A visita do Newcastle ao AC Milan tinha um único protagonista: Sandro Tonali. Na reta final de um verão em que deixou os italianos e assinou pelos ingleses, quis o destino que o médio de 23 anos reencontrasse a equipa onde passou as últimas três temporadas, conquistou a Serie A e se tornou um dos mais promissores jogadores da nova geração. 70 milhões de euros depois, Tonali estava de regresso a Milão.

“São emoções muito fortes, porque o AC Milan é o meu clube. Deram-me a oportunidade de crescer. Mas claro que, dentro do jogo, tudo se torna diferente. Não terei problemas na hora de gerir a situação, mesmo com o estádio cheio e os meus antigos colegas do outro lado. Estou à espera de um grande jogo, intenso, bem disputado e duro para as duas equipas”, disse o italiano antes da partida, acrescentando que está a conseguir adaptar-se melhor à vida em Inglaterra depois de ter tido algumas dificuldades nas primeiras semanas.

Assim, esta terça-feira, a Liga dos Campeões 2023/24 arrancava em San Siro ao final da tarde. De um lado, um clube que já foi campeão europeu em sete ocasiões; do outro, um clube que estava de regresso à principal competição europeia depois de 20 anos de ausência. Ainda assim, os momentos atuais das duas equipas eram distintos: o AC Milan foi goleado pelo Inter Milão no fim de semana, com Stefano Pioli a chamar Zlatan Ibrahimovic ao treino para o avançado sueco tentar motivar os antigos companheiros, enquanto que o Newcastle vinha de uma vitória perante o Brentford e vivia a motivação clara de estar de volta a Champions.

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“Nunca fui a um jogo da Liga dos Campeões. Estou sempre muito ocupado a trabalhar. Amanhã será um momento de grande orgulho”, disse Eddie Howe, treinador dos magpies que passou grande parte da carreira no Bournemouth, numa declaração que sublinhava a inexperiência da equipa inglesa nos principais palcos da Europa.

Em Milão, Pioli lançava Loftus-Cheek, Krunic e Pobega no meio-campo, com Chukwueze, Giroud e Rafael Leão no ataque, e deixava Pulisic na condição de suplente. Howe surpreendia ao deixar Miguel Almirón no banco, com Tonali, Bruno Guimarães e Longstaff no setor intermédio, e Anthony Gordon e Jacob Murphy surgiam no apoio a Isak, com Callum Wilson a ser preterido em relação ao avançado sueco.

O jogo chegou ao intervalo ainda sem golos e com uma superioridade clara por parte do AC Milan, que colocou o guarda-redes Nick Pope à prova em diversas ocasiões. O guardião do Newcastle negou o golo a Pobega e Chukwueze no mesmo lance (13′), defendeu um remate de Giroud logo depois (14′), parou um pontapé de longe de Krunic (18′) e ainda viu Rafael Leão atrapalhar-se sozinho na grande área enquanto tentava uma finalização de calcanhar depois de fintar vários adversários (33′). Pope segurou o nulo no melhor momento dos italianos e os ingleses acabaram por conseguir equilibrar o jogo na ponta final da primeira parte, com Jacob Murphy a ter ainda um remate ao lado (41′).

Stefano Pioli decidiu mexer logo ao intervalo, trocando Calabria por Florenzi na ala direita, e fez mais duas substituições à passagem da hora de jogo para lançar Pulisic e Reijnders. A segunda parte foi mais pobre em oportunidades e bom futebol, com o AC Milan a ter menos argumentos para chegar à baliza de Nick Pope e o Newcastle a conseguir controlar as investidas italianas, e Eddie Howe decidiu refrescar a equipa com as entradas de Wilson e Almirón.

Reijnders teve uma das únicas situações de perigo da segunda parte, ao rematar para defesa de Pope (64′), e Leão voltou a ficar perto do golo com um cabeceamento por cima na sequência de um cruzamento de Florenzi (74′). Tonali foi substituído no último quarto de hora, motivando uma reação efusiva e acolhedora por parte dos adeptos do AC Milan, e o jogo foi caminhando para o apito final com a ideia clara de que os italianos só podiam criticar a própria ausência de eficácia.

Pioli ainda foi forçado a mudar de guarda-redes nos últimos minutos, quando Mike Maignan se lesionou, mas já nada se alterou até ao fim – sendo que a última oportunidade foi dos ingleses, foi Elliot Anderson a obrigar o recém-entrado Sportiello a uma boa defesa (90+5′). AC Milan e Newcastle empataram a zeros em San Siro, num resultado que é bem mais favorável para os magpies do que para os italianos no contexto do Grupo F, o “grupo da morte” onde o Borussia Dortmund visita o PSG em Paris ainda esta terça-feira.