Dois ovos de tamanho médio ou 28 gramas de atum. Um tomate geneticamente modificado equivale (em termos de vitamina D) àqueles dois alimentos. O estudo, de investigadores do John Innes Centre, no Reino Unido, foi publicado na Nature Plants nesta segunda-feira.

Segundo a investigação, o que se consegue com esta modificação genética é aumentar a quantidade de provitamina D3 nos tomateiros. A vitamina D, também conhecida como vitamina do sol, é produzida no corpo humano a partir da luz do sol absorvida pela pele. Alguns alimentos, como os ovos e os peixes gordos, contém provitamina D3 que o corpo transforma em vitamina D. No entanto, há poucas fontes naturais desta vitamina e em países com baixa exposição solar — como o Reino Unido, onde foi feita a pesquisa — isso tem consequências na saúde humana.

Em todo o mundo, estima-se que mil milhões de pessoas sofram de insuficiência de vitamina D. Um dos motivos é uma dieta alimentar desequilibrada que pode levar ao desenvolvimento de uma doença nos ossos, conhecida como raquitismo (crianças) ou osteomalacia (adultos).

Para conseguir igualar o tomate a dois ovos, os investigadores modificaram os genes do fruto, retirando-lhe algo, sem introduzir nada de novo. “É como um par de pinças moleculares, que se usa para cortar com precisão um fragmento muito pequeno do gene para melhorar uma característica desejável nas plantas muito mais rápido do que o processo de reprodução tradicional, e sem introduzir qualquer DNA estranho de outras espécies”, explicou Jie Li, a coordenadora científica do estudo, citada pelo jornal The Guardian. Ou seja, a edição de genes é diferente dos organismos geneticamente modificados, em que lhes é acrescentado algo que não têm.

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Em 2008, o mesmo centro de investigação em ciência vegetal e microbiana desenvolveu um tomate geneticamente modificado para combater o cancro. A alteração genética tornou-o roxo.

Quanto à pesquisa atual, ainda faltam os testes de campo, altura em que os tomateiros serão expostos à luz solar, momento em que a provitamina se deverá transformar em vitamina ativa. Os testes devem começar no próximo mês.

Em termos de edição genética, os cientistas mexeram numa enzima do tomateiro que normalmente converte a provitamina D3 em colesterol. Ao bloquear esse caminho, a provitamina D3 acumulou-se nos frutos e nas folhas dos tomates. “É provável que a técnica também funcione bem com outras culturas de solanáceas, como pimentos, batatas e beringelas”, disse outra cientista do John Innes Centre, Cathie Martin.