Apesar de ter uma equipa já eliminada, a verdade é que o Grupo B entrava na última jornada com praticamente tudo por decidir, já que Austrália, Canadá e Nigéria ainda podiam carimbar o apuramento para os oitavos de final. Australianas e canadianas defrontavam-se diretamente em Melbourne, sendo que as primeiras precisavam de vencer e que às segundas bastava um empate.

Ainda sem Sam Kerr, que estava no banco de suplentes mas continua limitada fisicamente e ainda não é opção para o selecionador Tony Gustavsson, a Austrália abriu o marcador ainda dentro dos 10 minutos iniciais e por intermédio de Hayley Raso, que atirou rasteiro na grande área para começar a colocar as australianas nos oitavos de final do Mundial. Já perto do intervalo — e após um golo anulado a Mary Fowler –, Raso voltou a aparecer na área e bisou para carimbar o apuramento.

Aos 28 anos, a médio assinou recentemente pelo Real Madrid depois de duas temporadas no Manchester City, onde conquistou uma Taça da Liga. Foi precisamente enquanto ainda estava nos citizens, em 2021, que Hayley Raso lançou um livro infantil: “Hayley’s Ribbon”, ou “A Fita de Hayley”, numa história inspirada pelos laços que a jogadora usa no cabelo durante os jogos e que se tornaram uma autêntica imagem de marca.

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Uma imagem de marca construída pela avó, Patricia, que é quem faz os laços de Hayley Raso utiliza. “Tornei-me conhecida por isso e agora até já é a minha imagem de marca. Liguei à minha avó para lhe contar sobre o livro e ela leu um pouco. Começou a chorar. Foi muito bonito”, contou a jogadora ao The Guardian, acrescentando que o livro é também dedicado ao irmão, Lachlan, que em 2015 foi submetido a uma cirurgia ao coração depois de ter nascido com uma malformação cardíaca.

Com os dois golos de Hayley Raso, outro de Mary Fowler já na segunda parte e um penálti de Stephanie Catley nos descontos, a Austrália goleou o Canadá e garantiu o apuramento para os oitavos de final, beneficiando do empate da Nigéria contra a Irlanda para terminar na liderança do Grupo B. As canadianas são eliminadas na fase de grupos do Mundial pela primeira vez desde 2011, sendo que em 2015 chegaram aos quartos de final, enquanto que as australianas carimbam a quarta edição consecutiva em que superam a ronda inicial.

A pérola

Como não podia deixar de ser, Hayley Raso. A médio natural do sul de Brisbane, uma das apostas do Real Madrid para a próxima temporada, tornou-se a goleadora de serviço na ausência de Sam Kerr e foi a heroína improvável de um jogo que era decisivo e onde a Austrália não vacilou.

O joker

Caitlin Foord é uma das figuras da Austrália e não desiludiu na fase de grupos, funcionando como autêntico equilíbrio de toda a equipa ao longo dos três jogos. A jogadora do Arsenal leva mais de 100 internacionalizações e tem uma experiência que, em encontros cruciais como o desta segunda-feira, permitem transmitir uma tranquilidade que tantas vezes é difícil de alcançar. Pelo meio, fez a assistência para o golo de Mary Fowler.

A sentença

Com a vitória alcançada frente ao Canadá e o empate da Nigéria contra a Irlanda, a Austrália terminou na liderança do Grupo B com seis pontos e vai cruzar com o segundo classificado do Grupo D, que ainda pode ser Inglaterra, Dinamarca ou China. As nigerianas encerraram a fase de grupos no segundo lugar, com cinco pontos, e vai defrontar o vencedor do Grupo D — que também poderão ser as inglesas, as dinamarquesas ou as chinesas. O Canadá ficou na terceira posição, com quatro pontos, e a Irlanda terminou no quarto lugar, com apenas um ponto conquistado.

A mentira

A Austrália não é dependente de Sam Kerr. A avançada do Chelsea lesionou-se antes da estreia contra a Irlanda, ficou desde logo afastada dos dois primeiros jogos mas também não foi utilizada no terceiro, esta segunda-feira, prolongando-se a dúvida sobre se vai conseguir participar no Campeonato do Mundo. Ainda assim, e tal como ficou notório, a seleção australiana consegue sobreviver sem Sam Kerr e tem alternativas na hora de chegar perto da baliza.