“Nunca vimos uma coisa assim.” Foi desta maneira que um dos inspetores de Buenos Aires que está a investigar o caso classificou ao jornal argentino La Nacion a situação que a sua equipa tem em mãos: a morte de pelo menos 16 pessoas por terem consumido cocaína adulterada, com as autoridades a temerem que o número aumente nas próximas horas.

Fontes da polícia da capital argentina dizem mesmo que o número de mortes já pode ser superior, mas que as vítimas não tenham sido contabilizadas por não se terem dirigido ao hospital. Para além das 16 mortes, há ainda 50 pessoas internadas neste momento.

O responsável pela Segurança do governo regional de Buenos Aires, Sergio Berni, deixou um alerta: “Temos de avisar os que compraram droga nas últimas 24 horas. Devem deitar fora o que compraram”, avisou em conferência de imprensa, citado pelo jornal Página 12.

Em causa está cocaína que foi ‘cortada’ com uma substância tóxica. “Cada dealer que compra cocaína mistura-a com alguma coisa. Alguns fazem-no com substâncias não tóxicas, como amido. Outros com alucinogénios. Quando não há nenhum tipo de controlo, acontecem coisas destas”, explicou Berni.

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Segundo fontes da investigação revelaram ao La Nacion, todas pessoas que morreram tinham comprado a droga no mesmo local, conhecido como “Porta 8”, no bairro Tres de Febrero.

Em cima da mesa está a hipótese de a droga ter sido adulterada por um cartel da droga para prejudicar outro gang rival: “Um lote de estupefacientes sofreu uma adulteração por parte de narcotraficantes para arruinar o negócio de um rival e afastar a concorrência do território”, disse um dos investigadores ao jornal. “Não há dúvidas de que a substância tóxica foi colocada de propósito.” Até ao momento, dez pessoas já foram detidas.

Os primeiros quatro mortos já foram identificados e tinham entre 33 e 45 anos. Todas as pessoas hospitalizadas tinham como principal sintoma problemas respiratórios.