A presidente executiva da TAP considera que o Presidente da República tem “todo o direito” de alertar para as consequências do caso Alexandra Reis, mas defende que estas devem estar relacionadas com conclusões da Inspeção-Geral de Finanças.

“Penso que o Presidente da República tem todo o direito de olhar para as consequências, mas essas consequências deverão estar relacionadas com as conclusões e essas conclusões ainda não foram divulgadas”, declarou Christine Ourmières-Widener.

Falando esta quinta-feira à imprensa na Bolsa de Turismo de Lisboa, no Parque das Nações, depois de ter anunciado novas rotas da companhia aérea para este ano, a responsável aludia às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que defendeu no passado fim de semana que o ministro das Finanças, Fernando Medina, deverá ponderar as consequências das conclusões da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) sobre a indemnização paga à ex-secretária de Estado Alexandra Reis.

“Penso que cabe aos especialistas emitir conclusões e as conclusões serão divulgadas pela IGF, por isso vamos esperar pelas conclusões. O relatório final ainda não foi publicado, [mas] o que dissemos é que iríamos seguir as recomendações, pelo que vamos aguardar pelo relatório final e responder em conformidade”, garantiu Christine Ourmières-Widener.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionada sobre uma eventual demissão, a responsável vincou que não lhe cabe a si decidir isso: “A minha missão foi-me dada pelo Governo e não me cabe a mim responder. Estou focada no meu trabalho e em cumprir a minha missão e é por isso que estou aqui hoje”. Além disso, “não julgo que as consequências estejam relacionadas com as minhas decisões e é por isso que, para mim, é importante aguardar pelo relatório final”, insistiu Christine Ourmières-Widener.

Salientando que os avisos do Presidente da República têm “toda a importância”, a dirigente escusou-se a “dar opiniões pessoais porque é um processo bastante sério”. Já sobre o arranque da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, Christine Ourmières-Widener garantiu que a empresa irá “fornecer todas as informações necessárias”.

Quanto às conversações sobre a frota com a fabricante Airbus, a responsável adiantou estar a “trabalhar arduamente renegociar os contratos”, processo que ainda está “numa fase inicial”.

“Temos um plano de reestruturação bastante ambicioso e temos de reduzir custos […] e, por isso, claro que é necessário renegociar todos os nossos contratos”, concluiu.

No sábado, o Presidente da República defendeu que o ministro das Finanças, Fernando Medina, deveria ponderar as consequências das conclusões da IGF sobre a indemnização paga à ex-secretária de Estado Alexandra Reis. A SIC Notícias avançou na sexta-feira passada à noite que o projeto de parecer da IGF aponta irregularidades no processo que envolveu o pagamento de uma indemnização de 500 mil euros pela TAP à antiga administradora e ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis.

No domingo, o Ministério das Finanças explicou que a ação inspetiva da IGF sobre a indemnização paga à ex-administradora da TAP Alexandra Reis ainda está “em fase de contraditório” e só depois será elaborado um relatório final. A verificação pela IGF da legalidade da indemnização paga a Alexandra Reis foi determinada a 27 de dezembro do ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.