Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita Irmãos de Itália, o mais bem colocado nas sondagens das legislativas de setembro, partilhou este domingo no Facebook um vídeo captado em Piacenza, onde uma mulher, de nacionalidade ucraniana, foi violada em plena luz do dia, ao que tudo indica por um migrante, requerente de asilo no país — e filmada a partir de uma janela próxima.
“Não se pode ficar em silêncio perante este hediondo episódio de violência sexual contra uma mulher ucraniana levado a cabo na cidade de Piacenza por um requerente de asilo”, escreveu Meloni, a acompanhar o vídeo, partilhado através da página de um jornal italiano, devidamente desfocado, para que não sejam discerníveis vítima nem agressor, e com o devido alerta de conteúdo “desaconselhável a um público sensível”.
“Um abraço para esta mulher, a quem a nossa sociedade não conseguiu garantir a segurança que merecia. Peço desculpa em nome das instituições italianas”, continuou a política, que já por várias vezes defendeu um bloqueio naval junto ao norte de África, para impedir que barcos com refugiados consigam chegar à costa italiana.
“A luta contra a degradação, a ilegalidade generalizada, a imigração ilegal em massa não são conceitos abstratos, dizem respeito à vida quotidiana de cada um de nós e principalmente dos mais frágeis. Farei tudo o que puder para tornar as nossas cidades seguras novamente”, terminou Meloni, à data a mais bem colocada candidata à posição de primeiro-ministro nas eleições de 25 de setembro em Itália, que ao longo desta segunda-feira não foi poupada pelos principais adversários, que a acusam de estar a tirar proveito do crime para fins eleitorais.
“É indecente o uso de imagens de uma violação. Ainda mais indecente se feito para fins eleitorais. O respeito pelas pessoas e pelas vítimas vem primeiro”, escreveu no Twitter Enrico Letta, líder do Partido Democrático e primeiro-ministro italiano entre 2013 e 2014.
Indecente usare immagini di uno #stupro. Indecente ancora di più farlo a fini elettori. Il #rispetto delle persone e delle vittime viene prima di ogni cosa.
— Enrico Letta (@EnricoLetta) August 22, 2022
Na mesma rede social, o eurodeputado Carlo Calenda, líder do partido de centro-esquerda Ação, também disparou contra a líder do Irmãos de Itália: “A denúncia de violação é um ato devido. Mostrá-lo para fins de campanha é um ato imoral e desrespeitoso antes de mais nada para a mulher que o sofreu, que certamente não quereria ser exposta nos meios de comunicação social desta forma. Que vergonha”.
Denunciare uno stupro è un atto dovuto. Mostrarlo per fini di campagna elettorale è un atto immorale e irrispettoso in primo luogo per la donna che lo ha subito, che certamente non vorrebbe essere esposta sui social in questo modo. @GiorgiaMeloni vergognati. pic.twitter.com/DOTv2NhqdU
— Carlo Calenda (@CarloCalenda) August 22, 2022