Todas as oportunidades parecem poucas a Carlos Moedas para chamar à atenção para a recém-inaugurada Fábrica de Unicórnios e para a necessidade de conquistar alguma das empresas avaliada em mais de mil milhões de dólares que por estes dias circula no Parque das Nações. Depois da cerimónia de abertura, Carlos Moedas subiu novamente ao palco principal da Web Summit “para dizer a todos que criou a fábrica de unicórnios em Lisboa”. Mas o tema principal era a habitação e, com o registo de novos alojamentos locais na cidade suspenso contra a vontade de Moedas, foi ao lado do fundador da empresa Airbnb que o presidente falou na “proteção dos que vivem na cidade”.

Com a habitação a ser um dos calcanhares de aquiles da governação lisboeta e numa altura em que estão proibidos os registos de novos alojamentos locais, por imposição da oposição a Carlos Moedas na autarquia, o presidente da câmara teve que fazer alguma ginástica em palco para tentar conciliar a presença de empresas como a Airbnb com as dificuldades que a cidade tem na área da habitação.

“Tem que haver Airbnb, na cidade, mas também tem que haver quem viva na cidade, temos de protegê-los. É importante”, frisou o autarca, defendendo a “inovação” como caminho a seguir. Para Moedas, canalizar o resultado da inovação para apoiar os mais fragilizados é o caminho a seguir.

Com duas cadeiras no enorme palco, Moedas falava com um dos fundadores da plataforma Airbnb, Nathan Blecharczyk, e não se inibiu de lembrar que também ele no último ano “lutou muito”: “A partir de 1 de janeiro teremos um plano de saúde para os maiores de 65 anos. Nós, políticos, estamos aqui para ajudar, para ter uma visão e levar pessoas mais além.”

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E para ir mais além, Moedas não tem dúvidas. A chave do sucesso está na inovação. “Se investirmos em inovação e criamos valor temos que investir na proteção de pessoas. A inovação é o caminho para tal”, apontou o presidente da autarquia depois de ouvir as explicações de Nathan Blecharczyk sobre a forma como a empresa conseguiu, em conjunto com os governos, criar uma forma de “cobrar impostos diretamente na plataforma”.

Recorda Nathan Blecharczyk que desde que os impostos começaram a ser cobrados na plataforma já foram pagos o equivalente a “mais de seis mil milhões de dólares no mundo”, onde se inclui também, Lisboa e Porto.

Atento, Carlos Moedas deixou ainda algumas recomendações “aos governos” que não têm capacidade de acompanhar a evolução das empresas: “O governo tem que regular de forma inteligente, conseguindo criar valor efetivo. Às vezes estão a regular no passado, que já não existem porque as empresas estão em constante evolução.O contacto é essencial também para o governo, no meu caso, para o governo local. Também nós precisamos de falar a vossa linguagem”.