Os primeiros voos de transporte de ajuda humanitária começaram esta quinta-feira a chegar a Tonga, após a pista principal do aeroporto do Pacífico ter sido limpa das cinzas deixadas por uma enorme erupção vulcânica.

A Nova Zelândia e a Austrália enviaram aviões militares de transporte que transportavam contentores de água, kits para abrigos temporários, geradores, material de higiene e equipamento de comunicações.

A mercadoria foi entregue sem que o pessoal militar entrasse em contacto com as pessoas no aeroporto de Tonga. Isto porque Tonga está desesperada para garantir que os estrangeiros não tragam o novo coronavírus, já que o território não teve qualquer surto de Covid-19 e reportou apenas um único caso desde que a pandemia começou.

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A Austrália disse que a assistência iria ajudar o Governo de Tonga a satisfazer as necessidades da comunidade e apoiar os esforços imediatos de limpeza.

O Japão também disse que enviaria ajuda de emergência, incluindo água potável e equipamento para a limpeza das cinzas vulcânicas. Dois aviões C-130 Hercules e um navio de transporte com dois helicópteros CH-47 Chinook devem partir esta quinta-feira, disse o Ministério da Defesa.

Responsáveis humanitários da ONU afirmaram que cerca de 84.000 pessoas – mais de 80% da população de Tonga – foram afetadas pela erupção do vulcão, com o porta-voz, Stéphane Dujarric, a falar em três mortes, feridos, perda de casas e água poluída.

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As comunicações com Tonga continuam limitadas após a erupção de sábado e o tsunami parece ter quebrado o único cabo de fibra ótica que liga Tonga ao resto do mundo. Isto significa que a maioria das pessoas não conseguiu utilizar a Internet ou fazer chamadas telefónicas para o estrangeiro, embora algumas redes telefónicas locais ainda estejam a funcionar.

Uma companhia telefónica, Digicel, anunciou esta quinta-feira que tinha conseguido restaurar a capacidade de fazer chamadas internacionais a partir de alguns lugares, utilizando uma ligação via satélite, mas que as pessoas precisariam de ser pacientes devido à elevada procura.

Um navio patrulha da marinha da Nova Zelândia também deverá chegar esta quinta-feira, mais tarde. Transporta equipamento hidrográfico e mergulhadores, e tem também um helicóptero para ajudar na entrega de mantimentos.

As autoridades disseram que a primeira tarefa do navio seria verificar os canais de navegação e a integridade estrutural do cais na capital, Nukualofa, após a erupção e o tsunami.

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Outro navio da marinha neozelandesa com 250 mil litros de água está a caminho. O navio pode também produzir dezenas de milhares de litros de água doce por dia, utilizando uma técnica de dessalinização.

Três das ilhas mais pequenas de Tonga sofreram graves danos devido às ondas do tsunami, disseram as autoridades e a Cruz Vermelha.

A ONU indicou que “todas as casas foram aparentemente destruídas na ilha de Manga e apenas duas casas permanecem na ilha de Fonoifua, com danos extensos reportados em Nomuka”.

De acordo com os números do censo de Tongan, Manga alberga 36 pessoas, Fonoifua 69 e Nomuka 239. A maioria da população vive na ilha principal de Tongatapu, onde cerca de 50 casas foram destruídas.

Dujarric disse que as necessidades humanitárias mais urgentes são água potável e alimentos, que as principais prioridades são o restabelecimento dos serviços de comunicação, incluindo chamadas internacionais e a internet.