A ideia de que Simone Biles poderia voltar à competição nunca esteve fora de questão, até porque a própria ginasta já tinha revelado que tinha regressado aos treinos e estava a trabalhar com os treinadores. Contudo, quase dois anos depois de ter interrompido a carreira na sequência dos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde desistiu de quatro finais individuais e da prova coletiva por não se sentir em condições psicologicamente, a certeza desse regresso deixou muitas dúvidas.

“Tenho estado no ginásio, tenho treinado. É frustrante, porque consigo fazer tudo outra vez. Não sei… Foi stress, foi ansiedade, foi a antecipação. Mas o que aconteceu, aconteceu”, explicou a norte-americana em entrevista à revista People logo em agosto de 2021, deixando essa ideia de que estava a preparar-se para eventualmente voltar. Esta quarta-feira, a ideia tornou-se realidade quando a USA Gymnastics confirmou que Simone Biles estará no US Classic, uma das principais provas de preparação para os Campeonatos Nacionais que estão marcados para o fim de agosto.

Simone Biles está de regresso à competição depois da pausa de dois anos

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A partir do momento em que o regresso da ginasta de 26 anos foi oficializado, surgiu a pergunta óbvia: quer isto dizer que Simone Biles vai estar nos Jogos Olímpicos de Paris no próximo ano? Sobre a resposta, porém, ninguém consegue ter certezas. Ainda assim, e logo a começar pelo facto de já ter voltado aos treinos há algum tempo, existem algumas pistas que podem indicar que a norte-americana quer marcar presença nos terceiros Jogos da carreira.

Logo à partida, o pormenor de regressar à competição no US Classic. Em 2018, dois anos depois dos Jogos Olímpicos do Rio onde fez história, Simone Biles também interrompeu a pausa na carreira nesta prova e antes de se relançar a sério nos Campeonatos Nacionais. Na altura, é certo, faltavam uns teóricos dois anos para os Jogos seguintes — mas a Covid-19 encurtou o calendário e fez com que existissem apenas dois anos de distância entre Tóquio e Paris, o que faz com que Biles tenha parado durante o tempo habitual mas esteja a voltar um pouco mais em cima da hora.

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Depois, a alteração de discurso. Em outubro do ano passado, a ginasta garantiu numa entrevista à NBC que ainda tinha “medo de estar no ar” e que continuava a ir “religiosamente” à terapia. Em janeiro, há alguns meses, disse ao Houston Chronicle que estaria em Paris “sem qualquer sombra de dúvidas” — só não sabia em que papel. “Ainda não sei se vou estar a competir ou na bancada a aplaudi-las, mas sei que vou estar em Paris”, atirou, abrindo a porta à possibilidade de marcar presença nos Jogos. Agora, de forma oficial, vai voltar a competir. O que não deixa de ser mais uma enorme pista de que está a tentar recuperar a forma física.

Por fim, o facto de não ser a única a parar durante dois anos e a regressar a pouco mais de um dos Jogos de Paris. Também Sunisa Lee, que conquistou uma medalha de ouro, uma de prata e outra de bronze em Tóquio, esteve sem competir nos últimos dois anos e agendou o regresso para o US Classic no início de agosto. A ginasta norte-americana de 20 anos tem estado a recuperar de um problema nos rins e só irá tentar qualificar-se para os Campeonatos Nacionais agora, sendo naturalmente uma das grandes esperanças olímpicas dos Estados Unidos em Paris.

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Em resumo, nada é uma certeza e tudo é uma dúvida. Depois de dois anos em que aproveitou para se afastar do desporto e dos holofotes, casou e manteve-se à margem de tudo o que a afetou em Tóquio, Simone Biles vai voltar ao sítio que a tornou uma estrela mundial. Resta saber se quer voltar a ser uma estrela olímpica.