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"The Super Models": como elas mudaram a moda

Este artigo tem mais de 6 meses

Linda Evangelista, Cindy Crawford, Naomi Campbell e Christy Turlington protagonizam um documentário em quatro partes sobre os bastidores de uma época decisiva para a história da moda. Na Apple TV+.

os muitos designers, fotógrafos e especialistas que complementam a narrativa são apenas o condimento para o prato principal – o carisma com que as quatro modelos contam as suas marcantes e marcadas memórias
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os muitos designers, fotógrafos e especialistas que complementam a narrativa são apenas o condimento para o prato principal – o carisma com que as quatro modelos contam as suas marcantes e marcadas memórias

os muitos designers, fotógrafos e especialistas que complementam a narrativa são apenas o condimento para o prato principal – o carisma com que as quatro modelos contam as suas marcantes e marcadas memórias

Estreia-se esta quarta-feira (coincidindo com a semana da Moda de Milão) no serviço de streaming Apple TV+ a mini-série documental The Super Models em simétricas quatro partes como as suas tantas protagonistas. Realizado pela dupla Larissa Bills e Roger Ross Williams (este vencedor de um Óscar pela curta documental Music by Prudence em 2010 e nomeado pela longa Life, Animated em 2017) é um olhar fascinante pela vida e carreira de quatro poderosas mulheres que mudaram para sempre a indústria da Moda – Cindy Crawford, Christy Turlington, Naomi Campbell e Linda Evangelista.

O facto do quarteto estar também creditado na produção executiva (juntamente com a influente dupla Ron Howard e Brian Grazer) certamente lhes terá dado alguma proteção na abordagem de alguns temas mais polémicos das suas carreiras mas o reverso dessa medalha é o acesso cândido e pessoal que as quatro demonstram frente à câmara, desde as suas origens na indústria até pontos sensíveis das suas vidas pessoais.

Os primeiros dois episódios (The Fame e The Look) são relativamente frescos e animados, com os realizadores a utilizarem depoimentos das quatro mulheres, hoje com mais de cinquenta anos, a relembrar como foram descobertas e a sua ascensão no mundo da moda, todas ainda adolescentes – não deixando de causar algum desconforto a maneira como eram tratadas e observadas naquela idade. A mistura destas entrevistas com excertos de backstage, televisão e músicas da época consegue pintar um retrato nostálgico da segunda metade dos anos oitenta e primeira dos noventa (com referências ao surgimento do hip-hop e a existência do Concord que alguns mais novos terão de googlar) e de como elas elevaram a profissão de modelo para um estatuto de estrelas na sociedade.

[o trailer de “The Super Models”:]

Sociedade que é de certa forma o que Cindy, Christy, Naomi e Linda acabaram por formar, para benefício mútuo de todas. Apesar das suas origens diversas, ditaram as circunstâncias que as quatro “rebentassem” no meio ao mesmo tempo, criando uma amizade e cumplicidade que dura até aos dias de hoje. Quando Naomi, negra, viu alguns clientes de grande perfil não a chamarem para trabalhar, as suas colegas deixaram claro que sem Naomi também não deveriam contar com elas, pondo pressão numa indústria sistemicamente racista para mudar. O auge desta ascensão coletiva e uma das histórias mais interessantes do documentário é a sua participação no famoso teledisco de Freedom de George Michael, realizado (e com direito a depoimento) pelo hoje célebre David Fincher.

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A presença de virtualmente todos os nomes ilustres do mundo da moda é outra das mais valias da série, quer em entrevistas exclusivas quer em imagens de arquivo raras, mesmo os mais leigos neste universo reconhecem figuras como Calvin Klein, Vivienne Westwood, Donna Karen ou Marc Jacobs que ajudam a ilustrar o perfil das protagonistas. Ainda assim, os muitos designers, fotógrafos e especialistas que complementam a narrativa são apenas o condimento para o prato principal – o carisma com que as quatro modelos contam as suas marcantes e marcadas memórias.

No entanto, é na segunda metade da série que esta se revela mais substancial. O terceiro episódio (intitulado The Power) é uma análise interessante ao carácter reflexivo do seu tempo e do carácter cíclico da moda e como o avançar dos anos noventa se afirmou num estilo de roupa mais casual e menos esplêndido (como a que as casas de alta costura vendiam) e mesmo numa atitude de rebeldia e rejeição dos valores de ostentação, que as Super Modelos, de certa forma, também representavam. Com as revelações de Linda Evangelista sobre agressões pelo seu ex-marido – anos mais tarde acusado de abusar de várias outras mulheres – o documentário abre a porta para o seu último e mais forte episódio. The Legacy, como o nome indica, coloca o espetador e suas protagonistas no presente a olhar para trás e sobre o que fica de uma vida.

"The Super Models" conta a poderosa história de quatro mulheres que sabiamente decidiram que a união faz a força e transformaram uma indústria em constante evolução, abrindo portas – e passadeiras – para nomes que lhes seguiriam as pisadas anos depois

As quatro mulheres expõem os seus problemas mais pessoais – sobretudo de saúde tanto física como mental, bem como alguns temas públicos como a adição a substâncias. Linda Evangelista tem especial destaque e força neste episódio, ela a quem foi diagnosticado um cancro e que lida ainda com as sequelas graves de um tratamento estético mal executado e que só muito recentemente aceitou sair da sua esfera mais íntima e voltar ao ativo. É bonito ouvi-las confiantes e bem resolvidas numa indústria que tem pouco pudor em descartar pessoas pela idade ou pela mínima “imperfeição”, tendo em conta padrões arbitrários de beleza.

No final de contas, The Super Models conta a poderosa história de quatro mulheres que sabiamente decidiram que a união faz a força e transformaram uma indústria em constante evolução, abrindo portas – e passadeiras – para nomes que lhes seguiriam as pisadas anos depois como Kate Moss, Gisele Bündchen ou Sara Sampaio. A certa altura, uma entrevistada repara como o termo “manequim” é o mesmo que é usado para o objeto inanimado que demonstra a roupa numa loja e é esta geração (a que também pertence Claudia Schiffer, apenas brevemente mencionada) que catapulta a classe profissional para a fama e fortuna – nas palavras infames da própria Linda nos anos noventa :“Não me levanto da cama por menos de dez mil dólares”.

Como um The Last Dance (documentário da Netflix sobre Michael Jordan) fez pela NBA, também The Super Models dirá mais a quem já for fascinado pelo universo que observa, mas há aqui sumo suficiente para conquistar o mais mal maltrapilho dos espectadores com sede de boa – e inspiradora — televisão.

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