As demissões no Governo, muitas delas baseadas em casos de incompatibilidades ou envolvimento em processos judiciais, não corroem a democracia — mas são um “problema do Governo” e “desgastam” a equipa de António Costa.

As palavras são do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, em entrevista ao DN e à TSF, esta sexta-feira. De que esta sucessão de demissões (13 desde março) desgasta o Governo, Santos Silva não tem dúvidas: “Parece uma evidência”.

O que não significa que haja motivo para pôr a estabilidade política em causa: na mesma entrevista, a segunda figura do Estado garante que o país está muito longe do momento em que António Guterres se demitiu para evitar que o país ficasse num “pântano” político. Desta vez, não há “nenhum problema” com o Executivo em termos de “liderança e caminho”: “Tem uma direção clara, uma liderança clara, forte, reconhecida pela sociedade portuguesa que é o dr. António Costa, primeiro-ministro, e da sua capacidade de ir fazendo ajustamentos e de resolver situações e crises anteriores ao seu próprio Governo, e o caminho também é claro”.

Por isso, mesmo que as eleições europeias do próximo tragam um cartão amarelo ao Governo — e os políticos “devem saber que esses cartões são amarelos, não devemos ser daltónicos” — o país deve aprender com o passado e priorizar a estabilidade: só se houvesse um “terramoto político” é que o Presidente se veria obrigado a dissolver o Parlamento, defende.

Quanto ao seu próprio futuro, Santos Silva volta a admitir a hipótese de se candidatar a Belém nas próximas eleições presidenciais. Desta vez, diz que essa é uma pergunta “a que não se pode dar resposta agora”, deixando um conselho: “Esperemos tranquilamente por 2025. Agora sou presidente da Assembleia da República e é nisso que estou concentrado”.

Para já, garante, Belém não está nos seus planos, que passam apenas por “contribuir, como possa” para que a área política do PS “tenha uma candidatura forte a Presidente da República, porque acho que a república precisa de uma candidatura forte na minha área política”. Se é protagonizada por Santos Silva, o futuro dirá.

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