Centenas de milhares de pessoas voltaram a sair às ruas em toda a França em protesto contra o aumento em dois anos da idade da reforma, para os 64 anos. Só em Paris, de acordo com os sindicatos de trabalhadores, 400 mil manifestantes estão em protesto naquele é agora o 12º dia de mobilização — mas as autoridades indicam números muito inferiores, na ordem dos 42 mil participantes.

Há tensão entre polícia e manifestantes, mas menos confrontos do que na semana passada. Até às 18h de Paris, de acordo com as autoridades, 10 agentes da polícia ficaram feridos durante os confrontos com a população. “Apesar de estarmos num período de férias escolares, realizam-se hoje cerca de 280 manifestações e comícios por todo o país”, dizem os sindicatos. Em todo o país, contabilizam 1,5 milhões de manifestantes — mas o Ministério do Interior diz que são apenas 380 mil.

As discrepâncias entre as estimativas dos sindicatos e a polícia repetem-se noutras cidades francesas. Em Nantes, os sindicatos contabilizaram 25 mil manifestantes e as autoridades apenas 10 mil. Houve confrontos entre os agentes e a população em protesto, que escalaram quando a manifestação passou junto à Câmara Municipal. Alguns manifestantes arremessaram objetos em direção à autarquia e a polícia, em resposta, lançou gás lacrimogénio para dispersar a população.

Na cidade de Rennes, onde a autarquia contabilizou 6.500 manifestantes e os sindicatos um total de 15 mil pessoas, os participantes incendiaram caixotes de lixo, vandalizaram montras de lojas e mobiliário urbano; e havia carros incendiados na estrada. A polícia utilizou gás lacrimogéneo e canhões de água para controlar a população que se encaminhava para o centro histórico da cidade. Apreendeu sacos que continham pedras.

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Em Lyon, os sindicatos dizem que 22 mil pessoas se manifestaram contra as alterações à idade da reforma, mas a polícia diz ter estimado apenas 9.900. De acordo com o Le Monde, que tem avançado estes números, os protestos começaram com bombeiros a colocar flores nos escudos da polícia de intervenção. Mas as tensões escalaram e, quando os manifestantes desceram em direção a uma praça, as autoridades lançaram gás lacrimogénio.

Durante os protestos, um jornalista do Actu Lyon ficou ferido quando foi apanhado numa investida da polícia em direção aos manifestantes. De acordo com o jornal em causa, o repórter terá sido atingido por um agente com um cassetete quando a polícia interveio para travar a invasão de um hotel boutique em Lyon. Foi levado de ambulância para o hospital. Estava “consciente, mas com uma ferida”.

Segundo o Ministério da Função Pública, o número de funcionários públicos em greve esta quinta-feira é inferior à que se verificou na semana passada. A 6 de abril, 6,5% dos 2,5 milhões de funcionários públicos fizeram greve em protesto contra o aumento da idade da reforma. Esta quinta-feira, a percentagem terá baixado para 3,8%.