Depois de várias conquistas consecutivas no plano nacional, quase sempre tendo o velho rival como opositor direto na decisão, o Sporting perdeu na final da Taça de Portugal frente ao Benfica já depois de ter caído nas meias da Taça da Liga diante do Quinta dos Lombos. Mais: desde a derrota após prolongamento na final do playoff de 2020/21, que nem por isso retirou o título, os leões tinham averbado apenas uma derrota em 13 jogos e numa partida ainda na fase regular sem impacto. No entanto, esse desaire colocava a hipótese real de os encarnados darem seguimento a esse sucesso que quebrou um jejum de três anos sem títulos e logo numa final do Campeonato. No jogo 1, a resposta foi curta e imperou a lei do mais forte dos leões; agora, o jogo 2 assumia uma especial importância, tendo em conta o desaire sofrido no Pavilhão João Rocha.

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“Vimos de um resultado que não queríamos. Em alguns momentos não fomos iguais a nós próprios. Queremos deixar aqui outra imagem, sabendo as dificuldades que temos. É espaço curto de preparação para adaptar e corrigir as situações que correram menos bem mas estamos focados na parte tática e física. Jogamos por esta camisola e por este clube, e este clube é dos sócios e dos adeptos. Jogamos para eles e por eles. Quando não conseguimos um resultado positivo, os adeptos cobram-nos mas são os primeiros a reconhecer quando a equipa deixa a pele, o sangue e o suor lá dentro. É essa imagem e é isso que vamos deixar”, comentou Mário Silva, treinador da formação encarnada, em declarações ao canal do clube.

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“A euforia é normal tanto pelo resultado como pela exibição, qualidade evidenciada, superioridade, categoria e forma como o Sporting ganhou, mas é uma euforia desmedida porque o objetivo é ser campeão e não ganhar um ou dois jogos. Sinto a equipa no mesmo registo da equipa técnica, estamos em sintonia. Sabemos o que temos de fazer e o que queremos atingir, assim como as dificuldades que vamos ter no segundo jogo. Recuperámos e estamos a afinar algumas situações a pensar em algumas alterações que o Benfica vai fazer. Temos de nos adaptar e ajustar. Vamos estar prontos para competir ao máximo e fazer o que estiver ao nosso alcance para conseguir ganhar”, prometera Nuno Dias, técnico da formação verde e branca, à Sporting TV.

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Era neste contexto que chegava um jogo chave na final, depois de quatro dérbis com saldo equilibrado esta temporada entre dois triunfos dos leões (6-4 na fase regular e 5-1 no jogo 1 da final), um empate (1-1 na fase regular, na Luz) e um triunfo dos encarnados (4-1 na final da Taça de Portugal). Agora, ficou tudo de vez empatado, com o Benfica a empatar a final com uma vitória no jogo 2 que mantém tudo em aberto nas grandes decisões e com Chishkala a destacar-se em dia de Santo António como uma das figuras da partida que terá agora novo capítulo no Pavilhão João Rocha, com os leões a receberem os encarnados no sábado.

A partida começou de forma inesperada com dois golos que pouco ou nada tinham a ver com a importância do que estava em causa. Logo na primeira bola parada, naquele que foi o principal fator diferenciador entre as equipas no jogo 1, Alex Merlim surpreendeu com um livre direto que deixou Léo Gugiel mal na fotografia e inaugurou o marcador (2′). Quase de seguida, Chishkala conseguiu ainda tocar a bola num lance que parecia perdido para Erick, apanhou Guitta e já fora da baliza e Bruno Coelho só teve de encostar sem oposição para o empate (3′). Foi um arranque de loucos, daqueles que os adeptos adoram mas os treinadores tentam a todo o custo evitar, e o encontro entrou depois numa fase mais “trancada” e sem grandes oportunidades até começarem a testar novas variantes com os encarnados em 4×0 e os leões em 3×1 com Zicky Té na quadra.

Até ao intervalo, houve alguns momentos em que o jogo abriu um pouco mais, fosse por jogadas coletivas, ações individuais ou respostas a ataques com contra-ataques, as duas balizas foram sofrendo ameaças com alguns remates perigosos com destaque para Diego Nunes e Zicky Té, mas a igualdade foi-se mantendo com o passar dos minutos que pareciam ser mais rápidos pela intensidade dos dois conjuntos. Aliás, esse cenário parecia estar destinado a ficar até ao intervalo mas, no último minuto do primeiro tempo, o Sporting voltou a ficar em vantagem no marcador na sequência de uma (raríssima) saída 3×2 dos leões após interceção de um passe de Bruno Coelho por Erick que foi depois assistir Pauleta para o desvio de pé direito na área a 16 segundos do final que deixou o técnico Mário Silva à beira de um ataque de nervos pelo timing do lance.

Apesar da desvantagem, o descanso fez bem ao Benfica que partiu para os melhores cinco minutos na final até então que não só permitiram chegar logo ao empate na sequência de uma bomba de Chishkala depois de um canto (22′) como ameaçar por algumas vezes a reviravolta que só não surgiu porque Guitta “sacou” três grandes intervenções a remates de Bruno Coelho de livre, de Silvestre após um canto e de Lúcio depois de uma assistência de Bruno Coelho. Fosse nas bolas paradas, fosse no ataque 5×4 com Léo Gugiel subido com dois elementos a afundarem na linha de fundo e a deixarem o espaço à frente do meio-campo para um 3×2, os encarnados estavam por cima a todos os níveis e foi na fase em que parecia estar a voltar o equilíbrio que surgiu mesmo o 3-2, com Erick e Jacaré a desviarem um remate de Léo Gugiel (30′).

As contas viravam por completo, com o Sporting a ter pela primeira vez de tentar reverter uma desvantagem neste jogo e no playoff final sem que conseguisse recuperar aqueles momentos de domínio que tivera antes mas a beneficiar da quinta falta muito cedo no segundo tempo com mais de seis minutos ainda por jogar e com alguns jogadores a começarem a dar sinais de fadiga pelo meio. No entanto, entre o mérito defensivo dos encarnados e alguma desinspiração à mistura dos verde e brancos após o intervalo, o resultado manteve-se até à altura de maior risco dos leões que chegou já dentro dos últimos três minutos, quando Merlim entrou como guarda-redes avançado no 5×4 sem que essa superioridade numérica tivesse efeitos práticos.