Os novos travões de disco da Continental, baptizados Green Calipers, pretendem ajudar os veículos eléctricos a reduzir o consumo e a incrementar a autonomia entre carregamentos. A ideia é utilizar o sistema de travagem para reduzir o peso e o atrito, de forma a aumentar a distância percorrida com a mesma quantidade de energia.

O sistema denominado Green Caliper, por este que é um dos principais fornecedores da indústria automóvel, a Continental Automotive, baseia-se em novos discos de travão e novas maxilas. É sabido que os veículos eléctricos recorrem menos aos travões convencionais, sejam eles de disco ou de tambor. Referimo-nos àqueles que transformam energia cinética (movimento) em calor, uma vez que o sistema de regeneração de energia, em que um motor eléctrico ao ser forçado a trabalhar acaba por produzir energia que é depois armazenada na bateria, acaba por reduzir a velocidade na maioria das situações sem recorrer aos travões por fricção.

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Tendo em conta esta realidade, a Continental decidiu conceber um conjunto de travões de disco mais eficiente. Os discos são substancialmente mais leves, ao trocarem a ventilação – ou seja, serem duplos – por um diâmetro superior, com a construção mais simples (e barata) a ser igualmente mais ligeira.

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E já que estava com as mãos da massa, o fornecedor alemão concebeu uma nova maxila, mais simples e mais leve, por não ter que lidar com os mesmos esforços. Simultaneamente, este conjunto de disco/maxila reduz a fricção nos discos quando o travão não está a ser utilizado, ou seja, afasta as pastilhas do disco quando não é aplicada qualquer pressão ao pedal de travão. E este constante friccionar também é responsável por um ligeiro aquecimento, que se traduz por uma perda de energia e, logo, de autonomia.

De acordo com a Continental, a poupança ronda os 2 kg em cada maxila, com mais 3 kg em cada disco, o que coloca este novo sistema de travagem entre 15% e 20% abaixo dos sistemas convencionais. É um esforço que se saúda e que pode ser utilizado na esmagadora maioria dos veículos eléctricos, especialmente os equipados com motores menos potentes e com pouca vocação desportiva.

A realidade é que os modelos eléctricos adoptam motores cada vez mais possantes e capazes de alcançar velocidades superiores, pelo que potencialmente vão necessitar de grande potência de travagem, mais que não seja para as travagens de emergência. E essas dependerão sempre da capacidade de sistemas convencionais, que transformem movimentos em calor. Isto já para não falar de desportivos, em forma de coupés ou de berlinas, cuja necessidade de uma travagem eficiente e mais resistente ao aquecimento vai sempre existir, o que implica maxilas de dimensões generosas, com quatro ou seis êmbolos, além de discos enormes e ventilados. Tanto mais que estes eléctricos mais rápidos e desportivos vêm (quase todos) com versões adaptadas para o uso em pista, onde a necessidade de sistemas de travagem robustos é tão grande que até é forçoso recorrer a discos e pastilhas de carbocerâmica.