O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, admitiu esta terça-feira a possibilidade de uma próxima visita à Turquia do seu homólogo israelita, Isaac Herzog, indicativa da melhoria das relações bilaterais, tensas desde o ataque israelita ao navio Mavi Mármara em 2010.

Em paralelo, o líder turco admitiu que os dois países poderão cooperar num projeto de gasoduto no Mediterrâneo oriental, uma zona que nos últimos anos tem registado grande tensão em torno do controlo das águas territoriais e dos direitos de prospeção de jazidas de hidrocarbonetos, opondo em particular a Turquia à Grécia e República de Chipre.

“Temos mantido conversações com Herzog, talvez possa visitar a Turquia. O primeiro-ministro [Naflati] Bennett também tem uma abordagem positiva neste ponto”, disse Erdogan em conferência de imprensa em Ancara com o seu homólogo sérvio, Aleksander Vucic, transmitida em direto pela cadeia televisiva NTV.

Apesar de a Turquia ser apontada como um histórico aliado de Israel, a última visita de um chefe de Estado israelita à Turquia decorreu em 2007, e após o ataque israelita ao navio Mavi Mármara, em águas internacionais junto à Faixa de Gaza, na qual foram mortos dez ativistas turcos, os dois países iniciaram uma fase de tensas relações.

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Após anos de negociações, os respetivos embaixadores regressaram aos seus postos em 2016, mas dois anos depois, na sequência dos protestos e tumultos motivados pelo reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital israelita, a Turquia voltou a expulsar o representante do Estado judaico.

Apesar da ausência de representação diplomática, as relações comerciais entre os dois países continuaram a reforçar-se.

Nos últimos meses, a diplomacia turca tem ensaiado uma aproximação a vários países da região com que manteve graves contenciosos, casos do Egito e da Arménia.

A aproximação a Israel insere-se na redução das tensões no Mediterrâneo oriental, onde a Grécia, Chipre, Israel e o Egito se têm mantido unidos face às pretensões turcas sobre a prospeção das reservas de gás natural.

Neste contexto, e na sequência da retirada do apoio norte-americano ao projeto de um gasoduto entre Israel e a Grécia, Erdogan considerou que essa decisão permite uma aproximação entre a Turquia e Israel para a eventual construção de um gasoduto através de território turco.