Foi com “grande surpresa” que Rui Moreira soube do encerramento do serviço de atendimento da 9.ª Esquadra da PSP, no Infante, durante este fim de semana. O presidente da Câmara Municipal do Porto levou o tema à reunião do executivo que decorreu esta segunda-feira e revelou que soube do caso “através de pessoas da cidade e da comunicação social”, lamentando a falta de comunicação com a autarquia: “Surpreendentemente, a Câmara do Porto não foi nem ouvida, nem achada, nem informada sobre esta matéria“.

Este fim de semana, avançou a agência Lusa, foi publicado um edital na esquadra da baixa do Porto que indicava que, “por imperativos de ordem operacional”, o serviço de atendimento ao público estaria suspenso até às 16h. Para Rui Moreira, o fecho desta esquadra contribui “para um sentimento de insegurança da população” e foi também uma decisão “de grande insensibilidade”. “Sabemos que a PSP tem hoje poucos elementos e também acompanhamos que a missão de patrulhamento é absolutamente relevante, mas parece-nos de grande insensibilidade proceder a este encerramento, não nos dando nenhum conhecimento”, referiu o autarca.

A 9.ª esquadra, acrescentou Moreira, “não é uma esquadra qualquer”: é a única esquadra existente no centro histórico. “Ocupou um espaço de uma antiga estação de correios e tem funcionado ininterruptamente há muitos anos, tendo sido sempre estratégica na promoção da segurança pública na baixa portuense”, reforçou, sublinhando que esta “é a única esquadra à cota baixa”, localizada numa zona “particularmente habitada durante o dia”.

“É sobretudo na baixa do Porto que existem condutas que são apontadas pela própria PSP como preocupantes. Quando a PSP nos apresentou um mapeamento daquilo que pretendia para a videovigilância, considerou que aquela zona era exatamente a zona onde devíamos concentrar o apoio que a Câmara do Porto irá pagar e que está a decorrer”, destacou ainda Rui Moreira durante a reunião do executivo.

Rui Moreira revelou ainda que falou no domingo com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, com quem deverá reunir ainda na tarde desta segunda-feira, depois do encontro da tutela com a Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública no Comando Metropolitano do Porto. Apesar da preocupação, o autarca recusa “dramatizar a situação”, dizendo compreender que “há falta de policiamento e há prioridades”.

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Ilda Figueiredo, vereadora da CDU, acompanhou a posição do autarca independente e mostrou “grande preocupação” com o caso. “É com grande preocupação que vemos esta situação, que merece um enquadramento global, um acompanhamento e uma coordenação entre a Polícia Municipal e a PSP. Não percebo o que se está a passar”, referiu a vereadora.

Também o vereador socialista, Tiago Barbosa Ribeiro, reforçou a preocupação, salientando a necessidade de se perceber “o porquê do encerramento desta esquadra”. Sérgio Aires, vereador do Bloco de Esquerda, destacou o problema da ausência de comunicação, “que não deixou alternativa nem capacidade de intervenção do município nem de ninguém”.

Já a vereadora do PSD, Mariana Macedo, acusou o Governo de estar a “agir unilateralmente” e “de uma forma do desenrasque” com reuniões realizadas a posteriori, apelando a que haja “coragem e investimento nesta área”.

Esta tarde, o ministro da Administração Interna e a secretária de Estado da Administração Interna reúnem-se com a Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública no Comando Metropolitano do Porto, para análise da gestão do efetivo e das infraestruturas policiais.