Mesmo após a grande reestruturação operacional nos bancos, dispensando milhares de funcionários e fechando centenas de agências na última década, “os bancos estão sempre a correr atrás de formas de serem mais eficientes” e, por isso, a consultora Alvarez & Marsal abriu um escritório em Lisboa. Mário Trinca, diretor-geral, diz que entre 11 e 12 pessoas serão contratadas em breve e dentro de poucos anos poderá haver entre 40 e 50 pessoas a trabalhar na A&M em Portugal. Um dos primeiros recrutados é António Ramalho, ex-presidente do Novo Banco, e Mário Trinca diz-se “encantado”.

Em apresentação do novo escritório aos jornalistas, na zona do Parque das Nações (Lisboa), Mário Trinca diz ter “uma grande felicidade” por contar com António Ramalho. O gestor, que esteve na EY e na Accenture, recorda que António Ramalho lhe “adquiriu serviços quando era CFO (administrador financeiro) do grupo Mundial Confiança. Foi meu cliente e já o conheço desde essa data” [1999-2000]. Muito mais tarde, a consultora Alvarez & Marsal seria contratada por António Ramalho (e também pelo seu antecessor, Eduardo Stock da Cunha) para vários trabalhos no banco que resultou da resolução do BES.

O seu conhecimento do país é extraordinário e  a grande mais-valia é para os nossos clientes“, afirmou Mário Trinca, acrescentando que “a ideia é capitalizar esse conhecimento na nossa atuação com os clientes”. “Estou encantado por poder ter esta assessoria” do ex-presidente do Novo Banco, que também liderou empresas como a Infraestruturas de Portugal, a CP e a Estradas de Portugal, além de outras empresas do setor financeiro.

António Ramalho vai trabalhar para a consultora que contratou no Novo Banco

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Numa primeira fase, o principal foco da Alvarez & Marsal será as empresas do setor financeiro – bancário e não só – mas todos os setores interessam, de um modo geral. O “setor das infraestruturas vai ter investimentos, como todos sabemos, a energia será também um setor importante e não descuramos o setor público, também, porque reconhecemos que há oportunidades de melhoria de eficiência”.

Eu vejo muito o setor público como se fosse um grande backoffice do País. E um backoffice que consome demasiados recursos para o nível de serviço que desenvolve. Pessoalmente acredito que há muita oportunidade de transformação digital nos serviços para eliminar atividades que até para os próprios trabalhadores são repetitivas”, diz Mário Trinca, destacando que os processos de modernização digital e produtividade são um dos serviços prestados pela Alvarez & Marsal.

A operação portuguesa da consultora não irá ter atividade de auditoria financeira, pelo que Mário Trinca sublinha que dessa forma a empresa tem uma participação mais “independente” nos processos em que se envolver – “porque não tem a ambição de, depois, ir buscar trabalhos de auditoria no mesmo cliente”. “Entregamos resultados, não entregamos powerpoints“, atirou Mário Trinca.

A Alvarez & Marsal está já a “conversar” com os sete maiores bancos em Portugal, negociando com estes os seus serviços.