A greve dos trabalhadores das administrações dos portos foi esta segunda-feira desconvocada, após uma reunião do ministro das Infraestruturas, João Galamba, com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP). A notícia foi avançada pelo jornal Eco, Serafim Gomes, e confirmada pelo Observador junto do mesmo responsável. O sindicato cumpria, desde 22 de dezembro, uma greve às segundas e sextas-feiras, após não ter visto satisfeitas as exigências sobre a proposta de revisão salarial para 2023.

A reunião com o novo ministro das Infraestruturas, adiantou o líder do sindicato, terá sido “muito positiva”, o que levou ao cancelamento da greve que deveria durar até 30 de janeiro. Os trabalhadores decidiram dar “o benefício da dúvida” a João Galamba, uma vez que este assumiu o cargo há dias e prometeu “olhar com atenção” para os problemas de todo o setor dos portos. Esta terça-feira haverá uma reunião entre o ministro e os representantes dos vários sindicatos do setor para que o ministro faça uma “apresentação genérica” dos planos que tem para os portos, no qual estarão incluídos “os problemas” que levaram o SNTAP a convocar a greve.

A decisão do sindicato de desconvocar a greve foi tomada, “em primeiro lugar, porque foi aberto o diálogo”, diz Serafim Gomes, algo que, refere, não existia com o anterior ministério desde 21 de dezembro, véspera do início da greve, em que “voltou tudo à estaca zero”. Até essa altura, as conversas foram mantidas com o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, que tinha a tutela dos portos, e saiu do Governo na sequência da polémica com a indemnização atribuída à administradora da TAP, Alexandra Reis. “O senhor ministro mostrou-se muito aberto ao diálogo. Logo a partir daí as coisas ficaram bem encaminhadas”.

Ao sindicato, João Galamba terá garantido que “tem projetos para os portos” e que dará aos portos “a importância que devem ter”, diz Serafim Gomes, para quem “um dos sintomas disso é ele não ter delegado em ninguém a pasta”

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O líder do sindicato diz ter saído “confiante” do encontro, e que dará o tempo pedido pelo ministro, três meses, para que “os projetos que tem possam ir adiante”. “Achámos que era responsável da nossa parte dar-lhe esse tempo, dada a disponibilidade que teve em dialogar”.

A greve terá efeito até à meia noite desta segunda-feira, uma vez que os trabalhadores funcionam por turnos e “não seria possível desconvocar” o protesto com efeitos imediatos, sublinha Serafim Gomes.

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A paralisação estava a provocar prejuízos avultados às empresas que dependem da descarga de matérias-primas, uma vez que tinham de pagar o custo da sobrestadia dos barcos.

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