Havia registos importantes em termos coletivos, como a chegada do Sporting às meias-finais da Taça de Portugal três anos depois (numa edição em que derrotou o FC Porto no Jamor após grandes penalidades) ou a quebra da série de três encontros consecutivos sempre a sofrer golos que tinha igualado a pior série na era Rúben Amorim. Havia também registos importantes no plano individual, como o primeiro bis em toda a carreira de Bruno Tabata ou o oitavo golo de Nuno Santos que, em janeiro, já igualou o melhor registo numa só temporada. No entanto, e no final da goleada frente ao Leça em Paços de Ferreira, Rúben Amorim, de regresso ao banco após recuperar da Covid-19, resumiu tudo a um jogo e uma palavra: agressividade.

O carrinho de Esgaio foi o teste que tirou uma equipa do confinamento (a crónica do Leça-Sporting)

Na primeira intervenção pública após sair do isolamento (ainda foi o adjunto Carlos Fernandes a fazer a conferência de antevisão), o técnico principal explicou como foi mais complicado ver em casa a exibição nos Açores diante do Santa Clara que valeu a primeira derrota da temporada no plano interno, identificou as diferenças pedidas e cumpridas pela equipa e saiu ainda numa defesa aberta a Ricardo Esgaio, alvo de todas as críticas após o desaire em Ponta Delgada. E tudo sempre na base da identidade da equipa.

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“Em relação ao último jogo, obviamente que gostava de lá estar para dar a cara, até nisso tenho tido azar e sorte porque na altura em que tivemos mais derrotas foi o Emanuel [Ferro] quem deu a cara porque eu ainda não tinha curso. É muito mais difícil para um treinador estar em casa e ver a sua equipa a jogar, muito mais do que estar em casa e sem sintomas de Covid-19. O que lhes tinha a dizer, disse hoje e foi por isso que veio o plantel todo. Elevámos muito a fasquia e não fomos a equipa que normalmente somos no jogo. Vamos melhorar, jogo a jogo. Hoje fomos mais intensos, muito sérios e comprometidos. Marcámos cedo e penso que foi um resultado justo”, referiu na flash interview da CNN Portugal.

“Eles sentiram, eles também sentiram… Foi muito claro e notório o que nos faltou no último fim de semana [sexta-feira] que foi agressividade, eles já fizeram jogos bem piores tecnicamente mas nos pormenores, no rigor, nos golos… Acho que eles olharam para isso e diria que sim, aumentámos novamente os níveis de intensidade, de agressividade e nota-se muito na nossa equipa. É normal que os adeptos fique algo desiludidos quando não veem isso na equipa porque é uma marca muito importante em nós”, completou depois na zona de entrevistas rápidas da SportTV, antes de abordar também o jogo de Esgaio.

“O Esgaio não tem de provar nada de ninguém, o futebol é mesmo assim. Dentro do que é o negativo que existe numa derrota e numa equipa que não está habituada a perder foi bom para perceberem aquilo que nós falamos todos os dias: que basta uma derrota, que o futebol é muito instável, que muda tudo de um momento para o outro. O que não muda é a forma como olhamos e como eu olho para o Esgaio, que é um grande jogador de futebol. É a minha opinião e é a opinião que vale mais porque sou eu a pessoa que o mete a jogar. Se há um jogador que levava para qualquer sítio em qualquer momento era sempre o Esgaio e ele sabe disso. Obviamente que ele sabe que tem de sofrer, são as consequências do futebol e das redes sociais, se não querem sofrer isso não as tenham, é um pouco o pensamento…”, comentou.

“Voltando à equipa, aumentámos a intensidade, fomos mais equipa do que costumamos ser e o Esgaio é um grande jogador de futebol. O Porro não se sentiu bem, não se sentiu preparado, nesta fase em que estava a recuperar de lesão morreu-lhe um familiar muito próximo, fez a viagem a Espanha, há sempre todo o stress, sentiu muito… Faz parte da vida de um futebolista, terá tempo para recuperar e foi melhor assim porque não agravou e temos jogadores que o podem substituir”, concluiu Rúben Amorim, que explicou assim a ausência no encontro do lateral espanhol depois de se ter ressentido no aquecimento.