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O carrinho de Esgaio foi o teste que tirou uma equipa do confinamento (a crónica do Leça-Sporting)

Este artigo tem mais de 2 anos

Tabata marcou dois golos, Ugarte mostrou-se uma máquina mas foi um lance aos 18' com o lateral titular à última hora (e a sair ovacionado de pé) que definiu a goleada frente aos heróis da Taça (0-4).

Bruno Tabata marcou marcou dois golos e fez a assistência para o golo de Matheus Nunes num jogo de redenção para Ricardo Esgaio
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Bruno Tabata marcou marcou dois golos e fez a assistência para o golo de Matheus Nunes num jogo de redenção para Ricardo Esgaio

Miguel Pereira

Bruno Tabata marcou marcou dois golos e fez a assistência para o golo de Matheus Nunes num jogo de redenção para Ricardo Esgaio

Miguel Pereira

Não levantou nenhuma crise, não ativou nenhuma alarme de crise mas deixou pelo menos o aviso de alerta. A derrota do Sporting nos Açores frente ao Santa Clara para o Campeonato, a primeira a nível nacional esta temporada e apenas a segunda olhando para os últimos 51 da Primeira Liga, teve impacto no balneário verde e branco e levou Rúben Amorim a adotar uma postura mais dura na preparação de um encontro com o Leça que funcionava sobretudo como reação ao desaire com os açorianos. A equipa não deixou de manifestar a sua conduta coletiva com o alvo de quase todas as críticas no plano individual (o defesa/lateral Ricardo Esgaio) mas assumiu em paralelo o jogo pouco conseguido. Das palavras aos atos, era na partida da Taça de Portugal, realizada em Paços de Ferreira e não em Matosinhos, que entroncava essa resposta.

Leça-Sporting. Tabata desvia de cabeça ao lado (0-2, 66′)

Os leões igualaram a maior série a sofrer golos desde que Rúben Amorim assumiu o comando da equipa, em março de 2020, consentido seis golos em três partidas com Casa Pia, Portimonense e Santa Clara. Mas esse foi sobretudo um reflexo do que a equipa deixou de fazer e não tanto do que os defesas permitiram que se fizesse. Sem agressividade e sem intensidade, a equipa do Sporting fica descaracterizada. Os seus setores não estão ligados, o ataque deixa de ter tantas unidades com possibilidade de finalização, a defesa não conta com tanta ajuda em situações de transição, o meio-campo perde os meios para evitar que o encontro fique partido. Essa forma de estar em campo tornou-se o ADN da equipa e o catalisador do sucesso coletivo em tão pouco tempo. Quando deixar de estar presente, como aconteceu, tudo se esfuma.

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Ao contrário das expetativas iniciais, o facto de não ter apresentado sintomas durante o período em que cumpriu isolamento após ter testado positivo à Covid-19 permitiu que o técnico recuperasse a tempo de ir de novo para o banco de suplentes da equipa, fazendo a estreia no ano civil de 2022 depois de não ter viajado para os Açores na 17.ª jornada do Campeonato. E não era o único regresso, tendo em conta a alta também de Gonçalo Inácio e as melhores condições de Tabata, Ugarte (que contraíram o novo coronavírus) e Feddal, que à semelhança do uruguaio foi suplente não utilizado. A equipa apresentava-se quase na máxima força – não contando somente com o lesionado Jovane e o castigado Daniel Bragança – e, mesmo entre as alterações na equipa inicial tendo em vista a deslocação a Vizela, sabia o que tinha a fazer.

“A mensagem é que a exigência de jogar no Sporting é diária e por jogo dura 90 minutos. Vivemos de intensidade e quando não a temos durante 90 minutos, as equipas aproveitam. Temos de melhorar isso. Temos de ter foco e concentração durante 90 minutos. Tivemos crença mas por momentos a concentração não esteve no máximo. A exigência no Sporting é muito alta, não é por ganhar um jogo que está tudo bem nem vice-versa. Não houve excesso de confiança de ninguém, foi um jogo que correu menos bem e estamos focados no que podemos melhorar já frente ao Leça”, assumira o adjunto leonino, Carlos Fernandes, falando ainda de um adversário que, apesar de jogar no seu estádio, tinha eliminado duas equipas da Primeira Liga (Arouca e Gil Vicente), liderava a sua série do Campeonato de Portugal e tinha vários jogadores que, não estando agora no patamar mais alto, fizeram a sua formação nas melhores escolas.

Um lance aos 18′, perto da linha lateral onde estava o banco do Sporting, resumiu em grande parte o que se passou ao longo de 90 minutos: 1) a forma como Ricardo Esgaio, que substituiu à última hora Pedro Porro depois de o espanhol se ressentir do problema muscular que o afastou dos últimos jogos, se entregou de carrinho à disputa de bola para não permitir que Miguel Lopes ficasse em boa posição foi o espelho da intensidade pedida aos jogadores; 2) a maneira como os suplentes, os elementos de campo e o próprio Rúben Amorim “festejaram” esse corte, quase como acontece no futebol, mostrou a união que existe na equipa; 3) a perceção que os muitos novos titulares tiveram da necessidade de fazer uma afirmação após a derrota nos Açores fez o resto. Os condimentos que fizeram o sucesso do Sporting estavam de volta.

