Uma, duas, várias vezes. Rúben Amorim tem admitido nas últimas semanas que a época do Sporting tem estado aquém das expetativas, não só pela eliminação precoce na Taça de Portugal e na fase de grupos da Liga dos Campeões (passando para a Liga Europa) e da derrota na final da Taça da Liga mas sobretudo pelo quarto lugar do Campeonato. E foi esse ponto que teve uma ligeira inversão na última jornada, com o triunfo dos leões frente ao Estoril a ser acompanhado por derrotas de FC Porto e Sp. Braga. Para o segundo lugar e uma entrada direta na Liga dos Campeões há sete pontos de distância, para a terceira posição e o acesso à terceira pré-eliminatória da Champions há cinco pontos de diferença. A 12 jornadas do final, ainda é possível sonhar com algo mais do que a Liga Europa. Na parte desportiva é assim, na parte financeira não será propriamente necessário. E o primeiro semestre do exercício 2022/23 da SAD reflete isso mesmo.

De acordo com o Relatório e Contas dos seis meses iniciais da temporada, a sociedade verde e branco fechou o ano civil com um lucro recorde de 47,5 milhões de euros, não tendo ainda contabilizado nas contas até esta fase a venda de Pedro Porro que será vencida apenas no final da época com uma compra obrigatória por parte do Tottenham. Em paralelo, a Sporting SAD conseguiu também o melhor resultado líquido da sua história (47,5 milhões) e o seu maior volume de negócios em termos homólogos (148 milhões).

“A situação patrimonial da Sporting SAD melhora significativamente neste semestre, sendo de realçar que ao contrário dos cinco exercícios anteriores, a Sporting SAD consegue apresentar um capital próprio positivo de 31,2 milhões de euros, traduzindo-se no valor mais alto de sempre desta rubrica. A Sporting SAD tem vindo a melhorar a sua situação patrimonial nos últimos anos, fruto de uma valorização dos seus ativos e redução do passivo. Em termos comparativos, importa relembrar que em dezembro de 2021 o capital próprio apresentava um valor negativo de 32 milhões de euros, em junho de 2022 um capital próprio negativo de 16,3 milhões de euros e, agora, em dezembro de 2022, consegue atingir um valor positivo de 31,2 milhões de euros”, destacam as explicações da sociedade leonina no Relatório e Contas enviado à CMVM.

Ainda entre os principais pontos destacados, os leões apontam para um resultado operacional sem transação de jogadores de 9,4 milhões (segundo melhor de sempre nos períodos homólogos, apenas superado pelo de 2021/22), um rendimento com venda de jogadores de 73,9 milhões com destaque para Matheus Nunes e João Palhinha, uma redução do passivo em 24,1 milhões e uma valorização do plantel em 92,8 milhões. Em paralelo, e num movimento que foi anunciado em véspera das últimas eleições mas formalizado apenas neste primeiro semestre, a conversão dos VMOC em ações provocou um aumento de capital de 67 para 150,5 milhões de euros, garantindo assim que o clube nunca perde (por larga margem) a maioria da SAD.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Este resultado líquido é consequência de uma performance muito positiva dos rendimentos operacionais, resultante do encaixe financeiro da Champions. A esta variável acrescem os resultados obtidos com a transação de jogadores e o acerto nas iniciativas estratégicas e investimento, que estão a permitir o crescimento das restantes linhas de receitas operacionais.”

“A média das últimas quatro épocas pré-Covid situa-se nos 83,3 milhões, afetada em baixa pelo efeito do ataque a Alcochete. Este valor é relevante como base de referência para a sustentabilidade económico-financeira da SAD sobre o contexto vigente. Com a venda do jogador Matheus Nunes o valor das vendas de jogadores a 1 de setembro de 2022 ascende a 78,5 milhões, fator que contabilisticamente será projetado nos resultados da época de 2022/2023. Sem esta venda, a Sporting SAD teria uma receita de 33,5 milhões, valor que comprometeria o modelo estratégico atualmente em curso, que tem a sustentabilidade económico-financeira como eixo guiador de médio longo prazo”, destaca ainda o documento apresentado.

“Ainda que nas últimas épocas tenham sido efetuadas as melhores vendas de sempre depois da venda do jogador Bruno Fernandes (Nuno Mendes em 2021/2022 e Matheus Nunes em 2022/2023), as vendas líquidas de compras são ainda inferiores aos últimos quatro anos pré-pandemia (44,9 milhões de euros). Esta situação é em grande parte justificada pelo contexto pandémico verificado nas últimas épocas, responsável pela contração do mercado de transferências, tanto ao nível do número de vendas como ao nível do valor de cada venda”, justifica ainda sobre o mesmo tema o Relatório e Contas da SAD verde e branca.