Santiago Colombatto estava no chão, o árbitro Manuel Mota olhava para a linha lateral para o departamento médico do Famalicão entrar em campo para assistir o argentino, Pepe teve uma série de reações de completa ira perante algo que tinha acontecido. Numa primeira fase, e para quem seguia o encontro, dava ideia de que o jogador famalicense teria dito algo que o central ouvira tal como Manuel Mota. E essa revolta continuou, sem que se percebesse o que tinha acontecido. No final do jogo, que terminou com uma vitória dos dragões nos descontos do prolongamento, o próprio internacional explicou na flash interview o caso. Agora, os azuis e brancos, através da newsletter Dragões Diário, anunciaram outro passo entretanto dado.

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“O jogo também ficou marcado pelos insultos racistas dirigidos por Colombatto a Pepe. O argentino do Famalicão chamou ‘mono’ – ou seja, ‘macaco’ – ao capitão do FC Porto e da Seleção de Portugal, que reagiu com elevação: ‘Temos de dar o exemplo. Quando perdemos, é chato, mas não podemos insultar nem humilhar o próximo’. Pepe não deixou de criticar o árbitro, que assistiu ao que se passou e não atuou: ‘Ele tinha autoridade e provas para mudar uma história negra do futebol e não o fez, é inadmissível’. Para que a atitude de Colombatto não passe impune, o central apresentou queixa à Polícia de Segurança Pública imediatamente após o jogo”, explicaram os portistas na sua habitual newsletter diária.

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“É triste isto acontecer entre atletas deste nível. Infelizmente, o árbitro não teve coragem, é mesmo assim, porque ouviu que ele chamou-me de ‘mono’ [macaco em espanhol]. Toda a gente sabe o que é. Eu não saí do campo por respeito às pessoas que vieram cá e que pagaram, às pessoas que estão em casa a ver jogo de futebol, que pagam a televisão e que fazem que o desporto seja bonito. Entre jogadores isto acontecer é lamentável, ainda mais na frente do árbitro. Ele ouviu. Ele estava tão atrapalhado que dizia que não foi ‘mono’, que foi ‘monada’ [expressão para dizer ‘bonitinho’ em espanhol]. Espero que o VAR escute”, começou por referir o central de 40 anos na zona de entrevistas rápidas da RTP3 no final do encontro.

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“Vou agora falar com as pessoas do FC Porto porque quero denunciar isso. É lamentável acontecer esse tipo de coisas. Com todo o respeito, eu sou capitão do FC Porto, capitão da Seleção, respeito esta profissão. Sou o que sou hoje por causa deste desporto e temos de dar exemplo, independentemente de ganhar e perder, temos de dar exemplo. Quando perdemos, é chato, mas não podemos humilhar o próximo. É inadmissível no dia de hoje, num campo de futebol onde há muitas câmaras, onde há o árbitro, que estava ali e ouviu… Não teve coragem de parar o jogo e de dar repreensão. Se o árbitro não tem coragem, quem vai ter? Espero que as pessoas olhem para isso e tomem decisão. É inadmissível acontecer hoje num campo de futebol, onde há crianças. Disse-lhe que estava dececionado com ele. Não o cumprimentei por causa disso. Não merece. Tinha autoridade e provas para mudar uma história negra e não teve coragem. É inadmissível”, acrescentou.

“Mesmo que vos pareça impossível, não reclamem de nada, engulam o veneno. Aceitem a injustiça que tudo se equilibra no final”, comentou Santiago Colombatto através das suas redes sociais, citando uma parte de um emotivo discurso do treinador Marcelo Bielsa em 2015, quando era técnico da equipa do Marselha. O jogador argentino já tinha sido defendido antes pelo seu treinador, João Pedro Sousa. “Sejam jogadores, treinadores, dirigentes ou a polícia, quem disse que o Santiago Colombatto chamou alguma coisa é mentiroso. É mentira. Eu sou testemunha, acredito no que o meu jogador disse, há testemunhas dentro do campo mas nem precisamos de testemunha. É mentira, ponto final”, assinalou após o encontro.

“Esse senhor veio e chamou mentiroso ao Pepe, disse que eu era mal formado e mal educado, mas pelos vistos quem é mal formado e mal educado é esse senhor, o tal treinador que disse que o jogo mais importante não era o jogo do FC Porto mas a final do Jamor. Cria expectativas muito altas e a desilusão é grande… Sobre o Pepe, confio plenamente nele e existem os áudios, possivelmente do árbitro que, depois, o Conselho de Arbitragem há-de ouvir e perceber, pois foi junto do árbitro que o atleta do Famalicão chamou o que chamou ao Pepe. Como toda a gente sabe, é o capitão da Seleção, um dos jogadores mais titulados portugueses, um grandíssimo profissional… Isso é faltar ao respeito. Isso é ser mal formado e mal educado porque ele não estava lá para ouvir o que o Pepe ouviu”, defendeu Sérgio Conceição, treinador dos azuis e brancos, na conferência de imprensa após a vitória dos dragões. Também André Villas-Boas, antigo técnico dos portistas na temporada de 2010/11, deixou uma mensagem de apoio ao central: “Racismo não”.