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Otávio e um pontapé do meio da rua que gritou dor, amor e Jamor (a crónica do FC Porto-Famalicão)

Este artigo tem mais de 6 meses

Gritou de dor com uma lesão, gritou por amor para aguentar, gritou Jamor para pôr o FC Porto na final da Taça: Otávio juntou os gritos todos num pontapé e os dragões venceram o Famalicão (3-2, 5-3).

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O internacional português colocou os dragões em vantagem já nos descontos do prolongamento

DeFodi Images via Getty Images

O internacional português colocou os dragões em vantagem já nos descontos do prolongamento

DeFodi Images via Getty Images

Era o último dia em que o FC Porto era obrigado a distrair-se do objetivo do Campeonato. Depois de vencerem em Famalicão na semana passada, os dragões tinham de fazer xeque-mate em casa e garantir a presença no Jamor antes de esperarem por escorregadelas do Benfica para ainda poderem sonhar com a reconquista do título. Em resumo? O FC Porto disputava esta quinta-feira a possibilidade de resgatar uma temporada que pode acabar sem o primeiro lugar da Liga.

A equipa de Sérgio Conceição chegava à segunda mão da meia-final da Taça de Portugal vinda de seis vitórias consecutivas e sem perder há cerca de dois meses, desde a derrota com o Gil Vicente no final de fevereiro, algo que garantia uma natural confiança ao grupo. Ainda assim, as exibições dos dragões não têm sido extraordinárias e a dificuldade para vencer o dérbi contra o Boavista no último fim de semana foi prova disso mesmo — e o treinador do FC Porto tinha completa e total noção de que todos os pormenores importavam.

Ficha de jogo

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FC Porto-Famalicão, (3-2, 5-3 no conjunto das duas mãos)

Meias-finais da Taça de Portugal

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

FC Porto: Cláudio Ramos, Wilson Manafá (Taremi, 62′), Pepe, Fábio Cardoso (Stephen Eustáquio, 115′), Wendell (Zaidu, 90′), Uribe, Grujic (André Franco, 62′), Otávio, Pepê (Rodrigo Conceição, 81′), Toni Martínez (Evanilson, 81′), Galeno

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, David Carmo, Danny Loader

Treinador: Sérgio Conceição

Famalicão: Luiz Júnior, Penetra, Riccieli, Otávio (Mihaj, 84′), Francisco Moura, Zaydou, Colombatto (Gustavo Assunção, 90+3′), Dobre (Leandro Sanca, 73′), Ivo Rodrigues (Gustavo Sá, 90′), Iván Jaime (Rúben Lima, 114′), Cádiz (Denilson Júnior, 90′)

Suplentes não utilizados: Zlobin, Aguirregabiria, Pablo

Treinador: João Pedro Sousa

Golos: Cádiz (21′), Galeno (gp, 28′), Iván Jaime (75′), Otávio (120+1′), Evanilson (120+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Dobre (26′), a Pepe (30′), a Colombatto (39′), a Ivo Rodrigues (83′), a Mihaj (100′), a Penetra (108′), a Francisco Moura (110′), a Denilson Júnior (112′)

“Aqui dentro não há qualquer tipo de pressão. Há a pressão que faço sobre eles e já não é pouca. Existe naturalmente o facto de estarmos a chegar às semanas finais e de decisão, mas com a tranquilidade com que temos de trabalhar diariamente. Se pensarmos muito acabamos por cair. Vejo miúdos de 20 e poucos anos que neste momento pensam um bocado no Fortnite e nas PlayStations… O Pepe às vezes atira-se para o chão no jogo porque falhámos um ocasião. Vive muito isto e eu revejo-me nisso, mas há outros miúdos que se calhar não vivem esses momentos. Falámos nisso e discutimos essa questão emocional, é algo decisivo e que trabalhamos. Por tudo o que é esta nova geração. Por um lado, queríamos que tivessem o brilho no olhar diariamente, mas isso há poucos. Essa paixão, o friozinho na barriga que é tão bom para depois ir lá para dentro e meter-lhes um travão de mão e não o contrário. Não ter de dar dois estalos para os acordar…”, desabafou Sérgio Conceição na antevisão da partida.

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Neste contexto e sem Marcano, que foi expulso contra o Boavista e estava castigado, Sérgio Conceição lançava Fábio Cardoso ao lado de Pepe e voltava a apostar em Cláudio Ramos na baliza e Grujic no meio-campo em detrimento de Diogo Costa e Eustáquio. Uribe era titular, assim como Otávio e Pepê, e Galeno começava de início em conjunto com Toni Martínez, atirando Taremi e Evanilson para o banco de suplentes. Do outro lado, num Famalicão que vinha de duas derrotas consecutivas, João Pedro Sousa tinha os crónicos Iván Jaime, Ivo Rodrigues e Dobre no apoio a Cádiz, a referência ofensiva.

