O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) apelou esta quinta-feira aos deputados para que “saiam da discussão dos meios aéreos” e “do eucalipto”, considerando que estas questões não resolvem o problema dos incêndios florestais.

Na comissão parlamentar de Agricultura e Pescas, onde foi ouvido a propósito do relatório de atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais de 2022, Tiago Oliveira afirmou que “não são necessários tantos meios aéreos” para o combate aos incêndios florestais, sendo esta indicação técnica e do conhecimento.

No entanto, reconheceu que é difícil para o poder político “enfrentar uma maioria da população que quer mais meios aéreos”.

O presidente da AGIF, entidade que está na tutela do primeiro-ministro, pediu aos deputados para que “saiam da discussão do meio aéreo e da questão do eucalipto”.

“O discurso político de culpabilizar o eucalipto, na minha opinião, está completamente errado, o discurso político de dizer que isto se resolve com mais meios aéreos também está errado, porque sabemos que os meios aéreos não resolvem, encarecem. O fogo resolve-se no chão com as enxadas”, frisou.

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Tiago Oliveira insistiu que, “enquanto se estiver sempre a falar do eucalipto e dos meios aéreos, as questões de base não se resolvem”.

O mesmo responsável questionou também o facto dos “corpos de bombeiros receberem em função da área ardida”, considerando o “objetivo perverso”.

O presidente da AGIF sublinhou também que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”, sendo necessário balancear a prevenção e o combate.

Tiago Oliveira admitiu que ainda existem “incómodos” no país.

“Há um conjunto de resistências de natureza política, de distribuição de poder, de não cumprimento de procedimento de poderes, de dinheiros não verificados que têm de ser escalpelizados”, disse.

Questionado sobre o incêndio que deflagrou na terça-feira no concelho de Cascais, o presidente da AGIF respondeu que “do ponto de vista da proteção civil e do combate correu bem” e que “dificilmente podia ter outras consequências” devido às condições meteorológicas da humidade e vento que “estavam muito favoráveis”.

“Era uma situação gerível, houve coordenação e articulação. Cascais é dos municípios mais bem preparados para gerir situações daquela complexidade”, disse.