O último encontro entre Carlos Alcaraz e Daniil Medvedev tinha sido em março, há quatro meses, na final de Indian Wells. Na altura, numa fase de preparação para Roland Garros, o tenista espanhol não deu hipótese ao russo e venceu em dois sets, conquistando o oitavo título ATP da carreira — e deixando o adversário com uma vontade clara de obter a desforra.

Esta sexta-feira, os tais quatro meses depois, Medvedev tinha a possibilidade de se vingar da derrota em Indian Wells. Nas meias-finais de Wimbledon, já depois de Djokovic vencer Sinner e carimbar o passaporte para a final do Grand Slam britânico, espanhol e russo reencontravam-se com o objetivo de fazer companhia ao sérvio na partida decisiva do próximo domingo.

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“Ele é um grande jogador e vai ser difícil para nós. O Alcaraz deu cabo dele na última vez que jogaram, portanto, teremos de ser muito melhores. Vamos ver. Espero que tenhamos preparado bem a nossa estratégia, para sermos melhores e ganhar”, explicou Gilles Cervara, o treinador de Medvedev, que também recordava que o russo ainda não tinha jogado no court central do All England Club, enquanto que o espanhol tinha realizado todas as partidas no campo principal do recinto britânico.

Em comum, Medvedev e Alcaraz tinham desde logo o facto de nunca terem chegado tão longe em Wimbledon. A separá-los, Medvedev e Alcaraz tinham desde logo o facto de o primeiro não ter ido além da primeira ronda em Roland Garros e da terceira na Austrália e de o segundo ter chegado às meias-finais em Paris e ser o atual número 1 mundial. O tenista espanhol continua a manter o estatuto de coqueluche do ténis internacional, procurando a segunda final de Grand Slam da carreira e repetindo as jogadas impressionantes que correm o mundo, e conquistou até… Gary Lineker.

“Que talento é Carlos Alcaraz. Parece e movimenta-se como um futebolista, com o poder e a velocidade de Ronaldo misturados com o toque e a sensibilidade de Messi. Mas com uma raquete”, defendeu o antigo internacional inglês, numa consideração que terá agradado ao fã confesso de futebol que vive dentro do espanhol de 20 anos.

Alcaraz venceu o primeiro set com relativa naturalidade (6-3), sublinhando-se o facto de Medvedev defender o serviço do espanhol numa posição muito recuada. O russo nunca esteve em vantagem durante o set, limitando-se a correr atrás da superioridade clara do adversário sem grandes argumentos para discutir o resultado. Medvedev saiu para o balneário no fim do set — e ficava claro que teria de fazer muito mais para discutir um lugar na final.

O espanhol repetiu a receita no segundo set (6-3), mantendo uma agressividade impossível de contrariar por parte do russo — que a dada altura olhava para o treinador à procura de respostas, claramente sem encontrar soluções. Medvedev respondeu essencialmente no terceiro e decisivo set, quebrando dois serviços de Alcaraz e obrigando o espanhol a vencer um crucial terceiro jogo em que a lógica da partida poderia ter sido totalmente alterada.

O destino, porém, já estava traçado: Carlos Alcaraz não vacilou nos últimos dois jogos do set, repetiu o 6-3 e venceu Daniil Medvedev em menos de duas horas para carimbar presença na segunda final de Grand Slam da carreira, defrontando Novak Djokovic na final de Wimbledon já no próximo domingo.