A chefe de departamento do mercado de capitais da Sonangol, a petrolífera estatal angolana, disse esta sexta-feira que o mercado financeiro nacional tem espaço para crescer, mas é preciso maior flexibilidade para as empresas captarem fundos.

Denise Jacinto, que representou a petrolífera no processo de emissão de 7,5 milhões de obrigações no montante de 75 mil milhões de kwanzas (84,2 milhões de euros), que representa 2% das necessidades de financiamento da empresa, falava à imprensa no final da cerimónia de admissão à negociação no mercado de bolsa de obrigações privadas da empresa.

A Sonangol tem feito aquisição de financiamentos a nível da banca internacional, esta foi a primeira vez em termos de obrigações a nível da banca local. Podemos dizer que o balanço é positivo e o trabalho em equipa foi fundamental para o sucesso desta operação”, frisou.

De acordo com Denise Jacinto, o processo permitiu verificar que a Sonangol está preparada para a procura de capital em bolsa, salientando que um dos desafios teve a ver com o reporte financeiro da empresa, que atualmente tem uma periodicidade anual, mas há necessidade de o tornar trimestral, um dos requisitos para a Oferta Pública Inicial (OPI), ou seja a dispersão de capital em bolsa.

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Para Denise Jacinto, o mercado financeiro angolano ainda tem muito para crescer, mas é preciso flexibilidade para a captação de fundos, como acontece nos mercados internacionais.

Precisamos de ter aqui um regulamento mais maleável em relação ao mercado financeiro internacional. Sentimos nesse processo que o rigor acaba por ser maior aqui no nosso país, em termos daquilo que são as exigências. Lá fora os nossos parceiros acabam por ser mais flexíveis em perceber que a Sonangol é uma empresa pública”, referiu.

“Por exemplo, em termos de reporte financeiro, pese embora eles precisem dos nossos reportes anuais atempadamente, conseguem perceber que não é um processo fácil por ser uma empresa pública”, adiantou.

A maior parte das operações da Sonangol são em dólares, informou a responsável, por isso a empresa vai continuar a depender maioritariamente do mercado financeiro internacional.

A Sonangol emitiu 7,5 milhões de obrigações, no valor de 75 mil milhões de kwanzas (84,2 milhões de euros) com uma taxa de 17,5% ao ano e uma maturidade de cinco anos, com o objetivo principal de financiar as suas operações e projetos.

Na sua intervenção, o administrador executivo da Sonangol, Joaquim Fernandes, disse que o processo foi desafiante porque “foi necessário adotar estratégias para responder às exigências do regulador”, considerando o momento “um marco muito importante para a Sonangol e para o mercado de capitais nacional”.

“Os resultados acima do esperado são um claro indicador da confiança do mercado na Sonangol pela sua capacidade de honrar os seus compromissos financeiros e estamos comprometidos em manter altos padrões de governança corporativa e transparência para garantir que os nossos investidores continuem a confiar em nós”, afirmou.