A presidente do BCE garantiu esta segunda-feira, perante os deputados do Parlamento Europeu, que quaisquer ajustamentos à política monetária serão “graduais” e determinados pela informação disponível. “Mais do que nunca”, a autoridade monetária tem de adotar uma estratégia marcada pela flexibilidade, acrescentou Christine Lagarde, dias depois de ter admitido que as taxas de juro podem, afinal, subir ainda em 2022.

“Vamos manter-nos atentos aos dados que vão chegando e iremos avaliar, cuidadosamente, as implicações [que esses dados têm] para as perspetivas de inflação no médio prazo”, afirmou a francesa Christine Lagarde, garantindo que “qualquer ajustamento à nossa política será gradual” e o Banco Central Europeu (BCE) irá evitar um “aumento prematuro das taxas de juro”.

No discurso no Parlamento Europeu, que pode ser lido na íntegra (em inglês) nesta ligação, Christine Lagarde também sublinhou que, do lado do BCE, não falta empenho na obtenção de taxas de juro alinhadas com o objetivo de 2% – numa altura em que os últimos dados da inflação na zona euro apontam para uma taxa de subida dos preços superior a 5%.

Nos últimos 20 anos, o BCE assegurou a existência de estabilidade dos preços, com uma taxa média de 1,7% desde o início de 1999. Estamos determinados a continuar a fazê-lo”, afirmou a presidente do BCE.

A responsável garantiu que só haverá uma subida das taxas de juro depois de terminarem as compras líquidas de ativos e indicou que, para não arriscar o tal “aumento prematuro” dos juros, há um conjunto de “condições que têm de ser cumpridas para que o Conselho do BCE se sinta suficientemente confiante de que é adequada uma mexida nas nossas taxas diretoras”.

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As declarações de Lagarde surgem poucas horas depois de um dos membros do Conselho do BCE, o holandês Klaas Knot, ter defendido que o BCE deve subir as taxas este ano, alertando que a inflação na zona euro vai ficar ao nível dos 4% na maior parte do ano. E, por isso, reclamou o fim do programa de compra de ativos do BCE “tão depressa quanto possível”, de forma a preparar a subida de taxas no quarto trimestre.

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