Chegava pela primeira vez como o número 1 nacional, tinha melhorado aquele que era o seu melhor ranking ATP de sempre (de 70.º para 65.º), vinha motivado com a vitória no challenger de Phoenix que antecedeu a entrada direta no quadro principal do Miami Open. Não faltavam razões para Nuno Borges tentar arriscar aquilo que apenas João Sousa conseguiu em 2018: lutar por uma vitória na final do torneio. E a própria organização acreditava que esse “sonho” era possível, com João Zilhão, diretor do Estoril Open, a admitir esse cenário entre elogios ao efeito que a vitória que teve nos pares com Francisco Cabral em 2022 teve na procura de bilhetes também para uma variante que não costuma recolher tanto interesse do público.

“Lembro-me que 2018 foi talvez um dos momentos mais felizes da minha carreira ou mesmo o momento mais feliz, ver o João Sousa a ganhar aquele último ponto e a cair para o chão… Ainda outro dia vi essas imagens e vêm lágrimas aos olhos porque foram momentos indescritíveis de emoção e alegria… No ano passado, ver o Nuno Borges e o Kiko [Francisco] Cabral a ganharem também em pares também foi algo surpreendente e espectacular. Poder ter o Nuno Borges, que está num pico de forma, a ganhar os singulares este ano era uma alegria fantástica para mim e para todos os portugueses. Pares? Os detentores do título serão um ponto de grande interesse em 2023 e toda a gente vai querer ver os jogos para perceber se conseguem repetir o brilharete que conseguiram no ano passado”, comentou em entrevista ao Observador.

“Quando fechei Ruud nos EUA estava a um jogo de ser o número 1 do ranking”: entrevista a João Zilhão, diretor do Estoril Open

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Sendo o quarto português a entrar no court esta terça-feira, referências não lhe faltavam. A garra e entrega de Henrique Rocha, o português mais novo de sempre no quadro principal que acabou por perder com o espanhol Bernabé Zapata na estreia num quadro principal do ATP. A resiliência de Pedro Sousa, que fazia a despedida do torneio (vai retirar-se agora em Oeiras) e ainda ganhou o primeiro set antes de quebrar sem não mais recuperar frente ao jovem francês Luca van Assche. O talento e capacidade de João Sousa, que voltou aos melhores tempos apesar de estar a atravessar uma fase mais complicada da temporada para voltar a ganhar num jogo no quadro principal após cair na ronda inicial com Cameron Norrie e Sebastián Báez. No entanto, e num encontro abaixo do que fez nas últimas semanas, o português acabou por perder frente ao francês Quentin Halys (81.º do ranking) num encontro em que os jogos de serviço fizeram a diferença.

O jogo foi globalmente equilibrado mas com Halys a mostrar-se sempre muito consistente no seu serviço, conseguindo um break em que cada um dos sets que se revelou fundamental para o desfecho de um jogo que ainda deu sinais de possível reviravolta no décimo encontro do segundo parcial mas sem que Nuno Borges conseguisse evitar uma derrota por 6-3 e 6-4 na estreia no Estoril Open.

“Estou um pouco desapontado, queria muito ganhar aqui. Não consegui fazer o melhor jogo, também por mérito do adversário. Foi um jogo mais rápido do que queria, tentei prolongar mais um bocadinho, manter-me nas jogadas, infelizmente não consegui. O serviço do Halys fez muita diferença, não consegui ganhar tantos pontos com o serviço. A expectativa a cada ano tem mudado um bocadinho. Sabia que ia ter jogos muito complicados. Fui muito feliz no ano passado e, se calhar, até superei as minhas expectativas e no ano anterior também. Sinceramente saio desapontado mas não estou muito preocupado, porque tenho tido um ano muito bom, sei que estou a jogar bem. O jogo não reflete o ano que tenho tido”, comentou no final.