O Presidente da República falou esta quarta-feira sobre História de Portugal e a atual realidade do país perante estudantes sul-africanos de português, ocasião em que lembrou o seu antigo aluno António Costa, “brilhante” mas que “estudava pouco”.

Estas referências a António Costa foram feitas por Marcelo Rebelo de Sousa numa sessão com estudantes de língua portuguesa na Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo, em que participou juntamente com o primeiro-ministro, depois de ambos terem visitado o Camões — Centro de Língua Portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa fez uma intervenção inicial em inglês, contendo uma breve síntese da História de Portugal e sobre o país nos dias desta quarta-feira. Mas a plateia animou-se quando o Presidente da República se referiu à sua anterior atividade de professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e ao estudante António Costa, que estava ali ao seu lado.

“Quando o primeiro-ministro era um estudante, foi meu aluno, com a idade de 19 anos. Já era inteligente, brilhante e pró-ativo, muito ativo. Estudava muito pouco, estava envolvido na política a maior parte do tempo”, declarou o chefe de Estado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

António Costa ainda fez um gesto dando a entender que, na sua perspetiva, as coisas com ele, quando era estudante, não eram bem assim. Mas Marcelo Rebelo de Sousa prosseguiu: António Costa “teve 17 em 20”.

“Em Portugal, o máximo é 20, o que é muito bom para alguém que não estudava nada”, comentou o Presidente da República, gerando uma gargalhada na sala.

Mais à frente, nesta mesma sessão, o Presidente da República tentou passar para o primeiro-ministro a resposta a uma das perguntas feitas por estudantes, mas António Costa rejeitou: “Eu não estudei”, alegou, ouvindo-se novamente risos na plateia.

No seu discurso na Universidade de Wits, onde estudou o antigo Presidente da África do Sul e líder da resistência ao regime do Apartheid, Nelson Mandela, Marcelo Rebelo de Sousa, perante os estudantes de português, defendeu a tese de que “Portugal só aparentemente é pequeno em tamanho”.

“É o país europeu mais antigo, com quase 900 anos. Mas quando falamos do mar que temos sob nossa jurisdição, é quase 20 vezes o tamanho bem conhecido nosso território. E será no futuro 40 vezes, porque a nossa plataforma continental vai ser alargada. Esta é outra maneira completamente diferente de ver Portugal”, sustentou.

Em número de habitantes, referiu o chefe de Estado, o território nacional tem 10 milhões, mas há 12 milhões de portugueses no exterior e que estão em todos os países do mundo, “aqui na África do Sul, a terceira maior comunidade após França e Brasil, depois a África do Sul”.

“Em cada continente há pelo menos um país onde se fala português. Estamos em todo o clado. O português é a segunda língua mais falada no hemisfério sul e a segunda no digital, depois do inglês e antes do espanhol”, advogou, dizendo que esse resultado se deve ao Brasil. “Eles são loucos pelo digital”, comentou.

Em relação ao país desta quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Portugal “é pioneiro na energia limpa”, organiza a Web Summit e possui um número recorde de startups, tendo já oito “unicórnios”, empresas tecnológicas com capital superior a mil milhões de dólares.

“Tivemos de enfrentar quatro desafios ao mesmo tempo: O fim de um império, o último europeu; a transição democrática; as mudanças económicas e sociais: e a Integração na então Comunidade Económica Europeia. Em 12 anos fizemos o que economias importantes europeias fizeram em 50 anos”, acrescentou.