Numa série de publicações na rede social Twitter, Tim Mak, correspondente da rádio norte-americana NPR, abordou o tema da “fadiga” da Ucrânia, numa altura em que o conflito está a caminhar para a marca dos quatro meses de duração. Este sábado, foi a vez de Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico, fazer referência ao tema, demonstrando preocupação de que se esteja a “instalar algum cansaço em torno da Ucrânia”, frisando a importância de que o Ocidente compreenda o sofrimento que a população ucraniana enfrenta.

No Twitter, Tim Mak referiu que está de regresso à Ucrânia, depois de ter estado nos Estados Unidos durante um curto período de tempo. É a partir da experiência nos EUA que partilha algumas conclusões sobre este fenómeno.

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“Quando estive nos Estados Unidos por pouco tempo, fui à convenção da NRA em Houston”, referindo-se à convenção da National Rifle Association, a Associação Nacional de Armas. Mak acompanha o tema fraturante do acesso a armas nos Estados Unidos, tendo um livro publicado sobre a NRA.

“Notei uma coisa: aos meus ouvidos, a tirada de Trump sobre como o dinheiro não pode ir para a Ucrânia era aquela que tinha os aplausos mais altos durante a noite”. E logo a seguir partilhou uma sondagem feita nos Estados Unidos que sugere que,  “embora uma maioria substancial dos americanos continue a apoiar o auxílio financeiro e militar à Ucrânia, cerca de um terço demonstra oposição”.

Só esta semana, os Estados Unidos prometeram um apoio de mais 962 milhões de euros em ajuda militar a Kiev. O novo pacote de ajuda enviado pela administração Biden/Harris incluirá artilharia, sistemas de defesa costeira e rockets, para apoiar os ucranianos “nas suas operações defensivas” no Donbass, foi especificado. Além da ajuda militar, Biden anunciou que os Estados Unidos darão à Ucrânia mais 225 milhões de dólares (cerca de 220 milhões de euros) em assistência humanitária, nomeadamente para água potável, suprimentos médicos, comida e abrigos.

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No Twitter, Tim Mak também aborda o cenário da Europa, onde as sondagens feitas em dez países “mostram um forte apoio à Ucrânia, mas também profundas preocupações sobre como a guerra pode aumentar o custo de vida e os preços da energia”. A inflação está a aumentar de forma significativa ao longo dos últimos meses. Olhando apenas para a Zona Euro, a taxa de inflação chegou aos 8,1% em maio, a taxa mais elevada desde a criação da moeda única. Na União Europeia o índice de preços no consumidor é ainda mais elevado, tendo chegado aos 8,8% em maio.

A acompanhar, os dados mostram que os países ocidentais estão também a interagir menos com as histórias e notícias vindas da Ucrânia, partilhadas nas redes sociais.

“Continuam a existir razões importantes para as pessoas continuarem a prestar atenção: não só à guerra na Ucrânia, mas às suas muitas consequências”, diz Tim Mak, notando “o dramático crescendo das tensões entre a Rússia e o Ocidente, a possibilidade de uma crise alimentar global e os efeitos na energia e nas coisas que compramos”.