Dentro de uma clara superioridade coletiva e individual, destacou-se Bruno Tabata: foi o melhor na derrota em Amesterdão para a Champions em dezembro, acabou expulso em dois jogos seguidos na Taça da Liga e na Taça de Portugal, contraiu Covid-19 quando não poderia defrontar o Portimonense, continuou a ser aposta de Rúben Amorim mesmo não entrando nos Açores para a sua habitual posição (foi fazer todo o corredor direito), voltou à titularidade e fez dois golos e uma assistência. Em sentidos distintos, teve o seu confinamento mas nunca deixou de contar para as opções – e é assim que o técnico “ganha” os jogadores. E o mesmo se aplica a Ugarte, que demorou a aparecer mas, quando chegou, foi para dizer que vai ficar. E a Ricardo Esgaio, que depois do jogo de terror nos Açores saiu ovacionado de pé em Paços de Ferreira.

Ficha de jogo

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Leça-Sporting, 0-4

Quartos-de-final da Taça de Portugal

Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Leça: Gustavo Galil; Joel Mateus, Materazi, Rui Bruno, Álvaro Milhazes; Henrique, Luís Neves (Paulo Lopes, 83′), Diogo Ramalho (Diogo Rosado, 46′); Nani (Aboubacar Katty, 73′), Miguel Lopes (Gustavo Teixeira, 83′) e Nuno Barbosa (Jorge Monteiro, 73′)

Suplentes não utilizados: Pinho, Max e Jorge Monteiro

Treinador: Luís Pinto

Sporting: João Virgínia; Luís Neto, Gonçalo Inácio, Feddal; Ricardo Esgaio (Gonçalo Esteves, 83′), Ugarte, Matheus Nunes (Paulinho, 83′), Rúben Vinagre; Bruno Tabata, Nuno Santos e Tiago Tomás

Suplentes não utilizados: Adán, Coates, João Palhinha, Sarabia e Pedro Gonçalves

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Bruno Tabata (12′ e 80′), Matheus Nunes (31′) e Nuno Santos (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Luís Neves (60′), Nuno Santos (62′), Feddal (64′), Bruno Tabata (73′) e Luís Neto (75′)

Os leceiros, com muito apoio das bancadas com pelo menos sete autocarros que saíram de Matosinhos fora quem optou pelas próprias viaturas, conseguiram ter uma entrada positiva, com pontos até semelhantes ao que fizera o Casa Pia na ronda anterior mas sem a capacidade de explorar melhorar aqueles espaços nas costas dos laterais para a partir daí criar oportunidades, mas o Sporting agarrou de forma rápida no jogo, montou o cerco à área dos visitados, “acampou” no meio-campo contrário com uma reação forte à perda da bola e foi eficaz na primeira tentativa que fez à baliza de Gustavo Galil, inaugurando o marcador num grande trabalho individual de Bruno Tabata após passe de Ricardo Esgaio na direita (12′). Aquilo que costuma ser o mais complicado estava feito mas nem por isso ficaria tudo resumido a facilidades.

Por um lado, o Sporting não conseguiu manter a mesma zona de pressão alta que asfixiava por completo a zona de construção contrária; por outro, o Leça foi começando a acreditar que era possível ir subindo mais uns metros. Mais uns metros. E mais uns metros. A boa atitude competitiva dos leões fez com que Miguel Lopes tivesse o único remate e sem perigo para a baliza de João Virgínia mas a circulação de bola até ao ataque verde e branco também não estava a sair com tanta fluência, registando-se apenas dois remates sem grande perigo de Ugarte (24′) e Nuno Santos (28′). No entanto, foi também essa atitude que manteve à tona a gigante e natural diferença coletiva e individual entre os dois conjuntos com resultados práticos.

Num lance que começou com uma grande recuperação de Ugarte, que mesmo de joelhos e quase a cair foi controlando a bola até rodar e deixar para trás o adversário direto, Bruno Tabata foi ao espaço entre linhas receber e fazer um passe que desequilibrou a defesa dos visitados para Matheus Nunes puxar na área para o pé esquerdo e rematar sem hipóteses para o 2-0 (31′). Se o encontro e a eliminatória já estavam a ficar bem encaminhados, o segundo golo veio aumentar ainda mais o fosso entre as equipas, dando um novo alento aos leões para pressionarem ainda antes do intervalos com outras aproximações com perigo mas sem golo também por mérito de Galil, que fez uma grande defesa a remate de Bruno Tabata (43′).

O segundo tempo trouxe ao jogo Diogo Rosado, médio do Leça formado nos leões que tem como um dos pontos altos da carreira um grande golo marcado em Alvalade nos descontos que valeu um Campeonato de juniores frente ao FC Porto, mas não foi pela técnica do esquerdino que o equilíbrio surgiu mas por um certo abaixamento de ritmo do conjunto verde e branco, que dava algumas acelerações no encontro mais quando se sentia “incomodado” do que propriamente por necessidade. Foi assim que, logo no minuto a seguir ao primeiro remate enquadrado dos visitados por Miguel Lopes, Nuno Santos desviou ao segundo poste já em desequilíbrio um bom cruzamento de Ricardo Esgaio que podia ter valido o 3-0 (52′).

A história parecia escrita, com um ou dois lances em que a defesa verde e branca facilitou na abordagem e ainda permitiu ao conjunto de Leça da Palmeira sonhar com o golo de honra (e vários cartões amarelos de rajada em pouco mais de 15 minutos), mas um cabeceamento de Feddal após canto que ainda bateu na trave por desvio de Joel Mateus em cima da linha (75′) acabou por funcionar como despertador para um último forcing dos leões, que acabaram de vez com o encontro em mais uma grande jogada coletiva iniciada com um passe a rasgar para o flanco direito de Matheus Nunes, uma arrancada a todo o vapor de Ricardo Esgaio com cruzamento atrasado e um penálti em andamento de Bruno Tabata para o 3-0 (80′), num lance muito festejado com o lateral antes de Nuno Santos fechar as contas nos descontos (90+1′).

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