Ainda antes de se sentar para falar, Changpeng “CZ” Zhao, CEO da plataforma de negociação de criptomoedas mais popular, a Binance, teve de parar para tirar uma “selfie” perante a plateia da Altice Arena. Afinal, como disse a própria moderadora desta conversa “de alguma forma é o homem do momento” — não só porque é responsável por uma popular aplicação de negociação de criptomoedas em tempos de “criptowinter” mas também porque deu a mão a Elon Musk para adquirir o Twitter. Como a própria Binance revelou na semana passada, emprestou 500 milhões de dólares ao homem mais rico do mundo.

Muita da conversa na conferência em Lisboa esteve centrada na confiança nos criptoativos, ainda que “CZ” peça aos investidores que “pesquisem” antes de investir, e também no negócio do Twitter e na relação com Elon Musk, o novo dono da rede social.

“A cripto é provavelmente a única coisa estável neste contexto económico. É a coisa mais estável em toda esta situação de agitação”, fez questão de explicar o CEO da Binance. Fez questão de transmitir que este “criptowinter” é “muito diferente dos anteriores” e garantiu que não sente que haja perda de confiança por parte do público.

“Acho que, mais uma vez, é escolha das pessoas. Não confiem em pessoas que não conhecem bem, façam pesquisa sobre nós, vejam que plataforma é que tem mais ativos de utilizadores, o que é que as protege, que ações fazemos em tempos de crise. Não estou a pedir que confiem em nós de forma cega, mas façam a vossa pesquisa”, apelou no palco da Web Summit. E reconheceu que estar no palco da Web Summit é bastante diferente das conferências que fez noutras alturas.

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Em parte, “CZ” diz acreditar que é pelo facto de ainda haver confiança nas criptomoedas que faz com que seja convidado para eventos deste género. ““O facto de ser convidado para vir aqui é muito diferente dos encontros que tinha em 2014. É visível como é que esta indústria cresceu. Diria que exponencialmente mais pessoas confiam em cripto do que aquelas que não confiam.”

Sente que as pessoas perderam confiança? “Não, absolutamente não. Vemos crescimento de utilizadores.” “O facto de ser convidado para vir aqui é muito diferente dos encontros que tinha em 2014. É visível como é que esta indústria cresceu. Diria que exponencialmente mais pessoas confiam em cripto do que aquelas que não confiam.

O CEO da Binance fez questão de frisar que a plataforma “nunca esteve na China”. “Há muitas pessoas que pensam que somos uma empresa chinesa, mas a Binance não é uma empresa chinesa.” E, em termos de regulação, notou que o facto de o gigante asiático ser “muito restritiva” no que toca a criptoativos foi aquilo que o levou a sair do país. “Acabou por ser uma benção, porque nos permitiu internacionalizar.”

A dificuldade de prever o comportamento de Elon Musk

A Binance investiu 500 milhões de dólares na compra do Twitter, aliando-se a Elon Musk. Era inevitável falar sobre o tema. “Há várias razões e razões muito fortes” que levaram “CZ” a dar a mão a Musk. “Queremos apoiar muito o discurso livre. O Twiter é a praça pública. É uma plataforma importante de discurso livre. Uso o Twitter mais do que a app da Binance, não negoceio [cripto]. Elon Musk é um empreendedor forte, adoramos apoiá-lo.”

“Há muitas razões para o Twitter ser um bom investimento. Acho que tanto eu como o Elon Musk somos utilizadores fortes do Twitter, é uma plataforma importante para nós”, reconheceu. Mas notou que Musk é um “homem bastante difícil para mim de prever”, mas que tem confiança nas qualidades do dono da Tesla para gerir o Twitter. “Não sou o CEO, somos investidores. Confiamos no Elon para gerir, mas tomei conhecimento da questão dos 8 dólares ao mesmo tempo que você.” Musk anunciou esta terça-feira que os utilizadores verificados vão poder pagar 8 dólares para continuar a ter o “selo azul”.

O CEO da Binance reconheceu ainda que ficou “um pouco surpreendido” por o negócio ter chegado a bom porto.