O Famalicão começou a partida a correr claramente atrás do prejuízo, surpreendendo o FC Porto com uma atitude corajosa e linhas bastante subidas que atiravam a equipa de João Pedro Sousa para o interior do meio-campo adversário. Os famalicenses tiveram mais posse de bola ao longo dos 10 minutos iniciais, com Cádiz a chegar ligeiramente atrasado a um cruzamento de Penetra que poderia ter feito a diferença (8′), e os dragões só começaram a conquistar algum controlo das ocorrências à passagem do quarto de hora.

Ainda assim, o Famalicão continuava a ser a equipa mais perigosa — e a única que conseguia desequilibrar no último terço adversário. Grujic salvou o FC Porto num momento em que Ivo Rodrigues já se preparava para finalizar depois de um erro de Cláudio Ramos (18′), Cádiz rematou contra Fábio Cardoso na sequência de uma perda de bola de Uribe (20′) e o aparentemente inevitável acabou por aparecer pouco depois. Ivo Rodrigues cobrou um livre na esquerda e Cádiz, com um ligeiro desvio de cabeça à entrada da grande área, abriu o marcador e empatou a eliminatória (21′).

A reação do FC Porto, porém, foi praticamente imediata. Uribe apareceu na grande área a responder a um cruzamento de Toni Martínez, atirando forte para uma defesa atenta de Luiz Júnior (23′), e Manuel Mota não deixou passar o lance sem ir ao VAR — acabando por assinalar falta de Dobre no momento em que o médio colombiano fez o remate. Na conversão da grande penalidade, Galeno não deu hipótese ao guarda-redes adversário e empatou o jogo para recuperar a vantagem dos dragões na meia-final da Taça de Portugal (28′).

Até ao intervalo, uma oportunidade para cada lado: Toni Martínez atirou cruzado para defesa de Luiz Júnior (31′), Cádiz rematou rasteiro à entrada da grande área para defesa de Cláudio Ramos (34′). Galeno ainda voltou a colocar a bola do fundo da baliza, com o lance a ser anulado por fora de jogo de Martínez num momento anterior da jogada (38′), e FC Porto e Famalicão chegaram mesmo empatados ao fim da primeira parte. Um empate que se restringia ao jogo e que atribuía vantagem aos dragões — ainda que a exibição da equipa de Sérgio Conceição estivesse a ser francamente pobre.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Famalicão:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Famalicão voltou a entrar melhor, assumindo a larga maioria da posse de bola e procurando inserir-se por inteiro no meio-campo adversário. O FC Porto não demonstrava grande capacidade — ou até vontade — de reagir, resignando-se a tentar travar as investidas dos famalicenses sem apostar propriamente em chegar à vantagem na partida.

Sérgio Conceição decidiu mexer à passagem da hora de jogo, trocando Manafá e Grujic por Taremi e André Franco e recuando Pepê para a posição de lateral direito já depois de Iván Jaime acertar no poste de fora de área (61′), mas a superioridade que o Famalicão ia demonstrando acabou por dar frutos. Na sequência de um lance ainda no próprio meio-campo, Ivo Rodrigues lançou Iván Jaime na esquerda e o avançado conduziu até entrar na grande área, atirando cruzado para bater Cláudio Ramos e empatar a eliminatória (75′).

Os dragões ficaram perto de voltar a marcar logo depois, com um remate de Uribe que passou ao lado (78′), e Sérgio Conceição reagiu novamente com uma dupla substituição ao lançar Rodrigo Conceição e Evanilson para os lugares de Pepê e Toni Martínez. João Pedro Sousa mexeu na defesa e lançou o habitualmente titular Mihaj, sendo que já tinha trocado Dobre por Leandro Sanca, e já nada se alterou até ao fim dos 90 minutos. Ou seja, a meia-final da Taça de Portugal seguiu para prolongamento.

Nada parecia mudar durante a meia-hora extra — pelo menos até o quarto árbitro levantar a placa que ditou dois minutos de descontos até às grandes penalidades. Aí, Otávio mudou tudo: canto na direita, a bola sobrou para a entrada da grande área e o internacional português atirou de forma indefensável para acabar com as dúvidas (120+1′). Sérgio Conceição foi expulso nos festejos e, com o Famalicão já totalmente de cabeça perdida, Evanilson ainda marcou para dar a vitória aos dragões e sentenciar a eliminatória (120+4′).

No fim, o FC Porto venceu e está na final da Taça de Portugal, onde vai defrontar o Sp. Braga e procurar revalidar o título conquistado contra o Tondela no Jamor há cerca de um ano. Otávio gritou de dor com uma lesão muscular nos derradeiros minutos, gritou por amor para aguentar e gritou Jamor para pôr os dragões na final: e juntou os gritos todos num pontapé do meio da rua.

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