Uma organização de direita indiana propôs na quarta-feira a realização de um filme sobre as “atrocidades indescritíveis” cometidas contra os hindus durante o domínio português no Estado de Goa, avançou o jornal indiano The Times of India.

“Se a Índia aceitou ‘Kashmir Files’ [Os Ficheiros de Caxemira] e “The Kerala Story” [A História de Kerala], então porque é que não há de haver um “Goa Files” [Ficheiros de Goa]?”, disse o porta-voz da organização de direita Hindu Janajagruti Samiti (HJS), Ramesh Shinde, referindo-se a duas obras inspiradas em episódios da história da Índia.

As declarações foram feitas uma semana depois de o líder do governo de Goa, Pramod Sawant, ter afirmado que era “altura de apagar os sinais dos portugueses”.

Ainda de acordo com o The Times of India, Sawant afirmou, numa cerimónia em honra do 350.º aniversário da coroação do líder Shivaji, que no 60.º aniversário da libertação de Goa, o Estado devia eliminar toda a influência portuguesa e “começar de novo”.

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O responsável goês apontou que os portugueses tinham começado a destruir os templos há 350 anos e que a devastação foi interrompida após terem sido confrontados por Shivaji, escreveu o jornal.

“Porque é que toda a gente em Goa e no resto da Índia não há de saber a extensão das atrocidades“, notou, por sua vez, o porta-voz do grupo HJS, afirmando que os portugueses cometeram “atrocidades indescritíveis” contra os hindus.

O responsável anunciou que a realização do filme “Goa Files” vai ser discutida na 11.ª edição da convenção anual All India Hindu Rashtra, que reúne centenas de chefes de diferentes organizações hindus da Índia e de todo o mundo entre 16 e 22 de junho.

Os 60 anos da invasão de Goa, Damão e Diu

“O Papa pediu desculpas publicamente em todo o mundo pelas atrocidades desumanas cometidas pelos cristãos mundialmente. Haverá alguma razão para ainda não ter pedido desculpa ao povo de Goa”, questionou Shinde. A convenção vai também propor ao governo de Goa a criação de um museu sobre a inquisição naquele território, continuou a publicação em língua inglesa.

“Estes museus existem em países cristãos, como Peru, Brasil, Espanha e Portugal. Então, porque é que não há de ser criado um museu deste tipo em Goa?“, disse o porta-voz.

O grupo HJS também vai ajudar o governo de Goa a identificar a localização dos templos destruídos durante o domínio português, de modo a que os templos possam ser reconstruidos nesses locais, notou.