Era preciso recuar quase um ano para se encontrar uma vitória do Benfica frente ao Sporting, sendo que esse triunfo por 3-2 na fase regular do Campeonato pouca ou nenhuma influência teve. Era preciso recuar quase dois anos para se encontrar uma segunda vitória do Benfica frente ao Sporting, sendo que também aí essa vitória por 7-5 no prolongamento da final do Campeonato não teve mesmo qualquer influência no desfecho da fase decisiva da prova. Assim, era preciso recuar mais de três anos, até janeiro de 2020, para se encontrar um sucesso que realmente “valesse” no dérbi, com o Benfica a vencer aí o Sporting por 5-4 na final da Taça da Liga. Daí até hoje, houve um total de 20 encontros entre Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga entre rivais, com uma maioria de vitória para os leões. No entanto, este encontro seria diferente.

Sporting vence dérbi e iguala Benfica no topo da classificação no futsal

Primeira diferença: a recente alteração técnica do Benfica. Depois de um inesperado desaire com a Quinta dos Lombos, Pulpis saiu e chegou Mário Silva, antigo adjunto dos encarnados durante largos anos que fazia o seu percurso a solo agora no Leões de Porto Salvo. Com isso, a equipa ganhou sempre (quatro jogos), teve outra confiança nos encontros e sobretudo marcou muitos golos. Segunda diferença: o momento em que estava o Sporting, ganhando ao Portimonense na Liga pela margem mínima, batendo o Sp. Braga/AAUM nos quartos da Taça da Liga apenas nos penáltis e tendo dificuldades no primeiro tempo com o Nun’Álvares. Um dérbi é sempre diferente de todos os encontros e ganha uma vida própria mas seria complicado apontar um claro favoritismo a alguém apesar desse histórico de vitórias verde e brancas nos últimos anos.

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Demorou mas foi: Benfica conquista Taça da Liga e quebra jejum de três anos sem títulos no futsal

A história dos dois encontros realizados entre ambos até ao momento (além da Taça de Portugal poderia haver ainda mais três a seis, dependendo dos encontros caso se cruzassem no playoff final do Campeonato e na Final Four da Liga dos Campeões) mostrou filmes e resultados diferentes, com o Benfica a entrar melhor na Luz, a não materializar o domínio e a terminar com um empate que poderia ser derrota e com o Sporting a ter um grande arranque no João Rocha que acabou por ser fundamental para o triunfo. Agora haveria um acerto de contas, com os leões em busca da quinta Taça de Portugal consecutiva e os encarnados a terem a possibilidade de quebrar um jejum que já vinha desde 2020 em finais com o Sporting e desde 2017 na prova.

O jogo começou a todo o gás e com o Benfica a ficar muito perto de inaugurar o marcador logo nos segundos iniciais com a bola a ser cortada em cima da linha da baliza de Guitta. Não entrou aí, entrou pouco depois: Léo Gugiel voltou a subir com bola, arriscou o remate e o ressalto sobrou para Jacaré marcar na área (3′). Logo na resposta, numa grande jogada coletiva, Erick obrigou o guarda-redes encarnado a uma grande defesa no chão (4′). A final estava lançada, com os encarnados a conseguirem sobretudo estar por cima pelo número de segundas bolas ganhas e com os leões a responderem depois desses minutos iniciais na mesma moeda e a criarem oportunidades para chegarem a um empate que surgiu já perto do intervalo, com Diogo Santos a roubar a bola a Bruno Cintra e Pany Varela a não perdoar numa situação 1×0 com Gugiel (17′).

A emoção, a intensidade e a qualidade de um jogo que é muitas vezes descrito no mundo do futsal como o melhor dérbi do mundo estavam garantidos, o resto da história dependeria de quem fizesse o 2-1 e também de quando fosse feito o 2-1. E não faltaram oportunidades nas duas balizas, com Guitta e Léo Gugiel a serem dois dos elementos em foco na partida também pelos desequilíbrios que criavam quando subiam até ao meio-campo contrário (menos na segunda parte). Foi daí que “nasceu” o terceiro golo do jogo, ainda que sem culpas para o brasileiro: numa saída para 5×4 Cavinato fez um passe errado com o guardião fora da baliza e Diego Nunes fez o chapéu com classe antes do meio-campo para recolocar o Benfica na frente (33′). Logo de seguida, na sequência de uma reposição lateral, o brasileiro bisou mesmo ao segundo poste (34′).

O Sporting teria de arriscar o 5×4 com guarda-redes avançado, experimentando novamente a solução testada com o Sp. Braga/AAUM de ter Alex Merlim nessa posição. No entanto, e apenas na terceira jogada ofensiva organizada, os encarnados sentenciaram de vez o resultado com Arthur a marcar de um lado ao outro para o 4-1 que quase fechava as contas (36′). Pela primeira vez e à sexta tentativa, o Benfica conseguia ganhar a Taça de Portugal numa final disputada contra o grande rival, naquela que é a segunda conquista da época depois de ter ganho antes a Taça da Liga. E o próximo dérbi pode surgir agora na Final Four da Champions.