Resultados à parte, a história está feita: Portugal estreou-se no Campeonato do Mundo feminino, cruzando uma barreira que há muito era um entrave psicológico na modalidade e que abre inúmeras portas para o futuro. Este domingo, na Nova Zelândia, a Seleção Nacional de Ana Borges, Jéssica Silva, Kika e companhia deu o primeiro passo para que as próximas gerações possam continuar a caminhar.

A (re)Encarnação chegou tarde e não foi suficiente (a crónica do Países Baixos-Portugal)

A importância do momento ficou notória ainda durante o hino nacional, quando algumas jogadoras portuguesas não conseguiram conter as lágrimas de emoção — com destaque para Tatiana Pinto e Jéssica Silva, que estavam lado a lado e compartilhavam os olhos mareados e os lábios a tremer.

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Dentro de campo, Portugal perdeu com os Países Baixos graças a um golo de Van der Gragt ainda na primeira parte e complicou as contas do Grupo E, dependendo muito dos resultados das neerlandesas nas duas jornadas que restam. Depois da partida inaugural deste domingo, a Seleção Nacional vai agora enfrentar o Vietname já na próxima quinta-feira, dia 27 de julho (8h30), e os Estados Unidos, no dia 1 de agosto (8h).

Depois do jogo, na zona de entrevistas rápidas, Francisco Neto mostrou-se desiludido com o resultado mas satisfeito com a atitude das jogadoras. “Não sinto que tenham entrado ansiosas. Saio com uma sensação de muito orgulho, por elas, pelo que mostraram. Mostraram o porquê de se terem qualificado. A forma competitiva como disputam os jogos, sabendo que é um Mundial e que estamos a jogar contra uma das melhores equipas do mundo. Tivemos de sofrer, mas houve momentos em que estivemos por cima e criámos intranquilidade. Numa situação de bola parada acabámos por sofrer o golo, porque de resto há provavelmente uma situação de perigo para os Países Baixos”, começou por referir o selecionador nacional.

“Tivemos dificuldades em tirar a bola da zona de pressão, por mérito dos Países Baixos. Pressionaram-nos muito. Não vou comentar as inúmeras situações em que podíamos ter saído, mas a pressão mais agressiva não permitiu. Independentemente disso, é o jogo, temos de crescer e perceber onde não estivemos bem”, acrescentou, antes de abordar as possibilidades de apuramento para os oitavos de final.

“Não compromete a passagem. Há mais dois jogos, também não garantiria a passagem se o resultado fosse outro. Entrar a pontuar seria sempre muito melhor, mas o que há em jogo é o que depende só de nós. Temos mais dois jogos e acredito que, se formos competitivos, vamos chegar ao último dia a depender só de nós”, concluiu Francisco Neto.

Já Jéssica Silva, que foi titular e cumpriu os 90 minutos, reconheceu que este foi um jogo em que Portugal teve de “sofrer bastante”. “Sabíamos que íamos defrontar uma das melhores equipas do mundo. Para mim, é a grande candidata ao título. Não era o resultado que queríamos. Fica o espírito de entreajuda, que venha o próximo jogo. O Mundial não acabou, isto foi só um jogo. Não estamos felizes, mas temos de ir à procura de forças. Temos mais dois jogos, pelo menos, e queremos ganhar”, explicou a internacional portuguesa.

“Entrámos um bocadinho ansiosas, mas é normal. Foi o primeiro jogo, somos estreantes e foi difícil entrarmos em jogo. Na segunda parte, toda a gente percebeu a qualidade de Portugal. Metemos os Países Baixos no meio-campo deles. Podíamos ter feito golo, mas lá está… Elas venceram o jogo e nós temos de seguir em frente”, acrescentou, terminando com a ideia de que é necessário “aprender com os erros”.