Siga aqui o liveblog sobre a guerra na Ucrânia

Chegou a pensar-se que, pelo clima de alta tensão entre Kiev e Moscovo, o discurso seria online. Mas Vladimir Putin esteve presente no desfile militar daquela que é a segunda celebração do Dia da Vitória desde o início da ofensiva contra a Ucrânia iniciada em fevereiro de 2022. E foi perante oito mil militares que pôs o Ocidente, e as suas elites, na mira, acusando-os de encentar uma “autêntica guerra” contra a Rússia e de “destruir” os “valores familiares tradicionais”.

O chefe de Estado russo continua a apelidar o conflito militar propriamente dito como uma “operação militar especial”, e só menciona a palavra “guerra” no sentido de uma guerra civilizacional de que vem falando há meses, acentuando a dicotomia entre a Rússia e o Ocidente. “Hoje a civilização encontra-se num novo ponto de viragem. Contra a nossa Rússia foi desencadeada, outra vez, uma autêntica guerra. Mas nós resistiremos ao terrorismo internacional e também defenderemos os habitantes do Donbass e vamos garantir a nossa segurança”, referiu.

No discurso do dia em que se celebra a derrota da Alemanha nazi em 1945, que pôs fim à Segunda Guerra Mundial na Europa, Putin falou mesmo numa “guerra criminosa”, em que as “elites ocidentais continuam a dividir a sociedade”.

O Presidente russo procurou colar os países do Ocidente, e as suas “elites”, à “russofobia”, a um “nacionalismo agressivo” e ao que diz ser a destruição dosvalores familiares tradicionais“. O Ocidente, argumenta, quer “impor os seus conceitos e a sua repressão”, “elevar os nazis ao domínio mundial” e “erguer muros”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Há um nervosismo que nunca se viu antes.” Rússia prepara-se para o 9 de maio com várias medidas de segurança

Por outro lado, os cidadãos da Rússia “não têm sentimentos contra os povos nem do Ocidente nem do Oriente”. Pretendem “uma vida estável, pacífica”, disse.

O discurso aconteceu na Praça Vermelha, em Moscovo, frente a dezenas de militares e na presença de vários líderes de repúblicas ex-soviéticas, incluindo Aleksandr Lukashenko, da Bielorrússia, mas também representantes políticos da Arménia, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Turquemenistão.

Exaltando a memória histórica da Segunda Guerra Mundial, Putin lembrou os “heróis” do passado, mas também os do presente, que combatem na Ucrânia, a quem agradeceu, depois de um minuto de silêncio. “De vós depende o futuro do nosso Estado e do nosso povo”, defendeu. “Não há nada mais forte que o nosso amor pela pátria, pela Rússia, pelas nossas forças armadas, pela vitória”, disse, no final do discurso.

A parada foi organizada num ambiente de máxima tensão. Aliás, a Praça Vermelha esteve encerrada nas duas semanas anteriores e o desfile foi reduzido face ao normal, devido aos receios de terrorismo. A lista com o que iria acontecer e o equipamento que seria exposto durante a parada costuma ser disponibilizada com antecedência, mas este ano tal não aconteceu.

O desfile também foi mais curto do que o habitual e terminou ao fim de 20 minutos. “É o desfile mais curto que me lembro de ter visto”, afirmou Michael Clarke, analista militar ouvido pela Sky News. Na parada, Clarke identificou um dos tanques T-34, que foram a “espinha dorsal do Exército Vermelho contra os alemães”.