“Quero saber por que razão, jogando cara a cara com o Inter, vocês cagaram nos primeiros dez minutos. Depois quero saber por que, mesmo contra o AC Milan, cagaram em dez minutos. Todos, ninguém está excluído!”. De acordo com o Corriere dello Sport, José Mourinho voltou a ter um discurso pesado perante jogadores, técnicos, equipa médica e restante staff depois da eliminação no Giuseppe Meazza frente ao Inter, apontando o dedo à atitude da conjunto romano no arranque da partida que permitiu aos nerazzurri fazerem o golo inaugural logo no segundo minuto por Dzeko. Mas a reprimenda não ficou por aí, com o português a destacar também que essa mesma atitude que faz com que os árbitros não olhem com respeito para a equipa.

José voltou como herói, Dzeko saiu como “vilão”: Inter elimina Roma da Taça no regresso de Mourinho a Milão

“Quero saber por que razão durante dois anos vocês  mostraram-se pequenos contra os grandes. Se somos pequenos, os árbitros tratam-nos como pequenos! Eles tratam a Roma como uma criança. O Inter é uma super equipa, vocês tinha-nos à vossa frente e, em vez de encontrarem a motivação certa, cagaram! O maior defeito de um homem é a falta de coragem, a falta de personalidade. Vocês têm medo de jogos como este? Então vão jogar na Série C, onde nunca se encontrarão campeões, estádios cheios e pressões do futebol. Vocês são gente sem coragem, a pior coisa para um homem!”, prosseguiu, com palavras que não deixaram os jogadores propriamente aborrecidos e que foram mesmo corroboradas pelos próprios capitães de equipa. E mais: aquilo que mais mexeu com o grupo terá sido o facto de surgir na imprensa esse mesmo discurso.

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A partir daí, muita especulação começou a aparecer, sobretudo a possibilidade de haver uma divisão no balneário da Roma. “Uma mentira total”, destacou Mourinho na antecâmara do jogo fora com o Sassuolo. “Muitos de vocês certamente devem ter pensado que eu ia aparecer aqui com um olho roxo depois da conversa com os jogadores ter acabado ao murro. É uma grande mentira! A tentativa de dar a entender que há um problema entre mim e os meus jogadores, digo-o com todas as letras, é um golpe sujo”, acrescentou, numa das conferências em que fez a defesa mais acérrima da ligação que existe entre o grupo de trabalho.

“Mais: disseram-me que não querem que mude. Respondi que não mudaria mesmo que me pedissem mas eles fizeram-me saber que é isso que eles querem. O que muitos qualificaram como uma ‘explosão’ no balneário ou uma crítica aos jogadores faz parte do meu trabalho. É o que nós treinadores fazemos. O que tenho a dizer, digo-lhes na cara e dou-lhes a possibilidade de diálogo. Quando falo, não pretendo que seja um monólogo”, destacou. Agora era tempo de haver uma resposta em campo que permitisse igualar os 42 pontos da Lazio na sexta posição a três da Juventus que jogaria apenas à noite com a Atalanta em Bérgamo.

O encontro começou com os visitados a terem a habitual vertigem ofensiva que está nas características da equipa desde que Roberto De Zerbi passou pelo comando técnico, conseguindo seis remates em apenas 20 minutos além de um golo anulado a Hamed Traorè por mão na bola antes do remate a entrar perto do poste. Felix Afena-Gyan, substituto do castigado Zaniolo no ataque, ainda conseguiu surgir na cara de Consigli após jogada individual mas os visitados estavam mais perigosos na partida que podia levar à subida ao décimo lugar da Serie A apesar de ter sido a Roma a ver também um golo anulado a Tammy Abraham por posição irregular no início da jogada. E foram mesmo os romanos a saírem em vantagem para o intervalo, numa grande penalidade que Abraham bateu com a “permissão” de Sérgio Oliveira para o 1-0 (45+1′).

Os adeptos tinham dado a resposta enchendo por completo o topo atrás de uma das balizas, a equipa estava a dar também uma resposta depois do nulo com o Génova e da derrota para a Taça de Itália com o Inter. No entanto, pior reentrada era impossível com muitas culpas próprias à mistura: Traoré avançou pelo flanco esquerdo, fez o cruzamento, a bola desviou em Smalling e Rui Patrício deu um “frango” não conseguindo evitar que a bola seguisse para a baliza e fazendo um autogolo (47′). Se o golo no final da primeira parte podia dar outra confiança à Roma, a forma como concedeu o empate mexeu com a equipa e o Sassuolo conseguiria mesmo dar a volta, com Traoré a aproveitar mais uma saída rápida para voltar a marcar (73′).

Sem que nada o justificasse, a ansiedade e o “medo” de assumir o jogo voltaram a tomar conta da Roma, que tinha pouco mais de 15 minutos para tentar resgatar pelo menos um ponto. E a missão até mudou de figura pouco depois, quando Gian Marco Ferrari viu o segundo amarelo e foi expulso por falta sobre Abraham antes de Consigli defender o livre direto de Pellegrini (78′). Ainda assim, a desinspiração que marcou toda a segunda parte da Roma manteve-se e o Sassuolo conseguiu aguentar a vantagem até ao quarto minuto de descontos, altura em que Cristante surgiu da melhor forma ao primeiro poste num canto e fez o 2-2 apenas validado pelo relógio da tecnologia de linha de golo que os árbitros italianos possuem que não evitou ainda assim a queda da equipa da capital para a sétima posição… fora dos lugares europeus.