A primeira-ministra finlandesa visitou, esta sexta-feira, a capital ucraniana. Antes de se reunir com o Presidente ucraniano, Sanna Marin marcou presença no funeral do soldado Dmytro Kotsiubailo, um militar de relevo entre as tropas ucranianas, que ficou conhecido pelo nome “Da Vinci” e foi morto na batalha de Bakhmut. Com flores na mão, a chefe do executivo do país nórdico garantiu que Vladimir Putin terá de responder judicialmente pelos atos praticados pelas tropas russas na Ucrânia. Na Ucrânia, Sanna admitiu ainda a possibilidade de a Finlândia entregar aviões de combate a Kiev, mas as declarações geraram polémica no seu país.

“Juntamente com a Ucrânia e outros parceiros, a Finlândia apoia o empenho dos ucranianos em acabar com a impunidade da Rússia”, gartantiu a primeira-ministra finlandesa. Depois de ser convidada a deslocar-se a funeral, Sanna Marin encontrou-se com Volodymyr Zelensky. Os dois líderes deram depois uma conferência de imprensa, em que o chefe de Estado ucraniano descreveu a primeira-ministra finlandesa como uma “verdadeira amiga da Ucrânia e uma defensora da Europa livre”.

E, questionada pelos jornalistas sobre se a Finlândia estaria disponível para enviar caças para a Ucrânia, Sanna Marin deixou a porta entreaberta. “Podemos discutir a questão, se seria possível entregar [os caças] à Ucrânia e que tipo de treino é que requeria”, afirmou a primeira-ministra, ressalvando, no entanto, que a decisão teria de ser tomada em conjunto pelos aliados da Ucrânia.

Sanna Marin referia-se aos caças F/A-18 Hornet, de que a Finlândia dispõe no seu arsenal. Contudo, a declaração da primeira-ministra apanhou desprevenidas outras figuras do seu próprio governo e o próprio Presidente finlandês. O ministro da Defesa, Antti Kaikkonen, sinalizou que não estava a par dessa possibilidade e frisou que os caças são necessários “para proteger o país”.

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“A Finlândia ajudou e ajudará a Ucrânia, mas eu penso que deveríamos ajudar [o país] de uma maneira mais adequada”, assinalou Antti Kaikkonen, que destacou que Helsínquia não se pode desfazer dos Hornet enquanto não receber os caças F-35, que o Ministério da Defesa do país adquiriu em fevereiro de 2022 e que deverão estar operacionais apenas em 2025.

Também o Presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, revelou que “não houve qualquer discussão” sobre o envio dos caças Hornet entre o governo e a presidência.

Por sua vez, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea finlandesa, o major-general Juha-Pekka Keranen, mencionou que não houve qualquer conversa sobre o envio dos Hornet “entre as forças armadas e o Ministério da Defesa”. “Não estou a par do assunto”, sublinhou, rejeitando o envio daqueles caças, já que são importantes para a defesa da Finlândia.

Ainda assim, Juha-Pekka Keranen admite que Sanna Marin se estivesse a referir a um momento posterior, quando os F-35 estiveram operacionais e os Hornet forem substituídos. “Entendo que possa ser algo para o futuro”, conjeturou.