Depois de uma tempestade de neve “histórica”, a chuva. O estado norte-americano da Califórnia vê-se a braços, esta semana, com mais um fenómeno atmosférico difícil, com previsões de uma tempestade poderosa e chuva torrencial a abaterem-se sobre o território a partir desta quinta-feira, numa altura em que os californianos ainda se tentam recompor das tempestades de neve das últimas semanas.

O novo aviso de tempestade acontece, aliás, enquanto as autoridades daquele estado ainda fazem balanços sobre os efeitos da neve, com suspeitas de que ainda haja pessoas que não conseguiram fugir ou pedir ajuda e contagens a ser feitas sobre as vítimas — como o The New York Times conta, só uma morte foi diretamente atribuída às tempestades (uma mulher de 39 anos que morreu atropelada, no meio de um acidente de trânsito, no final de fevereiro) mas pelo menos quatro foram encontradas mortas nas suas casas em março, no condado de San Bernardino, e pelo menos onze morreram na região desde o fim de fevereiro, estando a ligação ao mau tempo a ser investigada.

E é neste contexto, ainda de recuperação e com fenómenos como avalanches a continuarem a ser registados, que surgem novas notícias preocupantes. A CNN conta que as autoridades californianas estão a “implorar” aos residentes para que se preparem para os efeitos da nova tempestade desta semana, que virá juntar-se aos efeitos da quantidade de neve “colossal” que ainda faz estragos e deixou isoladas comunidades de habitantes nas montanhas.

Há, aliás, comunidades como a de Big Sur, no condado (montanhoso) de Monterey, que os serviços de emergência aconselharam a comprar e acumular bens essenciais de que possam servir-se durante um período de pelo menos duas semanas. O condado, conta a CNN, também disponibilizou sacos de areia que podem ser úteis para que as pessoas protejam e isolem as suas casas.

No rescaldo das tempestades de neve têm, de resto, sido vários os residentes a contar à imprensa que não estavam preparados para os efeitos do mau tempo, tendo ficado isolados em casas rodeadas de neve, muitos com pouca comida ou medicamentos e com alguns cortes de energia ou até fogos que poderão ter sido causados por problemas nos cabos elétricos, devido ao mau tempo.

Cheias na Califórnia. Mau tempo que matou pelo menos 19 pessoas deve dar tréguas durante a semana

A CNN explica que há neste momento 17,5 milhões de pessoas no centro e norte do estado da Califórnia, assim como partes do Nevada, que estão sob alerta por causa das cheias que se espera que aconteçam a partir desta quinta-feira. Outro fator de perigo é que, com a neve que já existe e que começa agora a derreter, o risco de cheia — da neve derretida combinada com a chuva torrencial — aumenta.

“Uma tempestade que começará na quinta-feira vai trazer uma ameaça de cheia das combinações de chuva pesada e neve derretida às elevações mais baixas e pés de montanha da Califórnia, especialmente em zonas a menos de 5 mil pés (1,5 quilómetros) de altura”, avisou o centro de previsões metereológicas, alertando ainda para o perigo que representará a neve “molhada” em zonas mais elevadas para quem estiver a viajar.

“A incerteza passa por perceber quanta chuva será absorvida pela neve antes de haver uma libertação significativa dessa água para os rios”. Os metereologistas citados pelo New York Times também avisam para um “risco elevado de avalanches”, além do risco de colapso de telhados que estão debaixo de grandes quantidades de neve.

Além da chuva e da neve, prevê-se que haja também ventos fortes que poderão voltar a colocar em risco postes e cabos de eletricidade, dificultando, mais uma vez, a circulação nas estradas.

No condado de San Bernardino, onde continuam presos nas suas casas habitantes das zonas montanhosas, continuam a trabalhar equipas de buscas, tendo feito “dezenas” de resgates durante o fim de semana, cita a CNN.

Parte do mau tempo explica-se com um “rio atmosfério” — um fenómeno que consiste numa “banda larga” na atmosfera que transporta ar quente e vapor de água dos Trópicos e que pode provocar chuva e neve. Mas está longe de ser o primeiro que afeta a Califórnia, que nas últimas semanas tem enfrentado constantemente novas tempestades, sem capacidade nem tempo para se recompor dos efeitos de cada uma.