O adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas Frederico Pinheiro foi exonerado na quarta-feira, por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades” inerentes ao exercício das funções, confirmou esta sexta-feira à Lusa fonte oficial, depois de o Expresso ter avançado a notícia.

“A 26 de abril de 2023 foi exonerado o adjunto do Gabinete do Ministro das Infraestruturas Frederico Pinheiro”, respondeu à Lusa o gabinete de João Galamba.

Segundo a mesma resposta, “conforme descrito no despacho a publicar em Diário da República, o adjunto em causa adotou ‘comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício das suas funções num gabinete ministerial'”.

Frederico Pinheiro é visado na troca de informações divulgada na comunicação social, na quinta-feira, sobre a polémica na TAP. Foi este adjunto que tirou as notas, durante a reunião que juntou Governo, PS e a ex-CEO da TAP, que indiciam que houve combinação das perguntas e respostas que se seguiriam na audição parlamentar da empresária francesa.

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Pinheiro foi demitido na quarta-feira, ou seja, no mesmo dia em que a informação foi enviada aos deputados, véspera de ter sido tornado pública.

O adjunto aparece também nos documentos enviados à comissão de inquérito numa troca de mensagens com o ministro, em que lhe pergunta se a ex-CEO da TAP pode participar na tal reunião preparatória, ao que Galamba responde que “pode”. Pinheiro já era adjunto de Pedro Nuno Santos no ministério das Infraestruturas e transitou para o gabinete de Galamba quando este tomou posse, em janeiro.

Entretanto, a IL já reagiu à notícia. O presidente do partido, Rui Rocha, lembra que o adjunto “pediu autorização” ao ministro sobre o convite à ex-CEO da TAP para assistir à reunião. “Aparece sacrificado neste processo para desviar atenções. As responsabilidades estão bem acima”, atira. “Estamos sempre ao nível de responsabilidade muito baixa”, analisa o liberal, comparando o caso à saída do antigo secretário de Estado de Pedro Nuno Santos Hugo Mendes. E pede que António Costa se pronuncie sobre o assunto.

Já André Ventura, do Chega, diz que o clima de “impunidade” e de “passar a responsabilidade” continua. E responsabiliza o ministro, que estava a par da reunião e da “falta de solidez jurídica” para justificar os despedimentos na TAP. “O ministério das Infraestruturas foi o que mais acompanhou o dossiê, obrigando a retirar as Finanças” da ligação à TAP, recorda. Uma forma de o PS se desresponsabilizar e uma ação “de vingança”, diz Ventura, que acredita que as novas informações implicam diretamente Galamba. “Quem devia sair era João Galamba, que tal como Medina há muito tempo perdeu condições para continuar a governar”. Só o fazem devido à “teimosia” de Costa, remata.