Em 2018, Frederico Varandas tornou-se presidente do Sporting com mais votos mas menos votantes numa eleição que teve um número recorde de 22.400 associados a marcar presença nas urnas. Agora, com cerca de 7.500 sócios a menos a participarem no sufrágio, duplicou a percentagem de votos (de 42,3% para 85,8%) e teve quase mais 50% a nível de votantes três anos e meio depois (de 38,9% para 84,8%). Um resultado inquestionável mas que “não muda nada”. “Por um voto se ganha, por um voto se perde. A responsabilidade é a mesma, uma responsabilidade enorme. Sinto-me muito pequenino ao pé do clube e da sua história. É assim que me quero sentir. A humildade e dedicação serão as mesmas”, assegurou depois da eleição que até mudou o paradigma de atos recentes, com os resultados conhecidos antes da meia-noite.

Varandas “esmaga” e entra no top 3 dos maiores triunfos em eleições: “Não é a vitória de um nome, é a vitória da estabilidade do Sporting”

“Os sócios conheciam-me como um antigo diretor clínico do Sporting, podia ter muito boas intenções mas nunca me viram como presidente. Eu e toda a minha equipa aprendemos muito, como vamos continuar a aprender. O que os sócios hoje sabem é que o objetivo destes órgãos sociais é acima de tudo fazer. Fazer, fazer. Foram 40 anos de barulho, de guerrilhas… Mas o que é que interessa? O Sporting ganhar títulos, o Sporting crescer. Esse é o meu objetivo”, destacou. Mais tarde, após a reeleição para um segundo mandato, a pergunta: o último ou o seguinte? “Não sei, não sei… Posso dizer que oito anos será muito mas também muito mau seria se o Sporting tivesse um presidente 40 anos, muito mal estaria”, comentou.

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“Com muito orgulho o Sporting é um clube democrático, não é nenhuma Coreia do Norte nem como os outros primos deles. No Sporting há o direito à opinião e respeitamos. Sabemos as dificuldades que passámos mas esse também é um dos grandes méritos da minha equipa, não nos deixarmos ir abaixo quando alguma coisa de mal acontece, porque acontece e vai voltar a acontecer, como não nos faz tirar os pés do chão como tivemos, várias. Nunca me preocupei muito com o ruído exterior e quem passou por este lugar sabe que tem que ouvir sempre os sócios mas a decisão é sua. Muitas vezes, quase sempre, os sócios não conseguem ter a informação que o Conselho Diretivo tem e há decisões que é preciso tomar em determinados momentos que podem não ser bem aceites, não são populares. Vou continuar a tomar decisões”, frisou.

Frederico Varandas reeleito presidente do Sporting por larga maioria de 85,8% dos votos

“O Sporting é um clube desportivo, ponto. Todos os departamentos trabalham para alavancar a vertente desportiva, esse é o core business, transmitir a paixão aos nossos adeptos. Qualquer clube, Sporting ou outro, estará sempre dependente dos resultados desportivos. O nosso objetivo é criar condições para lutar por títulos. Não vou prometer títulos, o que posso prometer é que o Sporting cada dia que passa está melhor, mais forte, está mais maduro, está mais competitivo, é mais respeitado, internamente no início e agora é muito respeitado externamente. O que podemos prometer é que vamos ser competitivos, algo que durante muitos anos não conseguimos ser”, realçou, antes de abordar o que há mais para melhorar no clube.

“Jamais alguém que diz a verdade ofende. Se quiserem, posso trocar bandido por corruptor ativo”, aponta Varandas

“Quando digo que há muito trabalho a fazer, é mesmo assim. A principal é colocar o Sporting mais capaz de vencer constantemente. Não vou estar com mentiras e ilusões, muito foi feito durante três anos e meio mas temos dois rivais muito fortes, que gozam de uma coisa que o Sporting nunca gozou que é estabilidade e ainda hoje têm vantagem por isso. Muito menos do que há três anos e meio e, espero eu, muito menos daqui a quatro anos”, referiu, antes de abordar o técnico de Rúben Amorim e a recompra dos VMOC.

“A minha melhor medida de gestão? Era injusto… Posso dizer… A melhor medida de gestão se calhar foi aquela que conseguimos ter mesmo em cima do fecho, garantir a maioria do capital social da SAD. Foi a melhor para o futuro do clube, não tenho dúvida nenhuma. Enquanto sócio do Sporting, sempre com Gamebox mesmo não me sentando lá, é um sossego, nunca mais me vou deitar sabendo que em 2026 poderia perder a maioria do capital social da SAD”, disse. “Felizmente temos um grande treinador que está muito feliz, coisa que já não acontecia há muitos anos. Se estou preocupado daqui a dois anos? Não, ainda não, não é preciso ainda começar a trabalhar na renovação embora o tempo passe depressa. Se queremos ter o Rúben Amorim daqui a dois anos? Queremos. E mais? Muito provavelmente, sim”, acrescentou.

Dois minutos e meio de currículo, um debate e a recompra dos VMOC: a campanha de Frederico Varandas às eleições do Sporting

Por fim, Frederico Varandas falou também da relação do clube com as claques. “Não sei o que é isso da relação difícil ou fácil… Uma coisa é certa: jamais o Sporting se aproxima de quem quer que seja, as pessoas é que se aproximam, amam e apoiam o Sporting. Isso é inegociável para as pessoas que servem o clube. Depois, as claques fazem parte da massa associativa do Sporting, que precisa dos seus adeptos, claques a apoiar. Quem fizer isso, a casa está sempre aberta”, concluiu o líder leonino reeleito.

“Hoje é um dia histórico para o Sporting: o clube tem a maioria da SAD”, destaca Varandas