O simbolismo das camisolas negras que a Dinamarca terá como equipamento alternativo no Mundial em comum acordo com a marca desportiva que a patrocina. O veto por parte dos patrocinadores da Bélgica a viagens de qualquer pessoa que não seja essencial num plano meramente logístico. A proibição por parte da cidade de Paris da transmissão em grandes ecrãs dos jogos do Campeonato do Mundo. Se foram vistas de uma forma isolada, todas as posições supracitadas podem funcionar apenas como pequenas gotas. No entanto, se todas se começarem a juntar, o copo foi enchendo. Agora, a cerca de três semanas do arranque da competição no Qatar, houve a primeira reação em uníssono de uma seleção pelos direitos humanos no país, neste caso a Austrália.

“Há valores universais que devem definir o futebol. Valores como o respeito, a dignidade, a confiança e coragem. Quando representamos a nossa nação, aspiramos a encarnar estes valores”, começa por dizer num vídeo de mais de três minutos publicado nas redes sociais o capitão, o guarda-redes Matt Ryan, que trocou no último verão os espanhóis da Real Sociedad pelos dinamarqueses do Copenhaga.

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“Não queremos ser visíveis num torneio que custou a vida a milhares.” Dinamarca vai ao Qatar com camisolas de protesto

“Temos vindo a saber que a decisão de atribuir a organização do Campeonato do Mundo ao Qatar resultou no sofrimento e no mal de todos os nossos amigos trabalhadores”, destaca o médio Jackson Irvine, que atua no St. Pauli, da Segunda Liga da Alemanha. “Esses trabalhadores migrantes que têm sofrido não são apenas números. Tal como os migrantes que construíram o nosso país e o nosso futebol, eles têm a mesma coragem e determinação para construir uma vida melhor”, acrescenta Alex Wilkinson, líder da Associação de Futebolistas Profissionais da Austrália, entre várias mensagens de outros atletas.

“Apoiamos plenamente os direitos do povo LGTBI+ mas no Qatar as pessoas não são livres de amar a pessoa da sua escolha. Abordar estas questões não é fácil e não temos todas as respostas”, refere o médio Denis Genreau, internacional de 23 anos nascido em França que joga no Toulouse. “Estamos a trabalhar com várias organizações para estabelecer um legado duradouro no Qatar. Há direitos básicos que devem ser garantidos a todos e que devem assegurar o contínuo progresso do país. É assim que podemos fazer desta competição um legado que perdure para lá do apito final do Mundial”, conclui a seleção australiana, num vídeo que não demorou a ter forte repercussão nas redes sociais.

Uma dança na baliza para a história: Austrália bate Peru nos penáltis e está no Mundial pela sexta vez

De recordar que a Austrália, que garantiu o apuramento para a fase final no playoff intercontinental com o Peru (vitória no desempate por grandes penalidades no Qatar), está integrada no grupo D da competição, tendo pela frente a campeã mundial França, a Dinamarca e ainda a Tunísia.