As duas exposições dedicadas ao Pritzker brasileiro intitulam-se “Geografias Construídas: Paulo Mendes da Rocha”, com curadoria de Jean-Louis Cohen e Vanessa Grossman, e “Paulo: Para Além do Desenho”, com curadoria de Rui Furtado e Marta Moreira, segundo a organização.

Depois de ter recebido a doação da totalidade do acervo do arquiteto, em 2021, a Casa da Arquitetura — Centro Português de Arquitectura convidou uma equipa internacional a conceber uma retrospetiva da obra de Paulo Mendes da Rocha, com duas exposições simultâneas.

Ambas as exposições são baseadas no acervo doado à Casa da Arquitetura, com um total de 8.800 itens, englobando todo o material produzido durante a sua vida profissional, desde a década de 1950 até ao ano da morte.

“Geografias Construídas: Paulo Mendes da Rocha” contará ainda com um projeto expositivo de Eduardo Souto de Moura e Nuno Graça Moura, ficando instalada na nave expositiva do edifício, enquanto “Paulo: Para Além do Desenho” será, por seu turno, um projeto expositivo de Ricardo Bak Gordon e ficará instalada na galeria da entidade.

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Do acervo doado fazem parte mais de 320 projetos, reunindo cerca de 6.300 desenhos analógicos, 1.300 desenhos físicos, três mil fotografias e slides, e ainda um conjunto de maquetes feitas pelo próprio arquiteto, nascido em 25 de outubro de 1928, em Vitória, no estado brasileiro do Espírito Santo.

A mostra intitulada “Paulo: Para além do desenho” visa oferecer ao visitante “a oportunidade de ter com o arquiteto brasileiro uma experiência mais íntima, permitindo-lhe ouvir a sua visão do mundo e as suas reflexões sobre tantos temas que o ocuparam e que no fundo, explicam a sua obra”, segundo um texto da organização.

Paralelamente a estas duas exposições vai decorrer um programa de atividades com curadoria do arquiteto Nuno Sampaio, diretor-executivo e comissário-geral da Casa da Arquitetura, da arquiteta Catherine Otondo e da arquiteta e historiadora Vanessa Grossman.

Este programa paralelo vai contar com debates, conferências, visitas de obra, com o objetivo de criar “uma grande festa da arquitetura e de celebração da obra e da pessoa de Paulo Mendes da Rocha”, sublinha um texto colocado no site da entidade.

Prémio Pritzker em 2006, Mendes da Rocha foi primeiro associado honorário da Casa da Arquitectura em setembro de 2018, e o mais recente galardoado com a medalha de ouro do Congresso da União Internacional de Arquitetos.

Mendes da Rocha morreu a 23 de maio de 2021, aos 92 anos. O arquiteto recebeu o Leão de Ouro de carreira na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2016, ano em que também recebeu o Prémio Imperial do Japão. Em 2017 a medalha de ouro do Instituto Real de Arquitetos Britânicos.

O Museu Brasileiro de Escultura (1987), o Museu de Arte de Campinas (1989) e o restauro da Estação da Luz, em São Paulo, convertido em Museu da Língua Portuguesa (2006) estão entre os seus projetos mais conhecidos.

Em Portugal, o Museu dos Coches e a Casa do Quelhas, em Lisboa, são os dois projetos da sua autoria, e também das poucas obras que realizou fora do Brasil, onde centrou a sua carreira.

Paulo Mendes da Rocha foi também galardoado com o Mies van der Rohe de arquitetura latino-americana por dois anos consecutivos, pelo Museu Brasileiro de Escultura (1999) e pela Pinacoteca de São Paulo (2000).

Criada em 2007, a Casa da Arquitectura é uma entidade cultural sem fins lucrativos que desenvolve atividade no universo da criação e programação de conteúdos para a divulgação nacional e internacional da arquitetura, e é apoiada por fundos públicos e privados, tendo a Câmara Municipal de Matosinhos e o Estado como principais financiadores.

A inauguração das duas exposições na Casa da Arquitetura está marcada para 26 de maio, às 21:30, com o concerto “Músicas Brasileiras, Músicos Portugueses” da Orquestra Jazz de Matosinhos.