Mehdi Taremi afirmou que os jogadores iranianos não estão sobre pressão depois de se terem recusado a cantar o hino nacional do país no jogo diante da Inglaterra. A atitude dos atletas foi tomada como uma demonstração de solidariedade com os protestos que decorrem no Irão após a morte da jovem Mahsa Amini.

Quando questionado sobre como seria o regresso ao Irão depois do gesto que a equipa de Carlos Queiroz protagonizou, o avançado do FC Porto confessou que o foco não está nas questões políticas. “Não gosto de falar de assuntos políticos, mas não estamos sob pressão. Viemos para jogar futebol, não só nós, mas todos os jogadores presentes no Qatar. Eu e milhares de pessoas como eu, não temos poder para mudar as coisas“. O iraniano assumiu ainda que prefere usar as próprias redes sociais para falar sobre assuntos políticos por ter receio que as pessoas escrevam “o que quiserem”.

Taremi não ficou agradado com a pergunta dos jornalistas. “É direito da imprensa fazer as perguntas que achar justas e é o nosso direito respondermos o que quisermos. Mas o que me estranha, como humilde cidadão do mundo, é não fazerem este tipo de perguntas a outros treinadores de seleções onde, por vezes, também há problemas. Não é justo que os iranianos sejam os únicos a serem questionados sobre direitos humanos“, desabafou o jogador que já tem dois golos no Mundial.

Carlos Queiroz fala em injustiça nas perguntas a jogadores do Irão

Carlos Queiroz também destacou o facto de que os jornalistas têm todo o direito de perguntar sobre a situação política no país, mas que não fazem esse tipo perguntas a outros países. “A imprensa tem o direito de perguntar. Para nós não há problema, mas é importante que se vos respeitamos, nos respeitem. Não há mal nenhum que a imprensa pergunte o que queira, temos a liberdade de responder ou não. O que estranho é não fazerem essas mesmas perguntas a outros países com problemas também. Não acho que seja justo perguntar só a eles [aos jogadores iranianos]”, referiu o treinador português.

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Na antevisão da segunda jornada, em que o Irão defronta na sexta-feira o País de Gales, Queiroz diz que a seleção tem um “rival propício” a que possa finamente desfrutar neste Mundial de futebol. “É uma oportunidade para desfrutar do futebol. Têm Bale, são uma equipa fantástica, com adeptos muito solidários. Não poderia existir melhor ambiente, para se desfrutar do jogo. Temos muita vontade, os jogadores estão tranquilos e amanhã [sexta-feira] temos o adversário ideal”, disse o treinador português.

Queiroz admitiu terem aprendido muito com a goleada diante da Inglaterra e que as grandes equipas sabem como recuperar desses resultados, lembrando, porém, que o Irão sofreu mais golos num jogo do que em três anos.

O jogo entre País da Gales e Irão está agendado para sexta-feira, às 13h00 locais (10h00 Lisboa), num momento em que os iranianos têm zero pontos, os galeses contabilizam um, em igualdade com os Estados Unidos, e Inglaterra três.