A OCDE subiu esta terça-feira para 3% a previsão de crescimento mundial para este ano, mas baixou a previsão para 2024, advertindo que a atividade continuará a ser afetada pela inflação e pelas taxas de juro elevadas no próximo ano.
“O efeito da política monetária restritiva está a tornar-se cada vez mais visível”, constata a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) no seu relatório trimestral sobre as perspetivas de crescimento mundial e de inflação, no qual baixa a sua previsão de crescimento para 2024 para 2,7% (-0,2 pontos).
Consequentemente, “a confiança das empresas e dos consumidores está a baixar”, acrescenta a instituição sediada em Paris no seu relatório intitulado “Enfrentar a inflação e o fraco crescimento”.
Há mais de 18 meses que os bancos centrais de todo o mundo estão empenhados em aumentar acentuadamente as taxas de juro para travar a inflação reacendida pela pandemia e pela guerra na Ucrânia.
Um dos principais fatores que influenciam o crescimento global tem sido o aumento das taxas de juro na maioria dos principais países desde o início de 2022″, continua a OCDE no relatório.
No entanto, este crescimento será ligeiramente melhor do que o previsto anteriormente, com uma previsão de crescimento internacional de 3%, mais 0,3 pontos do que as previsões de junho.
Este valor foi impulsionado por vários países, nomeadamente os Estados Unidos, que poderão registar um crescimento de 2,2%, mais 0,6 pontos do que em junho, na sequência de um segundo trimestre forte.
Os principais países emergentes estão também a impulsionar a atividade económica mundial: o Brasil deverá crescer 3,2% (+1,5 pontos), a Índia 6,3% (+0,3 pontos), a Rússia 0,8% (+2,3 pontos) e a África do Sul 0,6% (+0,3 pontos).
Entre os países dos “Brics”, apenas as perspetivas da China foram revistas em baixa, para 5,1%, uma descida de 0,3 pontos.
Em contrapartida, na zona euro, “onde a procura já é moderada”, segundo a OCDE, o crescimento deverá ser de 0,6% este ano, menos 0,3 pontos do que em junho, com o peso da Alemanha, que poderá entrar em recessão, e da Itália, cuja previsão foi reduzida em 0,4 pontos, para 0,8%.
A zona euro deverá, no entanto, recuperar para um crescimento de 1,1% em 2024, “à medida que o impacto negativo da inflação elevada sobre os rendimentos se for dissipando”, nota a OCDE.