Há dados estatísticos que podem parecer apenas um mero número mas que são mais do que isso. Alguns exemplos práticos no final da terceira jornada: o FC Porto esteve mais tempo a perder do que a ganhar no Campeonato (54-52); Diogo Costa, internacional português e um dos grandes esteios dos azuis e brancos, tem mais golos sofridos do que defesas ao longo de 270 minutos (3-2); Marcano decidiu pela segunda vez nos descontos para reforçar o estatuto de defesa mais goleador da história dos azuis e brancos. No entanto, os números podem não passar apenas disso e Pepe é um caso óbvio de como o CC pode “enganar”.

Gonçalo Borges, o funcionário do mês que traz crédito do banco para ir aos descontos (a crónica do Rio Ave-FC Porto)

Castigado nas duas primeiras jornadas da Liga ainda pela expulsão na final da Supertaça frente ao Benfica, o central fez a estreia na prova em Vila do Conde e, ao ser titular ao lado de Marcano no centro da defesa, teve mais um recorde de longevidade que fica na história: tornou-se o jogador de campo mais velho no século XXI e terceiro mais velho de sempre a jogar no Campeonato, com 40 anos e seis meses. O central voltou a assumir a braçadeira de capitão dos azuis e brancos, sendo muitas vezes uma extensão daquilo que iam sendo as ideias da equipa técnica de Sérgio Conceição transmitidas por Vítor Bruno no banco.

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No final, Pepe ficou a festejar mais um triunfo nos descontos e foi o primeiro a puxar os companheiros para a zona onde estavam concentrados os adeptos azuis e brancos nos Arcos, num ambiente de comunhão a assinalar a terceira vitória por 2-1 dos dragões no Campeonato e o 12.º sucesso consecutivo da equipa na prova contando com a série que teve início ainda na última temporada. Tudo graças a mais um golo de Iván Marcano, que entre os oito golos decisivos pelos portistas apontou quatro no período de descontos.

Sim, outra vez aqui [como Homem do Jogo]… Foi um jogo bem conseguido da nossa parte, eles só tiveram uma ocasião de golo e nós várias. Depois nos descontos demos a volta, foi difícil. A chave foi sermos persistentes. As coisas não estavam a correr bem mas tivemos confiança e isso foi o mais importante”, comentou o espanhol na flash interview da SportTV.

Também Gonçalo Borges, jovem formado no clube que voltou a ser o motor da reviravolta portista saindo do banco, passou pela zona de entrevistas rápidas e deu a sua visão sobre o lance que originou o penálti do 1-1 (já depois de Costinha, defesa do Rio Ave, ter colocado em causa a falta sobre o extremo). “Faz parte do jogo. Disse-me que não me tocou e obviamente que tocou. Já sabemos como funciona dentro de área, quando toca dá sempre para criar alguma coisa. Neste caso, tocou mesmo para cair. Ganhámos o penálti que foi importante na reviravolta”, referiu. “Foi uma vitória complicada, sabemos que é um campo difícil. Estivemos por cima na primeira parte, podíamos ter feito o nosso golinho mas não aconteceu. Quanto a mim, é verdade, no outro jogo entrei bem, neste também. Entro sempre com a mesma vontade. Tento ser eu mesmo para ajudar os meus colegas como puder. Com golos, assistências, jogadas. Conseguimos a vitória. Sinto-me mais confiante, é o segundo ano aqui na equipa A. Sinto-me cada vez a abraçar melhor o que sou”.

Por fim, também Vítor Bruno, adjunto do FC Porto, passou pela flash interview da SportTV para responder a uma pergunta sobre a partida. “A crença acaba por ser o traço identitário principal da equipa. Foi um jogo com um grau de dificuldade elevado, pelo que aconteceu no ano passado. A equipa técnica do Rio Ave montou bem a  equipa, usou um disfarce tático-estratégico com mais um elemento no meio-campo. Procurámos controlar aquele espaço no campo. Tivemos muito volume ofensivo na primeira parte. Se o campo tivesse 85 ou 90 metros se calhar estávamos a ganhar 3-0 ou 4-0 ao intervalo. Faltou ser mais calculista e meter a bola na baliza. O resultado ao intervalo era injusto”, começou por comentar.

“A segunda parte abre com o único remate enquadrado do Rio Ave à baliza e que dá golo. A equipa foi percebendo as nossas intenções do ponto de vista estratégico. Os jogadores conseguem perceber rápido o que queremos, porque durante a semana antecipamos muitos critérios e procuramos trabalhá-los ao mais ínfimo detalhe. Quem entrou acrescentou muito e isso é um segredo da nossa equipa. Saber lidar com a adversidade em jogos anteriores permite-nos em determinados momentos ser quase um mecanismo para gerar sucesso quando estamos a perder. Aconteceu em Moreira [de Cónegos] e com o Farense. Ganhámos bem, com algum sofrimento, mas a vitória assenta perfeitamente pelo que fizemos. Não quero dizer que seria mais avolumada, mas é claramente merecida e ninguém o pode negar”, acrescentou Vítor Bruno.