As comparações entre o número de vitórias do Benfica e do Chelsea desde que Enzo Fernández saiu ainda em janeiro para Londres são quase um clássico, mais recentemente o número de oportunidades falhadas na área também foram ganhando protagonismo nas redes, agora no final do mês de setembro as apostas centravam-se na capacidade que os blues teriam de marcar ainda frente ao Brighton num encontro para a Taça da Liga para não chegarem a outubro sem ter sequer um golo para amostra na escolha do Golo do Mês dos adeptos. Demorou mas foi: já na segunda parte, Nicolas Jackson, uma das contratações mais caras da temporada e que começava a deixar os adeptos impacientes, furou esse bloqueio e deu até a vitória à equipa. Contudo, a má campanha na Premier League mantinha-se, com apenas uma vitória e cinco pontos em seis jogos como não acontecia desde os anos 70. Era isso também que o Chelsea queria travar num dérbi de Londres.

Com várias baixas entre lesões e castigos, Mauricio Pochettino tinha noção da importância do encontro fora com o Fulham de Marco Silva, não só pela necessidade de aproveitar um jogo mais conseguido como o que fizera na Taça da Liga mas também pela vontade de inverter o atual rumo que valeu por exemplo a saída de Graham Potter ou Frank Lampard. Para isso, continuava a defender até ao limite todos os atletas, incluindo os mais criticados apesar de terem custado uma fortuna, como foi o caso do ucraniano Mudryk.

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“O problema da confiança é que não se pode comprá-la num supermercado. Sabem como funciona o cérebro, trata-se de gerar, pouco a pouco, situações que possam trazer confiança. Um exemplo: com o Mudryk, gosto de jogar aos remates à barra de fora da área. Hoje ele disse-me: ‘Não vou jogar mais contigo porque ganhas sempre’. Eu respondi-lhe: ‘Sim, porque acredito’. Conheço muito bem o equilíbrio entre crença e qualidade, porque tenho 50 anos e tu ainda és jovem. Ainda é preciso conhecermo-nos a nós próprios. Agora foi a primeira vez que empatámos…”, contara o técnico na semana passada. “A vida destes rapazes muda muito quando são novos. Tudo passa por uma questão de adaptação, de sentir-se confortável na nova realidade. Se estes rapazes conseguirem sentir-se confortáveis, vão expressar o seu talento”, acrescentara agora.

Era entre a psicologia com os jogadores e a tentativa de assentar uma verdadeira ideia de jogo dentro de um sistema tático que pode ir variando, o técnico argentino recorria a tudo para inverter a situação atual dos blues incluindo um “costume” que já tinha no Tottenham: uma caixa de limões no seu gabinete, que é substituída de dez em dez dias ou até menos (para não ser contaminado por más vibrações), numa crença que, como explicou o The Athletic, leva à letra a simbologia de um fruto que pode ajudar à inspiração, ao crescimento interior e à atração da sorte. Verdade ou não, houve a dose cerca de sumo em Craven Cottage.

Depois de uma entrada a todo o gás, o Chelsea necessitou de pouco mais de um minuto para passar de um nulo que não merecia para uma vantagem de dois golos. Numa primeira instância, Mudryk surgiu isolado na área frente a Bernd Leno e conseguiu o desvio para inaugurar o marcador, fazendo aquele que foi o primeiro golo desde que chegou a Inglaterra à 24.ª partida; logo de seguida, Armando Broja, que voltou a ser titular depois de uma longa ausência por lesão (esta temporada tinha somente 14 minutos de utilização), aproveitou um erro de Tim Ream, insistiu e acabou por desviar uma tentativa de alívio do central para a baliza (18′ e 19′). É certo que o Fulham melhorou no segundo tempo mas o resultado não mais voltaria a mexer, entre intervenções importantes de Robert Sánchez e uma bola no poste dos blues por Cole Palmer, sendo que a noite não foi perfeita pelo choque entre William e Caicedo que deixou o médio em dificuldades…