

Depois de analisar o cenário atual e ter uma ideia do que projeta no futuro, é tempo de fazer um orçamento baseado em todas as receitas e despesas, para avaliar a necessidade dos custos fixos. Para criar um orçamento, registe todas as receitas e despesas durante um mês. Agrupe todas as despesas em custos fixos e variáveis. Os custos fixos são invariáveis, como a renda de casa, do carro, as contas de luz, gás, TV e internet, além dos seguros que tenha contratado. Os custos variáveis ​​são os que incluem o dinheiro gasto em compras diversas, consumos em restaurantes, combustíveis e outras despesas pontuais como ir ao cabeleireiro ou ao dentista.

Avalie as despesas variáveis ​​e identifique as áreas em que pode reduzir. Pode usar a regra 50/30/20, repartindo 50% do rendimento para os custos fixos, 30% para custos variáveis ​​e 20% para fundos de poupança. Reveja o orçamento mensalmente e faça ajustes sempre que julgar necessário. É provável que haja flutuações na quantia que pode economizar a cada mês. E não desanime quando se desviar dos objetivos orçamentados ou quando não conseguir poupar num determinado mês. Recupere no salário seguinte e aceite que os altos e baixos fazem parte do processo.

10 regras para poupar

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  1. Comece a poupar, tão cedo quanto possível
  2. Crie um fundo de emergência, além da poupança para investimento
  3. Encare a poupança como um encargo regular e sistemático
  4. Tenha a inflação como referência mínima de rendimento
  5. Antes de investir, pague todas as dívidas que existam
  6. Evite produtos estranhos ou de credibilidade duvidosa, que prometem ganhos irrealistas
  7. Diversifique por vários produtos
  8. Arrisque apenas o capital que não lhe seja necessário num prazo de 5 anos
  9. Invista em fundos complexos e ações apenas em prazos acima de 5 anos
  10. Faça escolhas de acordo com o seu perfil de investidor

Investir em fundos complexos

Existe uma grande variedade de fundos de investimento: os que são constituídos por ações de empresas, nacionais e estrangeiras; e os fundos de obrigações que representam títulos de dívida emitidos por empresas ou pelos governos dos países. Também há instrumentos de mercado monetário que representam investimentos de curto prazo em depósitos e títulos de investimento, além dos fundos multiativos, conhecidos como fundos mistos, que representam o investimento em instrumentos diversos, em função dos prazos, objetivos e perfil do investidor.

O Santander lançou o Santander Future Wealth, que vem complementar a oferta disponível com uma abordagem global que aposta nas novas tendências.

As alterações dos padrões demográficos e do comportamento dos consumidores traduzem-se na análise e seleção de oportunidades a incluir na carteira de investimentos.  À medida que a população continua a envelhecer, vai ser necessário mais investimento em infraestruturas de saúde e equipamentos, o que pode representar mais uma oportunidade para aplicar dinheiro de forma rentável.

Por fim, para acompanhar as dinâmicas do mercado, o Santander disponibiliza a plataforma eBroker, uma ferramenta digital de negociação de instrumentos financeiros do Santander, através do NetBanco ou da App Santander Particulares. O balcão virtual Santander Próximo é outra das vias de contacto que garante o atendimento personalizado à distância, com um gestor disponível para apoiar os clientes por telefone, email ou videochamada.

Seja para tratar de um processo de crédito, contratar um novo produto de poupança ou identificar oportunidades de gestão de património, o Santander Próximo permite total comodidade com um serviço completo e horário alargado, onde quer que o cliente esteja, evitando deslocações ao banco. As soluções flexíveis e globais do Santander garantem o aconselhamento personalizado sobre a melhor forma de poupar e investir. Com a 4ª Revolução Industrial em andamento, chegou a hora de explorar oportunidades na área das tecnologias digitais, sendo esta uma das áreas com maior potencial de ganhos, em termos de fundos de investimento.

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