Depois de um fim de semana de sonho, uma semana de pesadelo. O Manchester City baixou as expetativas a nível de reconquista do título depois do empate sem golos no Etihad frente ao Arsenal mas um domingo de derrotas surpreendentes dos gunners com o Aston Villa e do Liverpool diante do Crystal Palace colocou de novo os citizens no topo da Premier League a depender apenas de si para a vitória no Campeonato. Todavia, a euforia durou pouco: num encontro entre as duas melhores equipas no plano europeu, o Real Madrid vingou a derrota da última temporada em Inglaterra e deixou o conjunto de Pep Guardiola fora da Champions. Em desvantagem no marcador desde cedo, Kevin de Bruyne e companhia deixaram os merengues encostados à sua área, tiveram inúmeras oportunidades de golo, jogaram melhor mas acabaram por perder.

Pois é, Bernardo, eles são os reis da Europa: Real Madrid vence Manchester City nos penáltis e elimina campeão europeu

Mais do que a hipótese frustrada do treble, a forma como a equipa caiu nos quartos da Liga dos Campeões ia sempre deixar a sua marca. Uma marca em Kevin de Bruyne, que fez o melhor encontro desde o regresso na sequência de lesão mas falhou a reviravolta. Uma marca em Bernardo Silva, que voltou a ser fulcral no jogo do City mas desperdiçou uma das grandes penalidades. Uma marca em Erling Haaland, que continua a ser o melhor marcador mas voltou a ficar em branco. Uma marca sobretudo coletiva, de um conjunto que ia vendo a época fugir-lhe entre os dedos, voltou a ter tudo na mão mas acabou por ceder no primeiro grande objetivo que determinaria a equipa que a partir das meias seria favorita à conquista do título europeu.

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Não podemos ficar a lamentar-nos, não podemos ter pena de nós próprios. Demos o máximo mas não conseguimos ganhar. Não temos tempo para refletir sobre isso, talvez durante o verão. Pensavam que esta época íamos fazer de novo o treble? E outro na próxima época? E que iríamos vencer a Premier com 20 pontos de avanço? Isso não acontecerá…”, referira Guardiola.

Depois, uma questão de calendário. Qualquer que fosse o resultado não haveria tempo para respirar porque o Manchester City teria pela frente este sábado a meia-final da Taça de Inglaterra mas encarar a partida diante do Chelsea, contra quem empatara os dois encontros feitos na presente temporada para a Premier, com os índices anímicos em baixo era uma dificuldade extra em forma de desafio para o (apesar de tudo) ainda campeão europeu em título. No final do jogo, se existe essa coisa de justiça divina, a mesma sorriu a Bernardo Silva: no seguimento do penálti falhado que levantou muitas críticas pela forma como bateu à figura de Lunin e de dias em que se voltou a falar muito de uma possível saída no final da época, o português nunca desligou da partida apesar de não estar a ter uma tarde feliz e acabou a fazer o golo da vitória em Wembley que colocou de novo os citizens na final da prova, frente a Manchester United ou Coventry.

A imagem que imperou na primeira parte foi a de um Manchester City “abatido”. Com as saídas de Ederson, Rúben Dias, Gvardiol e Haaland (com um pequeno problema muscular) e as entradas de Ortega, Nathan Aké, John Stones e Julian Álvarez, a formação de Pep Guardiola ainda teve uma oportunidade clara de golo, num passe fantástico de Kevin de Bruyne a isolar Phil Foden antes de uma finta que saiu mais longa e não deu depois margem para o remate para a baliza, mas nunca conseguiu mostrar aquela melhor versão que consegue ter com e sem bola entre o mérito de um Chelsea que jogou a um nível acima do nono lugar que ocupa na Premier e podia ter chegado ao intervalo em vantagem numa jogada em que Nicolas Jackson adiantou em demasia a bola na área e num remate de Cole Palmer para grande defesa de Ortega (37′).

O segundo tempo começou com as câmaras a apontarem com especial interesse em Didier Dogba, avançado que estava nas bancadas para ver a sua antiga equipa londrina. Percebeu-se porquê: em dois momentos da mesma jogada, Nicolas Jackson teve nos pés a oportunidade de inaugurar o marcador isolado com Oretega a travar as duas tentativas (49′). Logo de seguida, Phil Foden receber de Kevin De Bruyne e obrigou Petrovic à primeira grande defesa do jogo. O encontro “acordava” da monotonia, com as duas equipas apostadas em chegarem ao 1-0 que iria mudar por completo o rumo até ao final e um lance polémico com uma mão de Grealish na área após livre de Cole Palmer que não deu penálti. Guardiola lançou Doku no jogo e foi aí que começou a ganhar outro peso em termos ofensivos, confirmado de forma inglória para o Chelsea a seis minutos do final quando Bernardo Silva aproveitou um ressalto na área e rematou para o 1-0.